TCE-SP julga irregulares contas da Câmara de Votorantim de 2023 e multa ex-presidente
Tribunal apontou excesso de cargos comissionados e reincidência em irregularidades no quadro de pessoal; penalidade foi fixada em 160 UFESPs, quase R$ 6 mil
O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) julgou irregulares as contas da Câmara Municipal de Votorantim, referentes ao exercício de 2023, e aplicou multa ao então presidente do Legislativo, Thiago da Silva Schiming. A decisão foi tomada durante a 36ª Sessão Ordinária da Segunda Câmara, realizada em 2 de dezembro de 2025.
De acordo com o processo, a reprovação das contas teve como principal fundamento o excesso de cargos em comissão, muitos deles com atribuições incompatíveis com funções de direção, chefia e assessoramento, em desacordo com o artigo 37, incisos II e V, da Constituição Federal. O Tribunal também considerou a reincidência das irregularidades, já apontadas em exercícios anteriores, como fator determinante para a decisão.
Ainda segundo os documentos do TCE-SP, a Câmara de Votorantim apresentou, em 2023, quantitativo de cargos comissionados superior à média de Legislativos municipais de porte semelhante, além de manter estrutura funcional praticamente inalterada desde pelo menos 2010, apesar das reiteradas recomendações do órgão fiscalizador.
Em razão da reincidência, foi aplicada ao ex-presidente multa de 160 UFESPs, o equivalente a R$ 5.923,20 a ser recolhida ao Fundo Especial de Despesa do Tribunal de Contas do Estado. O documento prevê que, caso o pagamento não seja comprovado após o trânsito em julgado, o débito poderá ser inscrito em dívida ativa.
Embora o Tribunal tenha reconhecido que os gastos da Câmara com pessoal, folha de pagamento e despesa total permaneceram dentro dos limites constitucionais e legais, o relator, conselheiro Renato Martins Costa, destacou que o cumprimento desses índices não afasta a necessidade de observância aos princípios da razoabilidade e da eficiência administrativa.
Além da multa, o TCE-SP fez uma série de recomendações à atual gestão do Legislativo, incluindo a reestruturação do quadro de pessoal, o aprimoramento do planejamento orçamentário, o fortalecimento do controle sobre a frota de veículos, a ampliação da transparência e o incentivo à participação popular nas audiências públicas.
O presidente do Legislativo, Thiago da Silva Schiming afirmou em nota que recorrerá a decisão. "Vale salientar que as contas foram reprovadas pelos cargos comissionados existentes na câmara, algo que foi questionado pelo próprio TCE há pelo menos 10 anos aos últimos presidentes. Os cargos questionados ainda continuam existindo na Câmara Municipal. Quando presidente fiz uma reforma administrativa a custo zero e com parecer jurídico da Câmara, além da aprovação dos demais vereadores. Por isso vou recorrer", explica.
O que diz a Câmara
A Câmara de Votorantim afirma ter conhecimento da decisão do TCE-SP e de todos os apontamentos efetuados pelo órgão, mas por meio de nota, diz que não foi oficialmente notificada sobre a decisão. A Casa Legislativa explica ainda que a decisão está sendo analisada pela Presidência, em conjunto com a Procuradoria Jurídica da Câmara para verificar as medidas possíveis atendendo ao prazo legal. Já a multa é de responsabilidade pessoal do gestor da época, “não podendo ser paga com recursos públicos e devendo ser recolhida ao Fundo Especial de Despesa do Tribunal de Contas do Estado”, afirma a nota. (Caroline Mendes)