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Crise hídrica

Itupararanga atinge o menor índice de 2021

Volume útil era de 19,03% ontem; hoje está prevista a sétima redução da vazão do manancial desde agosto

14 de Dezembro de 2021 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Diminuição da vazão tem caráter emergencial e excepcional com o objetivo de preservar a represa.
Diminuição da vazão tem caráter emergencial e excepcional com o objetivo de preservar a represa. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO )

A represa de Itupararanga atingiu ontem (13) o menor índice em 2021: 19,03% de volume útil, segundo a Votorantim Energia, responsável pela gestão do reservatório. Desde o início do mês, a represa já opera no “volume morto”, abaixo do nível mínimo. Hoje (14), será feita a sétima redução da vazão da represa desde agosto de 2021. Em dezembro, até o momento, choveu somente 22mm em Sorocaba.

Conforme a empresa, ontem, foi deliberada mais uma redução da vazão defluente da Usina de Itupararanga de para 2,25 metros cúbicos por segundo para 2 metros cúbicos por segundo.

Ainda de acordo com a Votorantim Energia, desde agosto de 2021, todas as medidas adotadas foram deliberadas de forma colegiada no Comitê de Bacias Hidrográficas de Sorocaba e Médio Tietê. A medida foi implementada devido à crise hídrica que afeta o volume útil do manancial. A ação visa preservar a quantidade de água restante no reservatório, já que, por conta da estiagem prolongada, o nível continua a baixar frequentemente. Itupararanga abastece 85% de Sorocaba e diversas outras cidades da Região Metropolitana (RMS).

Segundo a empresa, as regras operacionais, como a diminuição da vazão, têm caráter emergencial e excepcional.

A esperança é que com a proximidade do verão, que é considerada a estação mais chuvosa do ano, ajude a recuperar o reservatório. A nova estação começa no próximo dia 21. Mas, a chuva tem sido bem abaixo do esperado.

A Defesa Civil de Sorocaba informa que há registros de 273,2mm de chuvas nos últimos três meses. “Eram esperados 698mm para o período”, informa.

Cidades em alerta

A crise hídrica já afeta vários municípios da RMS. Além das cidades que já estão há meses com racionamento de água, na última sexta-feira (10), mais um município informou que seus mananciais estão em estado de alerta. Segundo a Saneaqua, concessionária de água e esgoto de Mairinque, o Fiscal, braço da represa do Itupararanga, é a principal fonte de captação do município e atualmente está operando com vazão reduzida.

“Atualmente, a captação no Fiscal atingiu o nível de 1,05 m, inferior ao mínimo necessário para operação que é de 2,20 m e somente está sendo possível devido a instalação de uma bomba suplementar que permite captar a água nesse nível, muito abaixo do canal de entrada do poço de sucção da estação elevatória de água bruta”, informa a empresa.

Conforme a Saneaqua, o mês de novembro registrou apenas 82,7 milímetros de chuva em Mairinque, demonstrando que o momento ainda é de alerta e requer atenção para uma plena recuperação das represas Carvalhal e Fiscal, que juntamente com 19 poços subterrâneos abastecem o município e apresentam situação crítica.

“O mês de dezembro, tradicionalmente conhecido pelas chuvas, tem início de forma bastante atípica em Mairinque. Os primeiros dias do mês têm sido secos, mantendo a tendência de 2021 que tem registrado um volume de chuvas abaixo das médias climatológicas”, alerta a concessionária.

Diante desse cenário a Saneaqua colocou em prática, desde o início do ano, no município, um Plano de Contingência prevendo um possível agravamento da disponibilidade hídrica, que inclui ações como a substituição e extensão de redes nos bairros Jardim Vitória e Dona Catarina, obras para a perfuração de um novo poço no Distrito de Moreiras e um programa de combate às perdas de água que já reduziu pela metade o índice.

Outras cidades da RMS estão em situação parecida. De acordo com o Saae de Salto, a intensidade do racionamento visa permitir à autarquia enfrentar a pior estiagem dos últimos 100 anos. A cidade vive o racionamento de água há cinco meses. “A medida de ampliar o racionamento e iniciar a transição para a Fase Vermelha foi tomada pela equipe técnica que monitora o racionamento diariamente”, informou a Prefeitura de Salto.

Em Itu também não teve melhora nos reservatórios devido à estiagem e a cidade mantém rodízios no abastecimento. Já o Saae de Porto Feliz anunciou no dia 1º que enfrenta grande instabilidade no abastecimento. De acordo com o órgão, o nível do Ribeirão Avecuia caiu drasticamente chegando em apenas 30 centímetros na área de captação. Desta forma, as bombas desligam automaticamente e o sistema todo fica prejudicado. Alguns bairros estão sentindo falta de água ou instabilidades, como água mais fraca.

A Prefeitura de Araçoiaba da Serra informa que vem atuando em várias frentes no combate e também na prevenção à crise hídrica. “Além da inauguração da nova estação de tratamento, novos vetores de captação de água em toda região, novos poços artesianos e até caixas de água distribuídas à população em situação de vulnerabilidade social”, ressalta. (Ana Cláudia Martins)