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Pouca chuva em Sorocaba reflete nas represas e no campo

16 de Abril de 2021 às 00:01
Jomar Bellini [email protected]

Pouca chuva reflete nas represas e no campo Produtor Pedro Israel Paifer estima um prejuízo de 40% na colheita de milho desta quinzena por conta da baixa quantidade de chuvas. Crédito da foto: Fábio Rogério (13/4/2021)

A falta de chuvas no primeiro trimestre do ano já reflete no nível das represas que abastecem Sorocaba. O volume de água acumulado nos primeiros meses de 2021 corresponde a menos da metade do previsto para o período.

De janeiro a março, Sorocaba registrou um total de 263,6 milímetros de chuva. O valor representa apenas 45% da média registrada em anos anteriores e é menor do que o registrado nos últimos dois anos, de acordo com os dados divulgados pelo Saae. Segundo a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil, a previsão para abril e maio é de tempo ainda mais seco, com chuvas abaixo da média.

A represa de Itupararanga opera atualmente com 46% do volume útil, nível abaixo da média registrada em anos anteriores. Em 2019 e 2020, por exemplo, o volume registrado foi de 72% neste mesmo período, reflexo de uma maior incidência de chuvas. Apesar disso, a Votorantim Energia, responsável pela administração do reservatório, ainda não considera o índice como “crítico”.

O nível é levemente maior do que o registrado em fevereiro de 2021, quando estava em 43%, segundo dados publicados pelo Cruzeiro do Sul na ocasião. Em dezembro do ano passado, a represa atingiu 34,63% do volume útil do reservatório.

“Estamos operando desde a segunda quinzena de dezembro de 2020 praticando a vazão mínima necessária para atendimento de fins ambientais e abastecimento público. Apesar de estar abaixo da média registrada em anos anteriores, não está em um patamar que gere preocupações quanto à defluência da vazão sanitária e de abastecimento”, afirmou a Votorantim Energia.

A represa abastece 85% da cidade de Sorocaba com água bruta, que percorre adutoras com 15 quilômetros de extensão, da Serra de São Francisco até a Estação de Tratamento de Água (ETA) Cerrado, por meio de gravidade. Além de Sorocaba, Itupararanga também atende outros municípios da Região Metropolitana (RMS).

Responsável pelo abastecimento das regiões do Éden, Cajuru, Aparecidinha e Zona Industrial, o sistema Ferraz/Castelinho opera com 75%. Já o manancial de Ipaneminha está com 70%. Historicamente, essas são as primeiras represas a sentirem o reflexo da estiagem em Sorocaba. Em 2020, a prefeitura chegou a adotar um esquema de rodizio no abastecimento durante 53 dias após as represas do Ferraz/Castelinho atingirem 15% da capacidade.

Apesar dos atuais números, o Saae reforça o pedido de consumo consciente por parte dos moradores. “A orientação é para se evitar todo tipo de desperdício ou consumo desnecessário”, diz.

Já a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Vitória Régia ainda não está operando em definitivo. Segundo o Saae, a ETA ainda está em fase de testes. “Assim que concluída esta etapa e garantindo-se a qualidade da água para abastecimento, terá início o bombeamento para os centros de distribuição, o que aumentará a capacidade de todo o sistema.”

Seca afeta produção rural

A falta de chuvas também causa prejuízos em propriedades rurais da cidade. O produtor Pedro Israel Paifer estima um prejuízo de 40% na colheita de milho desta quinzena por conta da baixa quantidade de chuvas no fim do ano passado, com a seca na fase de produção da espiga.

A estiagem também levou Paifer a parar de plantar hortaliças em agosto do ano passado. Foi a primeira vez que ele suspendeu a produção de pés de alface, chicória e couve-flor em 13 anos na área. “Se está chovendo menos, precisamos irrigar mais a plantação, o que aumenta todos os custos, inclusive com o diesel usado nos equipamentos. Não há alternativas porque o preço final para o consumidor não acompanha o aumento de gastos com a produção”, avalia.

O açude usado para irrigar a propriedade também já sente os reflexos da falta de chuvas. Atualmente, está com 50% a menos de água do que no ano passado. “Ainda não compromete a produção, mas acredito que teremos uma crise em agosto, comprometendo todo o Estado”, conclui.

Abril com menos chuvas

A previsão é que o mês de abril termine com menos chuva do que o normal. Segundo os especialistas da Climatempo, para maio, a previsão também é de chuva abaixo da média histórica. “Só deve chover com mais frequência em junho e este mês deve terminar com chuva um pouco acima da média na região de Sorocaba”, afirmou a Climatempo.

Consideradas estações mais secas, durante o outono e inverno não é normal não chover por vários dias consecutivos. Muitas frentes frias podem passar pelo litoral paulista, deixando a região de Sorocaba cheia de nuvens e com temperatura amena, mas sem a chuva.

De acordo com a meteorologista Joselia Pegorim, a falta de chuva no verão de 2021 foi generalizada no Estado de São Paulo. “Este ano, a água oceano Atlântico na costa entre as regiões Sul e Sudeste esteve mais quente do que o normal, o que dificultou o deslocamento das frentes frias para o Sudeste. Sem isso, ficou mais difícil a formação e permanência das áreas de instabilidade sobre São Paulo”, afirma.

Segundo Joselia, as pancadas de chuva isoladas causadas pelo calor durante o primeiro trimestre podem até ser fortes, mas não ocorreram com uma frequência que garanta grandes acumulados de chuva durante um mês. (Jomar Bellini)