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Testes terminam e rua da Penha volta ao normal

26 de Março de 2019 às 00:29
Ana Claudia Martins [email protected]

Cones foram retirados e coberta a pintura verde; o trânsito voltou ao normal. Crédito da Foto: Emídio Marques

A fase de testes do alargamento das calçadas da rua da Penha, no centro de Sorocaba, em um trecho de 255 metros de extensão que abarcava os cruzamentos com as ruas Miranda de Azevedo, Padre Luiz e Coronel Benedito Pires, terminou no sábado (23), para alívio dos comerciantes locais. Na manhã de segunda (25), usuários da rua foram surpreendidos com a remoção da pintura verde e dos cones que, colocados no trecho, marcavam o limite das “novas” calçadas.

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Segundo release da Prefeitura, “uma média de 22,6%” dos pedestres que passaram pelo trecho usaram a “via estendida (faixa verde). Os dados foram obtidos em sistemas de contagem manual. Na contagem eletrônica, a média diária de pedestres que passou somente na área de ampliação é de 1.485, quase um terço do número médio das pessoas que circularam pela calçada, contabilizado em 4.950”.

A Prefeitura afirma ainda que a Urbes está elaborando um projeto definitivo para o local, que será detalhado em breve. “Como o nome mesmo já diz e confirma o divulgado anteriormente, trata-se de uma intervenção temporária para a avaliação do desempenho de uma medida adotada em benefício da circulação de pedestres, analisada em conjunto com a circulação de veículos. O projeto de alargamento das calçadas deve atender a alta demanda de circulação de pedestres na rua da Penha, corroborando direta e indiretamente para a melhoria do espaço público, ambiental e econômico do espaço urbano, conforme está previsto no Plano Diretor da cidade”, disse a administração municipal, em resposta a perguntas enviadas pelo jornal.

A ação temporária ocorreu de 16 de fevereiro a 23 de março, e é parte do projeto de ampliação das calçadas, que é baseado no Plano Municipal de Mobilidade. O fim do período de teste agradou principalmente aos comerciantes do trecho já que, para o alargamento da calçada, foram usadas as vagas de estacionamento existentes no local.

De acordo com a Urbes, a rua da Penha voltou a ter o mesmo número de vagas de estacionamento que antes - 17 -, e não houve nenhum pedido formal de comerciantes ao órgão para que o alargamento das calçadas não seja implantado definitivamente. “Serão feitas as calçadas que estão elencadas no Plano Diretor da cidade, conforme lei que está sendo seguida e serão implantadas conforme a demanda”, diz a nota da Prefeitura

“Durante a intervenção, foram proibidos temporariamente o estacionamento em 17 vagas de carros. Se comparamos este número ao de pedestres, ele acaba sendo muito inferior. Além disso, o projeto promoveu em dois quarteirões características dos modernos e confortáveis centros de cidades que são referências no mundo, onde a população frequenta cafés, lanchonetes e lojas”, declara o secretário da Mobilidade e Acessibilidade, Luiz Alberto Fioravante.

Alargamento divide opiniões de usuários

O alargamento das calçadas dividiu opiniões de quem frequenta ou trabalha no local. Os comerciantes apontam contratempos causados pela medida, como falta de vagas de estacionamento para clientes e fornecedores, e para motocicletas, lentidão no trânsito e até diminuição de consumidores. Os pedestres, por outro lado, aprovaram a medida, mas com algumas observações.

Segundo a Prefeitura, “Além da contagem, foram realizadas pesquisas de avaliação da proposta e, principalmente, para obtenção de dados fundamentais sobre os pedestres que circulam por lá. O resultado parcial mostra que 70,6% gostariam que fosse permanente e 55,9% gostaram do novo desenho da rua. Nas próximas semanas os dados completos da pesquisa serão divulgados”.

O dono de uma lanchonete, Leonardo Hotoshi, achou a experiência ruim para o comércio. “Achei que não tinha utilidade nenhuma e era perigoso para os pedestres. Acabaram com as vagas de estacionamento aqui no trecho e os clientes não tinham mais onde parar e nem os fornecedores. Com isso os comerciantes estavam tendo que pagar estacionamento, ou seja, R$ 8 por dia que a gente gasta por conta disso; no fim do mês representa um custo”, afirma.

Hotoshi conta que outro problema foi a falta de vagas para os funcionários. “Muitos estacionavam as motos aqui na frente e depois do alargamento da calçada eles não tinham mais onde estacionar”.

A funcionária de uma ótica, Ingrid Navarro Barcia, 45 anos, se disse surpresa com o fim do alargamento das calçadas. Para ela, a medida era boa para os pedestres, mas faltou informações e divulgação. “Os pedestres não entenderam e muitas pessoas (...) perguntavam o que era aquela pintura verde e os cones”, afirma. Ingrid disse ainda que nos primeiros dias os donos da ótica acharam que o movimento caiu por conta da medida.

O aposentado Istergenes Alves Oliveira, 78 anos, disse que a experiência não o afetou. “A rua é para os carros e a calçada para os pedestres. O que atrapalha o pedestre nas calçadas são as bicicletas. Isso que não pode ocorrer. Já essa medida aí foi indiferente. Passo todo dia na rua da Penha e não fez a menor diferença”, conta.

O também aposentado Celso Pimentel, 64 anos, passa sempre pelo trecho e acha que a medida foi boa para os pedestres, mas certamente não agradou aos comerciantes. “Para os pedestres ficou muito bom, mais espaço para a gente circular, principalmente nos dias de maior movimento, mas o comércio atrapalhou, se o cliente não tem onde parar aí complica”, diz. (Ana Cláudia Martins)