CPI da Saúde define primeiras oitivas
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde realizou sua terceira reunião na tarde de ontem (4). Durante a sessão, houve intensa discussão entre os vereadores e foram definidos os primeiros nomes para as oitivas. O presidente, Claudio Sorocaba (PSD), encerrou a sessão de forma abrupta, o que deixou diversos presentes confusos.
Parte dos vereadores defendia a convocação do ex-secretário de Saúde, Vinicius Rodrigues. Porém, em votação, decidiu-se convocar apenas os fiscais dos contratos entregues à CPI, que deverão ser ouvidos na próxima quinta-feira (11).
O requerimento aprovado é de autoria do vereador Roberto Freitas (PL). Ele afirmou que a ordem dos chamamentos caberia à presidência, que optou por solicitar apenas a presença dos fiscais: “Todo esse caso que a gente está vendo de corrupção inicia com o processo licitatório, e para todo contrato existe uma comissão que cria esse documento. Depois de o contrato ser criado, existe um fiscal que acompanha a execução do serviço ao longo do tempo. A presença deles é importante para a gente entender como foi criado esse contrato de licitação”. Freitas reforçou que os fiscais não são investigados e foram convocados apenas para prestar esclarecimentos sobre a forma como os contratos foram elaborados.
Requerimentos geraram debate
Os vereadores Izídio de Brito (PT) e Raul Marcelo (Psol) solicitaram a convocação do ex-secretário Vinicius Rodrigues. Já parlamentares como Cícero João (Agir) e João Donizeti (União) defenderam que os fiscais fossem ouvidos primeiro, para só então chegar ao nome do ex-secretário.
O tema provocou debates acalorados, com pedidos simultâneos de fala e discussões fora dos microfones. O vereador Dylan Dantas (PL) apresentou uma proposta intermediária, sugerindo que os fiscais fossem ouvidos na terça-feira (9) e Vinicius na quinta-feira (11).
A sugestão, no entanto, não foi votada. O presidente da CPI encerrou a sessão antes de analisar a proposta. Foram votados apenas o chamamento de Vinicius para a próxima sessão — recusado pela maioria — e a manutenção de apenas uma sessão semanal, aprovada pelos vereadores.
Encerramento abrupto
O vereador Dylan Dantas afirmou: “A minha proposta, de fato, não foi votada. A sessão acabou de forma repentina, o que causou espanto. Estou atônito ainda”.
A vereadora Iara Bernardi criticou a condução da reunião: “A sessão não deveria ter sido interrompida. Do nada o presidente interrompeu. Entendo que continua aqui a maioria do prefeito afastado, e ele está sendo blindado. A situação da saúde na cidade é gravíssima. Quem presta serviço para a saúde não está recebendo, o dinheiro desapareceu”.
O presidente da CPI, Claudio Sorocaba, justificou: “Nós tínhamos duas convocações para fazer: do secretário da Saúde ou dos fiscais. Nós já tínhamos acabado de votar e rejeitar o pedido do secretário e convocado os fiscais. Nós íamos convocar o que mais?”
Claudio também afirmou que “as oitivas serão secretas para preservar os servidores de carreira”. Os nomes dos fiscais não foram revelados. Segundo ele, a prefeitura terá 24 horas para informar quem são os responsáveis pelos contratos analisados.
Vinicius Rodrigues quer depor
A defesa do ex-secretário Vinicius Rodrigues afirmou em nota: “O doutor Vinicius lamenta que as investigações da CPI da Saúde não comecem ouvindo ele e os demais secretários de Saúde, além dos verdadeiros responsáveis pelas contratações investigadas. Lamenta também qualquer tentativa espetaculosa sobre o fato e tentativas de incriminação sem sequer ouvir as pessoas. Continua à disposição para contribuir e espera que toda a saúde de Sorocaba seja passada a limpo, principalmente para resolver a situação orçamentária caótica construída pelo ex-prefeito Manga”. (Vernihu Oswaldo)