Novo comandante do 7º BPM/I fala sobre furtos em Sorocaba

Possato detalha estratégias para combater furtos e integrar forças de segurança

Por Beatriz Falcão

Tenente-coronel Ronaldo Possato, novo comandante do 7º BPM/I

Os sorocabanos vêm enfrentando, nos últimos anos, uma série de furtos que ocorrem em diferentes regiões da cidade — em residências, estabelecimentos comerciais e até mesmo da fiação elétrica em espaços públicos. O novo comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar do Interior (7º BPM/I), tenente-coronel Ronaldo Cézar Possato Venâncio, que chega ao município após comandar o 2º Batalhão de Choque do Estado de São Paulo, compara a situação a um cenário muito semelhante ao da Cracolândia, na capital paulista.

Em entrevista ao jornal Cruzeiro do Sul, Possato destacou seus objetivos e expectativas na nova função, além de abordar os desafios e como pretende atuar em Sorocaba.

Cruzeiro do Sul (JCS) - Uma das principais reclamações da população é em relação aos furtos. Inclusive, o jornal recebe muitas queixas a respeito. Como o senhor pretende atuar diante dessa situação?

Ronaldo Cézar Possato Venâncio - Eu estou aqui há uma semana e, praticamente todos os dias, estão sendo presos procurados pela Justiça, e já tivemos três ou quatro flagrantes. Inclusive, houve um na noite deste domingo (14) e outro na noite de sábado (13), ambos furtando fiação elétrica.

É um problema porque as penas são muito pequenas. Então, as pessoas não ficam presas. Por exemplo, o que foi preso no domingo já está solto. E, geralmente, os autores desses delitos são usuários de drogas, pessoas que vivem em situação de rua. Portanto, o que provavelmente farão nesta noite? Vão furtar fio de novo para comprar droga.

Então, é um trabalho, de certa maneira, de “enxugar gelo” e muito mais amplo do que só a Polícia Militar. Nós temos que trabalhar mais a fundo. Por que está vindo tanto esse pessoal para cá? O que está facilitando e o que está despertando o interesse deles de vir para Sorocaba? Eles vão atrás de droga e comida, praticamente isso. Então, o que está sendo facilitado para vir tanta gente para cá?

Nós já participamos de uma reunião na Polícia Civil, na Delegacia Seccional. É uma cobrança que a sociedade está fazendo. Porém, não é somente a Polícia Militar: a Polícia Civil, a Prefeitura, nós vamos ter que fazer um trabalho em várias frentes. A Polícia Militar está fazendo a sua parte; todo dia está prendendo esse pessoal.

Na sexta-feira (12), inclusive, foram presos quatro procurados pela Justiça durante uma operação na região central. Todos usuários de drogas, pessoas em situação de rua. Porém, nada adianta se forem soltos logo em seguida.

JCS - O senhor veio de São Paulo. Além de chefiar o 2º Batalhão do Choque da capital paulista, também teve experiência de policiamento na zona norte da capital. Como essa bagagem irá ajudá-lo a enfrentar os desafios de Sorocaba?

Ronaldo - A gente teve um problema muito parecido. Começou a haver um combate à Cracolândia, e aqueles usuários de droga se espalharam pela cidade, sendo um dos locais a zona norte de São Paulo, na região do Jaçanã. Foi um problema bem similar, porque esse morador de rua, que é usuário de drogas, vive em função de conseguir droga.

Então, primeiramente ele vai pedir dinheiro e, depois, começa a fazer furto. Ele sai procurando, caçando coisas para vender. Portanto, trabalhamos em cima desses locais de venda de produtos recicláveis, que compravam os itens furtados.

Foi feito um trabalho integrado entre Polícia Militar e Polícia Civil para a fiscalização nesses locais, pois, se ele não tem onde vender, obviamente irá furtar.

Além disso, foi realizado um trabalho sério na parte social, porque não adianta só ficar alimentando, alimentando, alimentando. Se for muito mais fácil conseguir alimento e drogas, ele vem cada vez mais.

Não é que a gente queira que eles morram de fome, não é isso, mas precisa ser feito um trabalho sério. Essas pessoas necessitam de um tratamento completo; nisso entra o Poder Público. Por isso digo que é um trabalho muito mais amplo do que apenas a Polícia Militar.

JCS - Agora, Sorocaba conta com dois batalhões da Polícia Militar do Interior. Como está sendo essa integração?

Ronaldo - A integração está sendo muito grande, porque participamos e fazemos operações em conjunto. É uma união que só vai trazer benefícios, até porque aumentou muito a quantidade de policiais na cidade. Antes, era só esse batalhão (7ºBPM/I) para toda Sorocaba; agora, duplicamos a força.

Nossa ideia é atuar tanto no combate ao crime organizado, para evitar que o município tenha ocorrências de crimes de grande envergadura, como também nesses problemas pontuais, que são crimes de menor potencial, mas que atrapalham muito a vida da população. Um exemplo são esses furtos e pequenos roubos, que causam prejuízo à população.

Em questão territorial, praticamente Sorocaba foi dividida ao meio, mas existem operações conjuntas, tendo em vista que muitas vezes o criminoso mora num local e atua em outro. Portanto, é preciso essa conversa para que possamos atuar em conjunto.

JCS - Qual linha de trabalho o senhor pretende adotar? E quais são suas expectativas à frente do 7º BPM/I?

Ronaldo - Pretendo trabalhar em duas frentes. A primeira é melhorar a qualidade do policial, tanto na parte de cursos e instruções quanto em equipamentos. A segunda é o combate à criminalidade, que é o principal, afinal, a polícia é feita para combater o crime.

Estamos à disposição. Claro, não é um serviço que assumimos agora e que, daqui a uma semana, já vai surtir alguma diferença. É um trabalho de médio a longo prazo.

Cada comandante tem sua forma de atuação, mas não pretendemos fazer nenhuma mudança drástica. Vamos dar continuidade ao trabalho do antigo comandante e, aos poucos, daremos a nossa cara.