Buscar no Cruzeiro

Buscar

Vacinas são seguras e evitam proliferação de doenças fatais

04 de Julho de 2018 às 17:36

A baixa procura por vacinas na rede pública fica evidente durante as campanhas de imunização contra a gripe, ocasião em que a cidade tem dificuldade de atingir as metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Uma das hipóteses levantadas pelos especialistas é que há pessoas que acreditam existir riscos para a saúde de quem é vacinado. Atualmente, os Estados de Amazonas e Roraima, no norte do Brasil, enfrentam um surto de sarampo.

Diante desse cenário, o médico infectologista Fernando José Góes Ruiz, que também professor de Infectologia na Universidade Pontifícia Católica (PUC) São Paulo, e atua no Hospital Evangélico, atenta sobre a importância das vacinas, e recomenda à comunidade buscar informações sempre com fonte segura para não se basear em boatos.

Médico Fernando Ruiz - ERICK PINHEIRO / ARQUIVO JCS (20/2/2018)Médico Fernando Ruiz - ERICK PINHEIRO / ARQUIVO JCS (20/2/2018)

Se as vacinas forem utilizadas em toda a população, podem levar essa prevenção ao nível de erradicação de diversas doenças. Para dimensionar a importância da vacinação, o infectologista Fernando Ruiz lembra que as vacinas foram desenvolvidas para prevenir as doenças transmissíveis, e que isso vem desde o século 18, quando se criou a prevenção da varíola, hoje erradicada mundialmente, sendo o vírus mantido em laboratórios de biossegurança apenas.

Ruiz lamenta que doenças hoje controladas estão sob risco de ressurgir, como a poliomielite, cuja cobertura vacinal tem sido muito baixa em várias cidades e regiões do Brasil, e reforça que de maneira geral, as vacinas são muito seguras e eficazes.

O infectologista informa ainda que uma vacina colocada em uso clínico tem níveis de proteção acima de 90% e reações adversas abaixo de 1%, destacando ainda que "hoje dispomos de vacinas bastante seguras para doenças antes muito perigosas, como meningite e pneumonia, baixando sensivelmente a ocorrência dessas moléstias em indivíduos previamente vacinados".

Indicações específicas

Entretanto, Fernando Ruiz explica que para cada vacina existem indicações específicas, inclusive em função de idade e grau de exposição. Ele explica que algumas são de vírus vivo atenuado, outras de componentes dos agentes infecciosos e assim por diante, e que algumas vacinas devem ser usadas apenas em determinadas faixas etárias. Para isso, conforme destaca, existe um programa de imunização do Ministério da Saúde que é seguido nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) a partir do nascimento de cada indivíduo. São vacinas aplicadas desde a Maternidade até a terceira idade. É muito importante que todas as pessoas atualizem sua carteira de imunização periodicamente e de acordo com as datas programadas por quem as orienta.

A respeito da baixa procura por imunização por conta do medo de ficar doente ou mesmo morrer, o infectologista observa que vivenciamos uma época de informação rápida e fácil, nem sempre confiável. Nesse sentido, ele demonstra preocupação pelo fato de que o ano começou com enfrentamento da febre amarela, cuja mortalidade na forma grave é elevada (36% a 45%) mas podendo ser evitada pela vacina, que é de vírus vivo atenuado. Essa vacina tem 0,004% de eventos adversos graves, que pode até levar a óbito. Entretanto, conforme relembra, "percebeu-se se um pânico inicial, quando não havia vacinas suficientes para todos e, muito rapidamente, uma faixa enorme da população que evita tomar a vacina por medo." Ele acrescenta que "a cobertura vacinal atual é insuficiente para manter a febre amarela fora dos centros urbanos, daí a preocupação da comunidade científica, e que passando do verão para o outono, vem a necessidade da imunização contra o Influenza, vírus que causa a gripe, e que neste ano já matou 15 pessoas na região.

Também visando desmitificar que quem toma a vacina da gripe ficará doente, Fernando Ruiz afirma que a vacina é segura, tem pouquíssimos eventos adversos, sempre leves, mas que mesmo assim os esforços contínuos de prorrogar o tempo de imunização, ampliar as indicações e faixas etárias têm se mostrado pouco eficazes.

Fernando Ruiz também destaca que "seria importante que as pessoas buscassem sempre fontes de informação seguras, idôneas e não usassem boatos e inverdades para nortear suas próprias atitudes"