Faltam medicamentos em UBSs de Sorocaba

Reportagem verificou o problema em duas unidades básicas de saúde na zona norte da cidade

Por Thaís Marcolino

Na farmácia da UBS do Jardim São Guilherme, funcionários dão as mesmas respostas

A cada ida, a mesma resposta: “não tem e não tem previsão de quando chega”. Dezenas de moradores de Sorocaba ouvem essa frase quando vão às Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade em busca de medicamentos de uso contínuo. Pacientes que frequentam o posto do Jardim São Guilherme, na zona norte, dessa vez reclamam da falta dos remédios azukon e fluoxetina, destinados ao tratamento de diabetes tipo 2 e depressão, respectivamente.

Segundo a Prefeitura de Sorocaba, o problema vai permanecer, isso porque os medicamentos estão em processo de compra. Contudo, apesar de questionada sobre um prazo, a data não foi indicada. O assunto é pauta frequente no Cruzeiro do Sul e, volta e meia, toma os comentários das redes sociais do jornal. A reportagem percorreu dois postos na zona norte de Sorocaba para ouvir a população sobre a falta de remédios, na terça-feira (12).

A situação é desgastante para quem precisa do medicamento para ter uma melhor qualidade de vida. Maria Madalena Pereira Santos Wanderlei utiliza há oito anos a fluoxetina e a falta é frequente na UBS do São Guilherme. Nos últimos três meses, ela tem ido buscar a medicação e, como só tem recebido respostas vagas, a alternativa tem sido comprar de maneira particular. Porém, o dinheiro que vai para a farmácia desfalca o planejamento familiar. “A cada dois meses são R$ 120, fora os remédios de diabetes do meu esposo, que também não tem lá. Eu tenho que diminuir a compra do mês para conseguir comprar a medicação”, comenta a dona de casa de 52 anos.

Também na UBS São Guilherme, a reportagem encontrou o seu Adenir Cardoso da Silva, de 53 anos. Ele chegou ao posto com a esperança de achar, finalmente, o azukon para sua esposa tomar, mas a ida foi em vão, assim como a busca pelo medicamento na Policlínica há algumas semanas. O remédio, segundo ele, não aparece no estoque há dois meses e a alternativa tem sido comprar. O valor é R$ 40. Apesar de parecer pouco por mês, para quem é trabalhador, faz falta, expressa o preparador e regulador de máquinas. “É direito da população esse medicamento. O secretário de Saúde tem de ver isso para nós, porque quando é época de eleição, faz uma carreata e, na hora que a gente precisa deles, não tem ninguém”, relata.

O azukon e a fluoxetina foram os principais medicamentos com falta relatada pelos moradores do São Guilherme. Contudo, a reportagem conversou com outros pacientes, que informaram que vários remédios deixam de ser fornecidos na UBS. A situação incomoda tanto que seu Isael Ferreira Modesto sempre vai atrás da ouvidoria para reclamar, porque, segundo ele, é a última alternativa. “Ela pode não resolver o problema, mas pelo menos a secretaria fica sabendo que está faltando. Às vezes resolvem, mas às vezes, não. Isso é uma situação ruim, né?”, opina.

Muda a UBS, mas o problema, não

São 3,5 quilômetros de distância entre a UBS São Guilherme e a UBS do Parque São Bento, mas o problema é o mesmo. Por volta das 11h, o fluxo de pacientes era pequeno na farmácia, mas a reportagem conversou com um morador do bairro que relatou que não tem muitos remédios. Porém, Manoel Cândido de Oliveira, de 74 anos, não soube relatar os nomes. O aposentado comentou que ele não precisa usar, mas já presenciou vizinhos indo buscar insulina e não encontrando. “Os remédios não são baratos e é uma situação bem complicada, mas o que me incomoda mesmo é o atendimento. Aqui é péssimo”, expõe.

O que diz a prefeitura

Diante das indagações dos moradores, o Cruzeiro do Sul questionou a prefeitura. Sobre o abastecimento dos medicamentos, explicou que está em processo de finalização de compra. “Assim que houver a normalização dos estoques, as unidades de saúde serão imediatamente reabastecidas para a retomada da entrega aos pacientes.”

Referente ao atendimento criticado pelos pacientes da UBS São Bento, a prefeitura não respondeu, assim como o pedido da lista de todos os medicamentos que estão em falta no município. “Por ora, os munícipes podem acompanhar remotamente a disponibilidade do remédio pelo link no site da Prefeitura: https://saude. sorocaba.sp.gov.br/destaques/programa-de-medicamento-gratuito/”, finaliza a nota.