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Rumo aos 100 anos, Senador Vergueiro é referência de sucessivas gerações

25 de Novembro de 2018 às 10:26

A escola recebeu esse nome em homenagem a um integrante da família Vergueiro do tempo do Brasil imperial. Crédito da foto: Erick Pinheiro

A Escola Estadual (E.E.) Senador Vergueiro abriu sua programação de comemoração as 100 anos, que serão completados em 19 de maio de 2019. Após tanto tempo transcorrido, a escola construiu uma identidade de destaque na história da educação pública em Sorocaba. A unidade marcou sucessivas gerações de muitas famílias, de pais para filhos e netos, e conta em sua memória a passagem de dois ex-alunos que se tornaram prefeitos: Emerenciano Prestes de Barros e José Crespo Gonzales, pai do atual prefeito José Crespo.

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“Eu tenho alunos que os pais já foram meus alunos”, diz o professor José Roberto Moretti Fagundes, de 52 anos, professor da disciplina de História, com 19 anos de trabalho na unidade. A diretora da escola, Maria Cristina Freitas Barros de Carvalho, de 50 anos, mostra em um quadro uma foto do seu sogro, Izaltino de Carvalho, de 80 anos, em companhia de outros alunos e da professora de sua classe quando tinha 8 anos. A gerente administrativo Inês Angela Modesto, de 61 anos, confirma essa tradição: “Meus dois filhos estudaram aqui.”

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Essa característica repercute na vida em comunidade até mesmo fora dos muros da escola. Inês, que trabalha há 42 anos na E.E. Senador Vergueiro, conta que certo dia um rapaz foi à casa onde mora para fazer um conserto na instalação do gás natural. Os dois se reconheceram. Referindo-se à escola, o rapaz disse: “Estudei lá.” Inês diz que conhece outras pessoas que passaram pela escola e hoje estão inseridas na sociedade com suas famílias.

Tradição e qualidade no ensino público A EE Senador Vergueiro foi sempre destacada pela qualidade de ensino oferecida. Crédito da foto: Erick Pinheiro

Desde a Chácara Amarela

A E.E. Senador Vergueiro recebeu esse nome em homenagem a um integrante da família Vergueiro do tempo do Brasil imperial. A unidade se consagrou como o terceiro grupo escolar público de Sorocaba -- o primeiro e o segundo lugares, respectivamente, foram as escolas Antônio Padilha e Visconde de Porto Seguro, localizadas no centro da cidade.

Segundo o professor José Roberto, a E.E. Senador Vergueiro foi instalada em 1919 em prédio alugado da antiga Chácara Amarela, construída pelo empresário Manuel Lopes. A Vila Hortência foi escolhida porque era na época um lugar em que havia muita criança fora da escola.

Tradição e qualidade no ensino público Inês: 42 anos de trabalho. Crédito da foto: Erick Pinheiro

O novo prédio, na rua Fernão Sales, 33, começou a ser construído em 1948. Sua inauguração ocorreu em 1954, como parte das comemorações dos 300 anos de aniversário de Sorocaba. O prédio passou por reformas e atualmente tem 15 salas de aula, laboratório, sala de informática, biblioteca informatizada, orquestra. Abriga 900 alunos. Conta com um mediador, Paulo Henrique Monteiro, de 43 anos, que cuida da solução de conflitos e disciplina na comunidade escolar.

Tradição e qualidade no ensino público Paulo, José Roberto e Maria Cristina: ambiente familiar. Crédito da foto: Erick Pinheiro

Tradição e qualidade

Maria Cristina e José Roberto recordam que a E.E. Senador Vergueiro atravessou os tempos do século passado em que a escola pública no Brasil tinha tradição de qualidade de ensino superior ao praticado na rede particular de ensino, situação inversa na comparação com a atualidade. “Estudar em escola pública era motivo de orgulho para os pais”, descreve Maria Cristina. Não havia vagas para todos e habitualmente os bons alunos conseguiam continuar na escola pública.

Sobreveio a Constituição de 1988, que democratizou o ensino e estendeu as oportunidades para todos. “Houve uma ampliação da quantidade de vagas, agora aparece a necessidade de vir uma segunda onda, que é a da qualidade, o que depende de recursos orçamentários”, avalia José Roberto.

Tradição e qualidade no ensino público O estudantes Guilherme e Gabrielle: novas gerações. Crédito da foto: Erick Pinheiro

No que depender da nova geração de alunos, o otimismo da diretora faz sentido. Os alunos Guilherme França Medeiros, de 15 anos, e Gabrielle de Souza Poiato, de 15 anos, fazem planos para o futuro. Ele quer ser engenheiro civil, ela quer ser arquiteta. Ele gosta da escola pelas amizades e o aprendizado. E ela curte algumas disciplinas (Matemática e Geografia) e a hora do intervalo entre as aulas. “A escola influencia bastante o futuro”, projeta Gabrielle. (Carlos Araújo)