Protesto cria problemas às pessoas que usam transporte por app

Por Ana Claudia Martins

Os passageiros que utilizam aplicativos de transporte como Uber e 99 encontraram dificuldades nesta quarta-feira (8) para solicitar uma viagem. Houve casos de os preços subirem. Isso porque desde a 0h motoristas de todo o Brasil resolveram aderir ao movimento iniciado nos Estados Unidos que recomenda o desligamento do aplicativo até às 23h59 desta quarta, ou seja, durante 24 horas.

A paralisação ocorreu em meio à abertura de capital da Uber na Bolsa de Valores. Crédito da foto: Ozan Kose / AFP

A medida foi uma forma de protestar contra as principais empresas de transporte de passageiros por aplicativos. Os motoristas querem receber mais pelas viagens feitas por intermédio das plataformas, além da questão da segurança durante o trabalho.

A paralisação ocorreu em meio à abertura de capital da Uber na Bolsa de Valores: a empresa deve fazer seu bilionário IPO (sigla em inglês para oferta pública inicial) até esta quinta-feira (9). A Associação de Sorocaba e Região dos Motoristas por Aplicativos Privados disse que na cidade há cerca de 2,5 mil motoristas de aplicativos, mas que não era possível saber quantos desligaram o sistema.

O presidente da entidade, Rogério Cruz, afirma que na cidade não iria ocorrer nenhum protesto ou carreata e que a orientação era para que os condutores só desligassem os aplicativos.

Segundo Cruz, “os condutores estão sofrendo com as perdas inflacionárias dos últimos três anos e com os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis. Então, quem tem o aplicativo como a principal fonte de renda e antes trabalhava oito horas por dia, agora está tendo que trabalhar até 12 horas diárias para ter o mesmo ganho”, aponta.

Em Sorocaba, há cerca de 2,5 mil motoristas de aplicativos, mas não é possível saber se todos aderiram ao movimento,. Crédito da foto: AFP / Angelo Merendino

De acordo com Rogério Cruz, nos últimos três anos os motoristas sofreram perdas em torno de 30% em seus rendimentos. Ele destaca ainda que as empresas como a Uber, por exemplo, mudou a forma de pagamento aos motoristas e com isso o custo para os condutores em algumas viagens chega a até 39%.

A decisão de parar partiu de motoristas da Uber com a intenção de chamar a atenção para os ganhos dos condutores, que estariam defasados. A paralisação ocorreu também no Brasil e em outros países. No Brasil, por exemplo, condutores pedem aumento no valor do quilômetro rodado e de ao menos R$ 2 na tarifa básica, além da queda no valor da taxa cobrada pela Uber de cada motorista por corrida para algo entre 15% e 20%. Os motoristas brasileiros ainda solicitam mais segurança da Uber.

Empresas se pronunciam

A Uber disse que em 2016 adotou no Brasil o modelo de preço antecipado, em que o valor exato de cada viagem aparece para o usuário antes mesmo dela acontecer. “O objetivo da novidade foi deixar de lado as estimativas e aumentar a previsibilidade do aplicativo -- o usuário paga o preço que vê no celular para o destino escolhido, sem surpresas no final”, diz.

A empresa afirma ainda que com isso o valor pago pelos passageiros aos motoristas ao final de cada viagem vai levar em conta o tempo e a distância efetivamente realizados, ajustando-se automaticamente pelo sistema independente de variações em relação à estimativa. “Para equilibrar as variações entre o preço definido ao usuário e o valor pago por este aos motoristas parceiros, a Uber vai acabar com a sua taxa fixa de 25% no uberX e demais categorias e de 20% no UberBLACK”, afirma.

Já a empresa 99 informa que a remuneração de seus motoristas parceiros contempla duas variáveis: tempo e distância percorrida, além de uma tarifa mínima. “Os ganhos do condutor são calculados de forma independente do valor pago pelo passageiro”. Em relação às manifestações, “a 99 é a favor da liberdade de expressão”, diz. (Ana Cláudia Martins)