Peter olha pela janela e vê as ruas cobertas de neve, uma oportunidade incrível para brincar. Ele se agasalha e corre porta afora para explorar o mundo branco e macio.

Escala montes, marca suas pegadas, deita no chão, move os braços e as pernas desenhando a silhueta de um anjo, se diverte! Mas antes de voltar para casa ele tem uma ideia que lhe parece engenhosa: faz uma bola de neve e guarda no bolso do casaco, para brincar no dia seguinte.

O responsável por esse clássico é o americano Ezra Jack Keats, que cresceu no Brooklyn e fez o protagonista de “Um dia de neve” inspirado num recorte em preto e branco da revista Life de 1940.

Na imagem se via um garotinho negro, bem pequeno, com uma expressão curiosa logo após tomar uma vacina. O personagem Peter, inspirado no menino da foto se tornou figura frequente nos livros de Ezra.

O autor foi, inclusive, um dos primeiros artistas a representar uma criança negra na literatura infantil norte-americana.

Segundo ele próprio a narrativa vem das histórias que ele ouvia: “Amigos contavam empolgados sobre as coisas que eles faziam na neve quando eram pequenos, outros sugeriram nuances na trama ou uma mudança de palavra aqui e ali. Todos nós queríamos muito ver o pequeno Peter caminhar por aquelas páginas, experimentando, na pureza e inocência da infância, a alegria da primeira neve”.

O que faz de “Um dia na neve” um livro clássico é o fato dele ser tão querido pelas crianças. A ponto de ser o campeão de empréstimos na Biblioteca Pública de Nova York. O mais solicitado nos 125 anos de existência da biblioteca, contabilizando cerca de meio milhão de leituras.

Já imaginou? Quanta gente levou essa história para casa e fez dela respaldo para a própria imaginação! Um valioso conto publicado pela Companhia das Letrinhas.

Vanessa Marconato Negrão é professora e apaixonada pela literatura infantil