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Pacientes têm dificuldade para obter remédios de alto custo

24 de Novembro de 2019 às 00:01

Pacientes têm dificuldade para obter remédios Pessoas aguardam na fila para a retirada de medicamentos na Farmácia de Alto Custo do SUS. Crédito da foto: Cortesia

Diversos pacientes, além de enfrentarem os problemas relacionados às doenças que os acometem, ainda têm de passar por estresse toda vez que precisam retirar os medicamentos na Farmácia de Alto Custo da Secretaria Estadual da Saúde, que faz a distribuição dos remédios para as pessoas atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

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Como dependem da medicação, quando não conseguem, precisam pedir ajuda financeira a parentes e amigos para comprar ou então deixam de tomar e acabam se prejudicando.

Benedito Lisboa de Oliveira afirma que vem tentando retirar o medicamento Quetiapina para a continuidade do tratamento da esposa, Cecília, há três semanas, porém a resposta é que o estoque acabou e não há previsão para reposição. O medicamento é indicado para tratar dos sintomas neuro-psíquicos.

Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, compete ao Ministério da Saúde a aquisição e o envio do medicamento ao Estado de São Paulo. “A Secretaria apenas redistribui o remédio”, informou o órgão, por meio de nota.

Ainda de acordo com a Secretaria, a última remessa chegou nesta semana em São Paulo e já está em distribuição no território, com reabastecimento completo das farmácias neste mês.

“Os estoques foram impactados devido ao atraso no envio pelo governo federal, que deveria ter ocorrido até 20 de setembro. Com o novo lote, será possível fornecer o remédio à Sra. Cecília Lisboa de Oliveira ainda em novembro”, disse a Secretaria.

Atrasos recorrentes

No caso do aposentado Carlos Moroni, 79 anos, que é deficiente visual e trata consequências do diabetes, ele enfrenta dificuldades para obter insumos e medicação continuamente. Carlos conta que a agulha faz um ano que não recebe e a lanceta desde maio.

“A insulina Humalog esperei dois meses mas recebi agora, a fita reagente depois de 9 meses é que veio”, afirma, referindo-se aos cuidados com o diabetes. O mesmo tempo, de 9 meses, esperou pelo Alopurinol, que controla o nível de ácido úrico no organismo.

Já o remédio Benicar 40/5, para pressão alta, faz um ano que não vem. O Puran 112, para problemas na tireoide, e o Pantoprazol, para o estômago, demoraram um ano de espera. “Recebi este mês”, afirma.

Durante o tempo que ficou sem os remédios, ele afirma que fez vaquinha na família para comprar. Carlos conta que tem diabetes há 42 anos e não movimenta direito as pernas. “É triste quando falta medicação, viu. O Puran é um dos mais baratos e não vem, se fosse só ele o problema, mas o conjunto de medicamentos que tenho de comprar fica em R$ 1.400,00”, afirma.

Carlos disse que quando vai ao local e não tem o medicamento, os funcionários pedem para ligar, para verificar se já chegou. “Mas o telefone toca e ninguém atende. Uma vez, para fazer um teste, liguei do meu próprio celular de lá de dentro mesmo, vi o telefone ali tocando e ninguém atendeu. Caiu a linha de tanto tocar”, reclama.

Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, as lancetas e agulhas estão em fase de compra e será cobrada agilidade aos fornecedores, de forma a atender o paciente. “Há em estoque um medicamento equivalente ao Benicar e a equipe fará contato com o paciente para orientá-lo sobre a possibilidade de substituição e entrega”, informa o órgão.

‘Corremos o risco de ficar com sequelas’

Tratar da esclerose múltipla pelo SUS também está complicado, conforme contam Renata Cristina Guilherme Castelli e Danila Martins Rodrigues.

Renata precisa do remédio Fingolimode e não conseguiu retirar este mês. Já Danila usa o Rebif 44 A. “Desde o final do mês de outubro não entregam. A medicação controla a doença e evita surtos, amenizando sequelas que posso ter em função da doença”, afirma.

Danila foi até o local buscar e, chegando lá, acabou sendo informada que a compra da medicação não havia sido efetuada e que não teria previsão para chegar. Perdeu viagem e ainda ficou sem resposta sobre a disponibilidade do remédio.

“Trata-se de uma doença crônica que não tem cura e sim tratamento. Sem a medicação, corremos o risco de ficar com sequelas visíveis e físicas”, diz. “Fora a falta de respeito com a falta da medicação, ainda enfrentamos muito preconceito por parte da sociedade por não conhecer a doença, onde encontramos dificuldades em explicar e nos expor”, desabafa.

A Secretaria Estadual da Saúde informa que o medicamento Rebif 44 (Betainterferona) foi recebido com atraso e a redistribuição está em andamento. Sobre o Fingolimode, a farmácia de Sorocaba já está abastecida com a medicação. As pacientes podem comparecer ao local para orientações e recebimento.

Os telefones da Farmácia de Alto Custo são (15) 3332-9517 e 3332-9100. A farmácia abre às 6h30 para distribuição de senhas. (Daniela Jacinto)