Base Aérea de Sorocaba é referência em aviação policial

Unidade se destaca em segurança pública, resgates aeromédicos e treinamento inovador de tripulações policiais

Por Cruzeiro do Sul

Cabine móvel de simulação em Sorocaba treina pilotos e tripulação, reduzindo riscos e custos



O coronel Wagner Tardelli esteve ontem (18) nas instalações da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), mantenedora do jornal Cruzeiro do Sul. Em entrevista, ele comentou sobre a Base Aérea de Sorocaba, inaugurada em 13 de agosto de 2010, marco para a segurança pública na região e hoje referência nacional em operações aéreas da Polícia Militar. Segundo Tardelli, o projeto vinha sendo amadurecido há mais de uma década. “A ideia vinha sendo discutida desde 1998, mas só se efetivou em 2010.”

Naquele ano, o Governo do Estado distribuiu aeronaves pelas regiões administrativas e Sorocaba — que corresponde à 4ª região administrativa e ao Comando de Policiamento do Interior (CPI-7) — recebeu seu primeiro helicóptero. A cidade passou a integrar o grupo de Campinas, São José dos Campos e litoral, que já contavam com grupamentos aéreos.

Segurança e integração

A chegada da aeronave ampliou a capacidade operacional das forças policiais. “A presença da aeronave agrega muito ao policiamento: ela amplia a comunicação, agiliza operações conjuntas com bombeiros, Polícia Florestal e outras forças, além de ter um forte efeito de dissuasão sobre a criminalidade”, explicou Tardelli.

O coronel destacou ainda a importância do resgate aeromédico, já implantado em São Paulo e Campinas e que pode ser levado a Sorocaba. “Com o hospital regional já equipado com heliponto, bastaria estruturar escalas médicas. A chegada de um helicóptero em situações de urgência garante agilidade e eficiência de primeiro mundo.”

Inovação no treinamento

No início, os treinamentos eram feitos de forma improvisada em São Paulo, “em cima de hangares”, relembrou Tardelli. Mas em Sorocaba surgiu uma solução inovadora: dois policiais, o tenente Marcheto e o sargento Gonçalves, lideraram a construção de uma cabine de simulação, com apoio da empresa Schaeffler, do engenheiro Rui, e de outra indústria local.

O resultado foi um equipamento avaliado em R$ 1,5 milhão, que reproduz fielmente um helicóptero. “Diferente do simulador alemão, que é estático, em Sorocaba a cabine é móvel, permitindo treinar tanto pilotos quanto tripulação em manobras como rapel e maguary ( para içar pessoas ou objetos em locais de difícil acesso)”, explicou.

A estrutura também trouxe impacto financeiro positivo. “Isso reduziu custos — já que uma hora de voo custa até 1.500 dólares — e, sobretudo, riscos de acidente durante treinamentos.”

Referência nacional

Devido ao investimento, Sorocaba tornou-se centro de excelência em reciclagem de tripulações aéreas. “Todos os policiais do Grupamento Aéreo do Estado de São Paulo vêm treinar aqui anualmente, e até forças de outros Estados utilizam a estrutura”, ressaltou Tardelli.

“Com a cabine de simulação, os erros são corrigidos em ambiente controlado, os custos diminuem e a preparação é muito mais segura antes do voo real”, acrescentou.

Mais de uma década após a inauguração, a Base Aérea de Sorocaba não apenas fortaleceu a segurança regional, mas também colocou a cidade no mapa da inovação em aviação policial no Brasil. (João Frizo - programa de estágio)