Sonho que muda de endereço

Sorocaba tem histórias de quem chegou e fez da cidade o lugar para fincar raízes

Por Cruzeiro do Sul

"Vim em busca de novas oportunidades. A cidade me acolheu muito bem e, desde então, me dei muito bem por aqui. Sou muito grato por esse acolhimento", diz Carlos Munetachi Hayashida

Toda cidade é feita de ruas, praças e prédios. Mas Sorocaba também é feita de chegadas. Algumas tão antigas que viraram lembrança de família; outras, recentes, ainda frescas no cheiro do café de manhã cedo.

Sorocaba sempre teve um jeito particular de receber quem chega. No final do século XIX, eram estrangeiros e migrantes vindos de diferentes regiões do Brasil, atraídos pelo trabalho e pela promessa de uma vida nova. Muitos desembarcavam trazendo poucas roupas, algumas fotografias e um punhado de sonhos. Alguns se perderam pelo caminho, mas outros encontraram aqui terreno fértil para florescer.

Carlos Munetachi Haya­shida fez de Sorocaba o seu ponto de chegada para uma nova etapa da vida. “Vim em busca de novas oportunidades. A cidade me acolheu muito bem e, desde então, me dei muito bem por aqui. Sou muito grato por esse acolhimento.”

Do campo ao coração de Sorocaba

Paranaense de Assaí, filho de japoneses que vieram ao Brasil antes da Segunda Guerra, Carlos cresceu na lavoura. “Até os 22 anos, minha vida foi o campo. O sonho de todo mundo é se estabilizar, ter uma boa família, e graças a Deus consegui isso”.

A mudança começou com o trabalho de metalúrgico em Jundiaí e Piracicaba. Em 1988, aos 34 anos, chegou a Sorocaba e construiu novos alicerces: formou-se em arquitetura e urbanismo, fez especializações e tornou-se empresário do ramo de materiais de construção, à frente do Grupo Interpisos, com cinco lojas na cidade.

Ao mesmo tempo, fez da solidariedade parte de sua rotina. “Sempre que posso, ajudo o próximo”. Apoiou o Lar São Vicente de Paulo, a Vila dos Velhinhos, a Apae, a Universidade de Sorocaba (Uniso) e campanhas como a do Eric Moreno, empresário que recebeu transplante de coração. “Na campanha dele, produzimos camisetas para arrecadar fundos e também participei das doações”.

Voluntário ativo no Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS) e na União Cultural e Esportiva Nipo Brasileira, Carlos também integrou conselhos municipais e apoiou mais de 500 projetos na região. E, fora do trabalho, encontrou outra paixão: o atletismo. “Corro pela saúde. Já conquistei troféus e medalhas, mas o que vale mesmo é continuar ativo”.

Aos 71 anos, ele carrega uma certeza. “No fim das contas, o que importa é se a pessoa está feliz ou não -- e eu estou totalmente feliz. Realizei o sonho não só meu, mas também da minha família e de algumas pessoas que pude ajudar.”

João Frizo - programa de estágio