Rodízio no abastecimento de água começa nesta quinta-feira

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Rosana Fogaça, comerciante no Éden: “temos que fazer a nossa parte”. Crédito da foto: Fábio Rogério (16/9/2020)

Rosana Fogaça, comerciante no Éden: “temos que fazer a nossa parte”. Crédito da foto: Fábio Rogério (16/9/2020)

Moradores das regiões do Éden, Cajuru, Aparecidinha e Zona Industrial passam a conviver, a partir desta quinta-feira (17), com um rodízio no abastecimento de água. Para enfrentar os primeiros sete dias do esquema, a população se organiza e destaca a necessidade de colaborar.

A comerciante Rosana Fogaça, que tem um açougue no Éden, disse já ter organizado a rotina diária para driblar a interrupção no abastecimento de água das 18h às 6h. “Precisamos de água, mas nos adaptamos. Vamos tentar deixar todas as tarefas que utilizem água para antes das 18h e manter o reservatório abastecido. Se precisar, armazenamos água em baldes. Temos que fazer a nossa parte”, contou.

A dona de casa Rosa de Oliveira da Silva admite que os dias mais quentes aumentam o consumo de água. Por isso, ela vai precisar ficar de olho na caixa d’água. “Se acabar a água da caixa, vamos ficar sem e é difícil armazenar em panelas. Minha casa é pequena, não acredito que o rodízio vá afetar a minha organização”, analisou.

Cleide Moreira é comerciante e ficou sabendo do rodízio um dia antes do início. Responsável por uma doceria, ela acredita que não vai ser muito afetada pelo rodízio. “Aqui nós sujamos e lavamos em seguida, não dá para deixar acumular. Pouco acaba ficando para o dia seguinte, então não acho que vai afetar tanto. Temos que fazer o possível para colaborar, pois afeta outras pessoas”, completou.

Amarildo Cajliari é dono de um bar e avaliou como positiva a implantação de um rodízio no abastecimento de água. “É bom para que as pessoas economizem. Um tem que ajudar o outro. No meu caso, não me preparei, pois fecho mais ou menos no horário da interrupção e só vou utilizar água no outro dia”, destacou, considerando que o estabelecimento vai receber água ao longo de todo o dia.

Horários

Os bairros das regiões afetadas pelo rodízio vão ter 12 horas seguidas de abastecimento e outras 12 horas de interrupção. Os moradores do Éden/Zona Industrial e Aparecidinha vão receber água no período diurno, das 6h às 18h, e o fornecimento vai ser interrompido das 18h às 6h do dia seguinte. Já na região do Cajuru, o abastecimento vai ser feito no período noturno, das 18h às 6h, e a interrupção será durante o dia, das 6h às 18h.

De acordo com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), no caso do Éden, foi levado em consideração o fato do bairro ter uma característica comercial, na comparação com o Cajuru. O critério utilizado para a definição do horário em Aparecidinha foi o de condições operacionais, assim como o fato da região possuir o Centro de Detenção Provisória, a Penitenciária de Sorocaba e a Fundação Casa.

Serviços considerados essenciais, como hospitais, unidades de saúde, Corpo de Bombeiros e escolas têm o abastecimento de água garantido, seja por meios regulares ou pelo uso de caminhões-pipa.

Em relação aos horários de retomada no abastecimento, o Saae explicou que, considerando as características topográficas das regiões e as particularidades do sistema de distribuição, é possível que o período de estabilização se prolongue, especialmente nas áreas mais altas.

Medida é para evitar que represa do Ferraz/Castelinho, no Éden, fique impossibilitada de fazer captação de água. Crédito da foto: Vinícius Fonseca (12/8/2020)

Bairros

Cerca de 52 mil pessoas devem ser afetadas pelo rodízio de água. Na região do Éden, além do próprio bairro, o esquema vai abranger o Jardim Harmonia, Jardim Jatobá, Jardim Itália, Portal do Éden, Jardim Copaíba, Jardim Boa Esperança, Jardim Paraíso, Jardim Carolina, Jardim Turmalina, Éden Ville, Jardim Alegria, Jardim Amália, Porto Bello, Jardim Natália e Condomínio Salem.

Na região do Cajuru, também vão ser afetados o Jardim Maria dos Prazeres, Vila dos Dálmatas, Três Marias, Nilton Torres, Campos do Conde, Terras de Arieta, Vila Borguesi, Jardim Eliana e Terras de São Francisco. Aparecidinha, Jardim Ouro Branco, Jardim Josane, Jardim Topázio, Villa Amato, Conjunto Habitacional Nikkey e Morada das Flores completam a lista de bairros que vão enfrentar o rodízio.

Saae sugere mudança de hábitos de consumo

O rodízio nas regiões do Éden, Cajuru, Aparecidinha e Zona Industrial é justificado pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) como uma medida necessária para evitar que o sistema Castelinho/Ferraz fique impossibilitado de fazer a captação de água. “A autarquia verificou que, se não forem tomadas ações nesse momento, os dois mananciais correm o risco de chegar a um ponto crítico, visto que não há previsão, pelo menos em curto prazo, de chuvas em volume significativo, que permitam a recuperação”.

Ainda de acordo com o Saae, as duas represas que abastecem essas regiões apresentam índice de 15% da capacidade total e o consumo de água atinge picos de 50% acima da média considerada normal.

Para enfrentar o rodízio, a autarquia destaca que “o ideal e necessário é que as famílias tenham caixas de água instaladas em seus imóveis com capacidade de acordo com o número de moradores: dois ou três moradores (500 litros); quatro a seis moradores (mil litros); mais de seis moradores (1.500 litros). Para os que não têm condições econômicas, o Saae possui o programa Caixa D’Água Social”.

Mudar os hábitos de consumo é outra forma de não sentir os efeitos do período de rodízio. “As atividades que mais consomem água são as lavagens de roupas em máquinas, banhos demorados, trocas de água de piscinas ou utilização de piscinas de plástico, além daqueles comportamentos considerados desperdício, como lavagem de carros, calçadas, quintais, corredores e garagens com mangueiras, escovar os dentes, fazer barba e lavar louças e talheres com a torneira o tempo todo ligada”, destaca o Saae.

A autarquia considera que armazenar água em baldes ou barris em períodos de desabastecimento é um comportamento que deve ser colocado em prática somente em situações extremas que, no caso, seria o imóvel não possuir reservatório adequado. A cada ciclo de sete dias, a direção e o corpo técnico do Saae vão se reunir para avaliar e discutir os resultados do rodízio, o que vai resultar na definição de continuidade ou não do esquema. (Erick Rodrigues)