Vendas de imóveis usados têm queda na região

Em contrapartida, houve aumento no número de contratos de locações

Por Vanessa Ferranti

A média de valores das casas e apartamentos vendidos no período ficou entre R$ 200 mil e R$ 300 mil


As vendas de imóveis usados na região de Sorocaba tiveram queda de 17,5% em dezembro de 2024 em relação ao mês anterior. Já as locações assinadas aumentaram em 7,89% no mesmo período. Os dados são do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (Creci-SP).

O estudo publicado comparou os números obtidos no mercado de venda e locação de casas e apartamentos. Para isso, foram consultadas 112 imobiliárias das cidades de Sorocaba, Araçariguama, Araçoiaba da Serra, Boituva, Cerquilho, Ibiúna, Itapetininga, Itu, Mairinque, Piedade, Pilar do Sul, Porto Feliz, Salto, Salto de Pirapora, São Roque, Tatuí e Votorantim.

Sobre as vendas, a média de valores das casas e apartamentos vendidos no período ficou entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. A maioria das casas era de três dormitórios, com área útil entre 100 e 200 m².

A maioria dos apartamentos vendidos era de dois dormitórios, e área útil de até 50 m².

Maioria na periferia

Conforme a pesquisa, 77,3% das propriedades vendidas em dezembro estavam situadas na periferia, 11,4% nas regiões centrais e 11,4% nas áreas nobres. Ainda com relação às modalidades de venda, 68,1% foram financiadas pela Caixa, 6,4% por outros bancos, 2,1% diretamente pelos proprietários, 23,4% dos negócios foram fechados à vista e por consórcios, 0% no período.

Em relação aos aluguéis, a faixa de preço de locação de preferência dos inquilinos de casas e apartamentos ficou entre R$ 1.000 e R$ 1.500,00. A maioria das residências era de dois dormitórios de 50 até 100 m² de área útil. A principal garantia locatícia escolhida pelos locatários foi o fiador.

Os novos inquilinos optaram por imóveis situados na periferia das cidades pesquisadas (43%), na região central (46%) e nos bairros mais nobres (11%).

Daqueles que encerraram os contratos de locação, 25% não informaram a razão da mudança, 65,9% optaram por aluguéis mais baratos e 9,1% para alugueis mais caros.

Taxas de juros

José Augusto Viana Neto, presidente do CreciSP, explica que a queda no número de vendas e aumento das locações trata-se de um fenômeno que ocorre em todo o Brasil por conta das taxas de juros.

“Nós estamos com algumas medidas que foram adotadas pelo Governo desde o ano passado, a partir de agosto, que trouxeram muitas restrições para o mercado imobiliário. A primeira delas foi o corte de financiamento para imóvel usado do Minha Casa Minha Vida. Nós tínhamos até então financiamento para imóvel de até R$ 350 mil, com 20% de entrada. A partir de 19 de agosto para cá, o valor caiu para R$ 270 mil e a entrada aumentou para 50%”.

O presidente ressalta que essas mudanças tiraram de muitas pessoas a possibilidade de adquirir um imóvel. Além disso, em novembro, a Caixa Econômica Federal reduziu o financiamento com recursos do Fundo de Garantia.

“Até então, não havia limite para o valor do imóvel financiado, mas, a partir de novembro, passou a ter um limite de R$ 1,5 milhão. Além disso, nos financiamentos pelo Sistema de Amortização Constante (SAC), aquele que a pessoa quanto mais paga, mais cai o valor da prestação, a entrada mínima subiu de 20% para 30%. Já nos financiamentos pela Tabela Price, a entrada, que antes era de 30%, passou para 50%. Então, as pessoas precisam de muito mais recursos para comprar um imóvel. Muita gente não tem esse recurso, e aí o movimento cai mesmo”.

Fatores determinantes para o aumento das locações. Ainda assim, para Viana Neto, para quem tem a possibilidade de adquirir hoje um imóvel, a melhor alternativa é comprar ao invés de alugar. Pois, segundo ele, no futuro pode haver ainda mais restrições. “A pessoa que reúne condições de aprovação de crédito, mesmo com o juro alto como está, eu acho que ele deve comprar, não deve deixar para depois, porque encontrar um imóvel com localização adequada, tamanho adequado e o preço que cabe no orçamento, se deixar de comprar, o prejuízo pode ser maior”.

A dica é pesquisar

A orientação do presidente do CreciSP para quem deseja alugar ou comprar um imóvel é pesquisar. Para não ter problemas, o ideal é procurar um corretor imobiliário para verificar as residências no bairro onde a pessoa pretende morar, pois o profissional conhecerá as imediações e avaliará as condições de negócios.

“Com relação à compra, a pessoa tem que pesquisar bastante, principalmente taxas, porque hoje a taxa de juros da Caixa Econômica não é mais a mais barata da praça. Hoje tem bancos privados com taxas de juros mais baixas que a Caixa Econômica, então, a pesquisa tem que ser muito mais bem detalhada para poder conseguir fazer um negócio”, finalizou Viana Neto. (Vanessa Ferranti)