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Pacientes de convênio ficam sem receita de remédios controlados

28 de Março de 2020 às 04:01

Pacientes de convênio ficam sem receita de remédios controlados Muitos remédios de uso contínuo só podem ser comprados, nas farmácias, com apresentação de receita médica. Crédito da foto: Pixabay

Pacientes que fazem uso do ambulatório do plano de saúde Mediplan, vinculado ao grupo NotreDame Intermédica, estão sem receita de medicamentos de uso controlado. O atendimento está suspenso por determinação do Ministério da Saúde, devido à pandemia do coronavírus. Entre as especialidades do ambulatório estão neurologia e psiquiatria. Dois pacientes, que tinham consulta agendada para quarta-feira, dia 24, reclamam que foram informados na terça-feira de seu cancelamento, sem que os médicos disponibilizassem as receitas.

Indignado com a situação, um paciente de 29 anos, que preferiu não se identificar, afirma que faz tratamento para enxaqueca com um neurologista há seis meses e sua medicação acabou exatamente na quarta, quando teria consulta. Ele conseguiu uma nova data, 29 de abril, mas até lá ficará sem remédio. Ele afirma que questionou a Mediplan a respeito e foi orientado a obter uma solução via 0800 e, se não conseguisse, restaria ir ao Pronto Atendimento em caso de uma crise. “Porém, é tudo o que não se recomenda nesta época de pandemia”, diz. O paciente conta que ligou para a operadora do plano de saúde. “Disseram que não podiam fazer nada, no máximo indicar que procurasse outro médico na rede associada que estivesse com consultório aberto.” Ele tentou, mas verificou que as consultas dos respectivos médicos estavam com datas para o fim de abril.

Outro paciente, que faz tratamento psiquiátrico, conta que foi surpreendido com o fechamento do ambulatório. A orientação recebida foi de que era para retornar o contato no final de abril, para verificar se os médicos atenderão no mês de maio. Ao questionar dizendo que precisava da receita, foi indicado que procurasse outras clínicas, vinculadas ao convênio. Ele também não conseguiu nenhuma data próxima e deve ficar sem os remédios psiquiátricos por pelo menos dois meses.

Em nota, o grupo NotreDame afirma que os beneficiários que realizam acompanhamento médico frequente (gestantes, pacientes crônicos e de psiquiatria) devem entrar em contato com a Central de Atendimento, para o seu correto direcionamento a um dos Centros Clínicos. “Estamos com médicos em Centros Clínicos para atendimentos indispensáveis e eventuais trocas de receitas, médicos na central de atendimento para teleorientação, manutenção de receitas e relatórios para medicamentos dispensados no setor de alto custo”. Os pacientes acima, entretanto, contam que procuraram os centros clínicos, mas mesmo assim ficaram sem as receitas.

Solução

A reportagem conversou com mais dois pacientes que não tiveram problemas com seus respectivos convênios. A professora Daniela Aranha Machado, 44 anos, que tem plano de saúde da Funserv, elogiou a atitude do seu médico. “Eu tinha consulta essa semana, o médico ligou para desmarcar e me deixou receita pronta. Um outro médico que eu ia essa semana para mostrar exames, fez uma consulta on-line por chamada de vídeo no whatsapp”, comenta.

A técnica em alimentos Tania Hergesel Ramos, 43 anos, afirma que a sua mãe, que tem 70 anos, tem convênio do Bradesco Saúde e teve bom atendimento. Ela faz uso de medicamento controlado e o médico fez a receita, que será enviada pelo motoboy. “Na Unimed, precisei de uma carta para vacinação da minha filha e fui atendida prontamente pelo pediatra”, conta.

De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), pacientes em tratamento e que tomam remédios de uso contínuo não podem ter a assistência interrompida. No caso de dificuldade de atendimento em determinada unidade da rede credenciada da sua operadora, o beneficiário deve entrar em contato com a ANS pelos canais de atendimento para registrar a denúncia, pelo 0800 701 9656 ou em formulário eletrônico no site www.ans.gov.br. (Daniela Jacinto)