Centro da cidade volta ao foco com plano de reocupação

Entidades e setor privado discutem como atrair moradores e investimentos para essa região

Por Cruzeiro do Sul

Região pode receber novos projetos de desenvolvimento com moradias, comércio e serviços

O centro de Sorocaba, por muito tempo considerado o principal polo comercial e residencial da cidade, está no foco de um esforço conjunto entre entidades empresariais e o poder público para ser reocupado. Em entrevista ao Cruzeiro do Sul, Julio Casas, diretor regional do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP), disse que o Centro sofreu esvaziamento populacional ao longo dos últimos anos com a consolidação de bairros autônomos em todas as zonas da cidade, mas agora é alvo de um novo plano de desenvolvimento.

Com o apoio do setor privado, liderado por entidades como o Secovi-SP, a Associação Comercial de Sorocaba (Acso) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), a proposta é estruturar um modelo de reocupação que combine moradias, comércios e serviços. A iniciativa ganhou força após a revisão do Plano Diretor, que flexibilizou regras urbanísticas e criou novas possibilidades de uso para imóveis localizados na área central.

Estratégias

“O primeiro passo já foi dado. O Plano Diretor revisado trouxe oportunidades para atrair investimentos para o Centro”, explica Julio Casas. “Agora, estamos discutindo com incorporadoras e outras entidades quais estratégias serão mais eficientes para trazer a população de volta à região central.”

Segundo ele, a região possui infraestrutura consolidada, que a torna estratégica para um novo ciclo de desenvolvimento urbano. “Os filhos de quem morava no Centro passaram a buscar novos bairros para morar. Esse é um processo natural do crescimento das cidades. Mas agora o desafio é trazer esse público de volta, com projetos que aproveitem o potencial urbano já existente”, afirma Casas.

O esvaziamento do Centro é um reflexo direto do processo de verticalização e expansão dos bairros sorocabanos. Entre 2010 e 2022, Sorocaba liderou o índice de verticalização entre 13 cidades do interior paulista, superando municípios como Campinas, Jundiaí e São José dos Campos. O crescimento populacional e a chegada de novas empresas contribuíram para ampliar a demanda por imóveis em diferentes regiões da cidade.

Bairros como Parque Campolim, Alto da Boa Vista e parte da zona norte passaram a concentrar edifícios residenciais de médio e alto padrão. Regiões antes marcadas por loteamentos horizontais passaram a se verticalizar em ritmo acelerado.

“A cidade chegou a um ponto em que o crescimento horizontal ficou limitado. O adensamento agora se dá com a construção de prédios em áreas com infraestrutura já implantada”, diz Casas.

A zona norte, historicamente vista como uma região de menor valorização, passou a receber empreendimentos com valores superiores a R$ 1,5 milhão. O mesmo movimento é observado em bairros como Vila Hortência, Vergueiro e na própria zona leste. Segundo o diretor do Secovi-SP, não há mais áreas desvalorizadas na cidade, pois todas as regiões passaram a contar com infraestrutura urbana e comercial própria.

Estrutura pronta

“As incorporadoras já perceberam que há espaço para desenvolvimento na região central. A estrutura está pronta; falta pensar em novos modelos de ocupação que façam sentido para os moradores de hoje”, afirma Casas.

Além da reocupação do Centro, o crescimento urbano segue em outras frentes. A região da rodovia João Leme dos Santos, que liga Sorocaba a Salto de Pirapora, e o eixo da Raposo Tavares, são apontados como novos vetores de desenvolvimento.

“As cidades crescem como as pessoas: em fases. Primeiro vem o desenvolvimento, depois a necessidade de resolver o que esse desenvolvimento causa. Agora, é o momento de reorganizar e planejar”, avalia Julio Casas. (Murilo Aguiar - programa de estágio)