Casos e óbitos por infecções sexualmente transmissíveis acendem alerta na cidade

Notificações de HIV se mantêm estável. Procura por testagem para sífilis e hepatites B e C são consideradas alta

Por Cruzeiro do Sul

Testagem rápida é ofertada gratuitamente durante todo o ano na rede pública de saúde

A rede pública de saúde de Sorocaba segue registrando números expressivos relacionados às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), com destaque para o HIV. Dados da Secretaria Municipal da Saúde (SES) apontam que, nos últimos três anos, o município contabilizou 412 novos casos: 140 em 2023, 150 em 2024 e 122 em 2025. No mesmo período, foram registrados 138 óbitos associados ao HIV — 41 em 2023, 55 em 2024 e 42 neste ano.

A maior incidência ocorre entre homens, com cerca de 75% dos casos notificados nos três anos analisados. Atualmente, cerca de 3.600 pessoas vivem com HIV em tratamento contínuo na rede pública municipal.

Segundo a SES, em 2025 foram registrados 28 casos de Aids, todos evoluindo para óbito em decorrência de comorbidades associadas. Os dados são do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

Paralelamente, a Secretaria da Saúde destaca que a testagem rápida para HIV, sífilis e hepatites B e C é ofertada gratuitamente durante todo o ano. A procura pelos exames tem sido considerada alta, especialmente no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), unidade de referência no município.

Os testes podem ser realizados no CTA, localizado na rua Manoel Lopes, 220, na Vila Hortência, de segunda a sexta-feira, das 7h às 15h30, com atendimento estendido até as 18h30 às quartas-feiras. Também é possível realizar a testagem nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), conforme disponibilidade local.

Quando um caso de HIV é confirmado, o paciente é encaminhado imediatamente ao Centro Municipal de Atendimento Especializado (CMAE), onde inicia o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O acompanhamento inclui consultas médicas, de enfermagem, odontológicas, psicológicas, farmacêuticas e de serviço social, além do fornecimento de medicamentos e aplicação de vacinas. No caso da sífilis, o tratamento é iniciado diretamente no CTA ou na UBS, com acompanhamento clínico e exames de controle.

De acordo com orientações do Ministério da Saúde, o diagnóstico precoce é fundamental para o controle da doença e para a redução da transmissão. Pessoas que iniciam o tratamento de forma adequada conseguem atingir carga viral indetectável, o que significa que não transmitem o vírus por via sexual — conceito conhecido como “indetectável = intransmissível (I=I)”.

O Ministério também reforça a importância da prevenção combinada, que envolve o uso do preservativo masculino ou feminino, a testagem regular, a profilaxia pré-exposição (PrEP) e a profilaxia pós-exposição (PEP), além da vacinação contra hepatites virais. A PrEP é indicada para pessoas em maior risco de exposição ao HIV e consiste no uso diário de medicamentos que reduzem significativamente a chance de infecção. Já a PEP deve ser iniciada em até 72 horas após uma possível exposição ao vírus.

Outro ponto de atenção é que as hepatites virais, especialmente as dos tipos B e C, não são transmitidas apenas por relação sexual. O contágio também pode ocorrer por meio do compartilhamento de objetos perfurocortantes ou sem esterilização adequada, como alicates de unha, lâminas e materiais de tatuagem ou piercing. Por isso, o Ministério da Saúde reforça a importância da vacinação contra a hepatite B e da adoção de práticas seguras em serviços estéticos e de saúde.

A Secretaria Municipal da Saúde destaca ainda que muitos pacientes só procuram atendimento quando já apresentam sintomas, o que dificulta o diagnóstico precoce e o controle da doença. Por isso, a orientação é que a população realize testes de forma periódica, mesmo na ausência de sinais clínicos.

A testagem rápida oferece resultado em cerca de 30 minutos e é considerada uma das principais estratégias para ampliar o diagnóstico precoce, iniciar o tratamento oportunamente e reduzir a cadeia de transmissão das infecções sexualmente transmissíveis no município. (Murilo Aguiar)