Cesta básica sorocabana cai 1% em agosto

Por Cruzeiro do Sul

Preço da dúzia de ovos recuou 8,47%, para R$ 11,34, nos supermercados de Sorocaba

O custo da cesta básica em Sorocaba registrou queda de 1,07% em agosto, encerrando o mês com valor de R$ 1.142,17, segundo levantamento mensal da Universidade de Sorocaba (Uniso). Foi o terceiro mês seguido de redução. Apesar disso, no comparativo com agosto de 2024, a cesta ainda acumula alta de 8,44%.

Entre os itens que puxaram a redução do valor da cesta, estão a cebola (-12,75%), o alho (-8,74%), a batata (-8,63%) e os ovos (-8,47%). Em contrapartida, produtos industrializados e de higiene apresentaram altas, como o vinagre (6,56%), o creme dental (3,11%), a margarina (3,05%) e o sabonete (2,14%).

Nas ruas e supermercados de Sorocaba, os consumidores confirmam que os preços de itens da cesta básica têm variado bastante. “Eu costumo comprar conforme vai acabando. Não tem dia certo. Mas ultimamente percebi que alguns produtos subiram muito, como o café. Já cheguei a trocar de marca para economizar”, contou Vânia Lupe, faxineira. O preço do café (pacote de 500 gramas) recuou 1,83% em agosto, mas subiu 45% no ano.

Outra entrevistada, Regina Cena, disse que, para sentir diferença, é preciso pesquisar bastante. “A cebola e a batata até caíram um pouco, eu percebi, mas o tomate continua oscilando. Um dia está num preço, no outro já está lá em cima. Fica difícil planejar”, afirmou.

Para algumas famílias, a estratégia é apostar nas promoções e na substituição de produtos. “Se a carne está muito cara, a gente compra frango. Às vezes até troca batata por mandioca, porque compensa mais. Também olho bastante o leite: se encontro em oferta, já levo uma caixa para casa e outra para minha mãe”, explicou Elizabethe Lopes.

A dona de casa também recorre às feiras livres para economizar. “Na feira é mais barato, principalmente cebola e batata, e ainda é mais fresco. Aqui no mercado, eu senti que quase tudo aumentou. Então a gente compra só o que vai usar na semana, para não desperdiçar”, diz Elzabethe. Ela observa que a alta dos preços mudou a forma de comprar: “Antes eu fazia compras grandes no mês. Agora venho uma vez por semana, sempre de quinta-feira. A gente vai pegando só o necessário, porque de maneira geral está tudo caro. Só arroz e açúcar deram uma baixada que ajudou um pouco”.

Apesar das dificuldades, muitos reconhecem que houve alívio em alguns produtos. “Os ovos caíram, e isso ajuda bastante porque é uma das misturas que a gente não deixa de comprar. Já produtos de limpeza, como sabão em pó e desinfetante, subiram muito, e aí pesa”, avaliou Vânia Lupe.

Análise

De acordo com o economista Marcos Antonio Canhada, do curso de economia da Uniso, o movimento de queda em agosto foi resultado de fatores climáticos favoráveis, que proporcionaram uma boa safra e maior oferta de alimentos. “Apesar do sinal positivo dado neste momento, com preços apresentando variações abaixo do IPCA-15, a variação acumulada nos últimos 12 meses ainda é bastante significativa, variação elevada no acumulado que ocorreu devido às fortes elevações nos preços da cesta básica observadas nos últimos quatro meses de 2024.”

“Cebola, alho e batata são itens beneficiados por boas safras neste ano, o que explica a redução de preços. Já o café, por exemplo, ainda enfrenta dificuldades para retornar a níveis anteriores, devido às pressões climáticas e cambiais registradas em 2024”, analisa.

Canhada ressalta que a expectativa de estabilidade para este segundo semestre depende de variáveis como clima, câmbio, fatores geopolíticos e sazonalidade. “Esses elementos podem exercer uma influência significativa sobre os preços e sofrer variações ao longo do ano”, explica.

Os itens de higiene, presentes na cesta, têm peso reduzido no cálculo geral. “O impacto maior vem sempre dos alimentos essenciais, que compõem a maior parte do orçamento das famílias”, diz Marcos Canhada. (Lavínia Carvalho - programa de estágio)