Sorocaba contribui para estudos científicos com monitoramento de meteoros

Por Kally Momesso

Passagem de meteoro fotografada a partir de Primeiro de Maio, Norte do Paraná. Crédito da foto: André Casagrande/Bramon

Passagem de meteoro fotografada a partir de Primeiro de Maio, Norte do Paraná. Crédito da foto: André Casagrande/Bramon

Meteoros rasgam os céus constantemente e, por isso, uma rede de pessoas têm como missão desenvolver o monitoramento desses fragmentos. No Brasil, a Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon) produz e fornece dados científicos para o estudo dos meteoros. Para isso, o trabalho dos voluntários acontece ao redor de todo o país, inclusive em Sorocaba. O presidente da rede, Sérgio Mazzi informou que a Região Metropolitana de Sorocaba conta com duas estações e, em breve, terá mais duas.

De acordo com o presidente da rede Sérgio Mazzi, a Bramon nasceu em 2014 como uma associação colaborativa de astrônomos amadores. Esse grupo de pessoas observam, analisam, determinam órbitas e catalogam meteoros. Hoje, a rede conta com cerca de 130 estações e 80 operadores, distribuídos em São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Distrito Federal, Paraíba, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso, Goiás, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Bahia, Maranhão e Santa Catarina.

O presidente também explicou a importância de mais estações para observação dos meteoros. “Estações próximas possibilitam o pareamento dos registros e a triangulação das órbitas dos meteoros”. Para ele, a RMS é uma área importante em relação ao Estado de São Paulo pela sua centralidade. “Possibilita a triangulação entre as estações de meteoros localizadas na Capital, no Leste, Norte, e no Oeste do Estado”, Sérgio afirmou.

O sorocabano e licenciando em física, Marco Antonio Centurion Medeiros faz parte desse grupo, operando duas estações na cidade. Ele contou que os voluntários operam câmeras, que ficam ligadas a noite toda, acompanhando e aguardando a passagem de um bólido, ou seja, um meteoro de alto brilho. Quando o bólido cruza os céus, sua imagem é captada pelo aplicativo disponibilizado pela Bramon aos membros. “Cada câmera é uma estação, e cada estação fica apontada para uma direção fixa no céu”, Marco explicou.

“A Bramon, por ser uma rede de diversas pessoas em várias regiões diferentes, consegue realizar a triangulação das informações coletadas de cada estação”, relatou o estudante de física. Dessa forma, se um bólido é capturado por mais de uma estação, é possível ter uma confirmação mais precisa das informações sobre o meteoro analisado.

Marco Centurion ressaltou que apesar do aumento de incidência desse fenômenos em determinadas épocas do ano, as quedas de meteoros são inofensivas e não oferecem riscos, diferentemente dos asteroides e meteoritos, que podem causar grandes estragos se caírem em solo. “Não há o que temer, uma vez que todos os meteoros que entram em nossa atmosfera são pequenos o suficiente para somente gerar esses brilhos nos céus, nada além”, afirmou o operador da estação do Clube de Astronomia Centauri.

A Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros ainda possibilitou diversas descobertas astronômicas. O presidente da Bramon relembrou algumas ao Cruzeiro do Sul. “Foram muitas descobertas de destaque, por exemplo, as primeiras chuvas de meteoros brasileiras, descobertas em 2017”, e continuou “descobertas importantes aconteceram também, quando através de dados da rede Bramon, foi possível associar duas chuvas de meteoros, à asteroides que passam próximos a Terra, também descobertos por brasileiros”.

Sérgio ainda destacou o asteroide 2019 OK, descoberto pelo Projeto SONEAR. Em julho de 2019, o observatório amador no interior de Minas Gerais foi o primeiro a detectar o asteroide, antes mesmo dos poderosos telescópios da NASA, nos Estados Unidos. O 2019 OK foi chamado pela imprensa especializada de “city-killer”, já que ele teria potencial destrutivo para arrasar uma cidade inteira. Naquele dia 25 de julho de 2019, ele passou a pouco mais de 70 mil quilômetros do nosso planeta, se tornando o maior asteroide a passar tão perto da Terra nos últimos 100 anos. (Kally Momesso)