Revitalização de espaços públicos em Sorocaba gera debates

A revitalização de espaços públicos em Sorocaba, como o Largo do Divino, na Vila Espírito Santo, e a cobertura de guarda-chuvas no bulevar Braguinha, no Centro, tem gerado debates entre moradores e comerciantes. Enquanto parte da população destaca avanços na limpeza, segurança e atração de visitantes, outros apontam falhas na manutenção, problemas estruturais e desafios de mobilidade que comprometem o uso desses locais.

O Largo do Divino, localizado na rua Dr. Luiz Mendes de Almeida, passou por revitalização concluída em outubro de 2022 pela Construtora Planeta, por meio do programa municipal Adote Sorocaba. Desde então, o espaço, que abriga uma histórica igreja centenária, é mantido pela iniciativa privada com limpeza, roçagem e jardinagem. Apesar das críticas, a empresa afirma realizar regularmente os serviços de manutenção.

O padre da paróquia local, Paulo Severino Malconi, lembra que antes da reforma a praça concentrava muitas pessoas em situação de rua, o que causava insegurança devido a brigas e assaltos. Após a reforma, houve diminuição desse público, o que, segundo ele, foi um ponto positivo para a comunidade.

Outro funcionário da igreja, Guilherme Augusto Calegare, confirma a melhoria e ressalta que a limpeza ocorre duas vezes por semana, combinando serviços da empresa responsável e da prefeitura. Ele destaca também que a instalação de um parquinho atraiu famílias e crianças para a praça.

Por outro lado, moradores apontam problemas que comprometem o uso do espaço. Um ex-militar, que preferiu não se identificar, critica a infestação de pombos, risco de doenças e reclama do entulho de obras deixado no entorno, que atrai as aves. “As crianças brincam entre fezes de pombo. Precisamos de uma campanha séria para controlar isso”, afirma. Ele também questiona a durabilidade dos bancos instalados, que estariam trincando menos de um ano após a entrega. Guilherme Calegare comenta que jovens realizam manobras radicais com bicicletas e skates nos bancos, o que pode contribuir para os danos.

Além disso, moradores pedem a instalação de um semáforo para melhorar o trânsito local. “Já coletamos mais de 700 assinaturas pedindo semáforo nos cruzamentos próximos, onde acontecem muitos acidentes”, relata o ex-militar.

Apesar dos avanços em limpeza, segurança e uso familiar, frequentadores acreditam que o Largo do Divino ainda enfrenta desafios na durabilidade das estruturas e mobilidade ao redor, solicitando melhorias.

Cobertura divide opiniões

A cobertura de guarda-chuvas na rua bulevar Braguinha, no Centro de Sorocaba, também recebeu reclamações de comerciantes locais. A instalação, parte de uma iniciativa para revitalizar a área e atrair visitantes, tem gerado críticas pela demora na manutenção.

Thiago Castillo trabalha próximo ao bulevar e relata que, em dias de chuva ou vento forte, os guarda-chuvas caem na rua, atrapalhando a passagem. Funcionários do local precisam recolher os itens e depois entregá-los às equipes da prefeitura. Marcos Antunes da Silva, que também trabalha nas proximidades, acrescenta que muitas pessoas aproveitam quando os guarda-chuvas caem para levá-los embora.

Por outro lado, comerciantes como Crislaine Rodrigues Nopp, proprietária de um estabelecimento, consideram a cobertura positiva para o comércio. Ela percebeu aumento na passagem de clientes e afirma que muitas pessoas vão ao local para tirar fotos, o que impacta nas vendas.

O que diz a construtora

Em nota, a Construtora Planeta informou que a reforma no Largo do Divino durou seis meses e foi entregue em 31 de outubro de 2022. A empresa participa do programa Adote Sorocaba desde 2019, com contrato atual iniciado em agosto de 2024 e duração de 36 meses.

“Realizamos regularmente serviços de manutenção como roçagem, podas e jardinagem. Participamos do programa Adote Sorocaba desde julho de 2019 e nos responsabilizamos pela manutenção dos espaços adotados, com limpeza completa e conservação, contribuindo com a gentileza urbana na cidade. Frequentemente colaboramos com o município por meio de ações mitigadoras, realizando diversas obras sem custos para o Poder Público”, diz a nota.

O que diz a prefeitura

A Prefeitura de Sorocaba informa que a fiscalização das adoções é feita conforme cronograma do adotante, com visitas da Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo) para acompanhar as ações previstas. Pendências são notificadas e prazos solicitados para correção, com nova visita para conferência.

A população pode contribuir informando irregularidades pelo telefone 156, onde a Ouvidoria Municipal recebe informações, comentários e elogios para intervenção rápida. Até o momento, não há apontamentos contra as ações do Adote Sorocaba.

Sobre a cobertura de guarda-chuvas no bulevar Braguinha, a Serpo e o adotante são responsáveis pela manutenção quinzenal.

O que diz a Associação Comercial

A ACSO informou em nota que, apesar de participar do programa Adote Sorocaba, não tem responsabilidade na manutenção ou implementação das melhorias no local, essa responsabilidade, segundo a associação, é da Prefeitura de Sorocaba. A parceria entre a Acso e a Prefeitura no programa é no trecho da rua Barão do Rio Branco até a rua XV de Novembro e tem o prazo de um ano (dezembro de 2024 até dezembro de 2025), mas deverá ser renovada por mais um ano (dezembro de 2025 até dezembro de 2026).

O que é o Adote Sorocaba

O programa permite que pessoas físicas e jurídicas adotem espaços públicos, assumindo a responsabilidade pela manutenção e melhorias sem custos ao município. Atualmente, 20 empresas participam. A administração municipal destaca que iniciativas como a adoção do Largo do Divino têm tornado espaços mais seguros e atrativos, citando também a Praça dos Tropeiros e o bulevar Braguinha.

As adoções seguem as regras previstas em lei e decretos municipais, com contratos geralmente de cinco anos, podendo ser renovados ou encerrados. A população pode acompanhar os espaços adotados por meio do Jornal do Município e da Agência de Notícias no portal da Prefeitura.

“O adotante assume o compromisso de cuidar do espaço e propor melhorias por meio de um Programa de Trabalho aprovado pela Prefeitura, sem custo para o município. O espaço passa a ser responsabilidade do adotante, que deve mantê-lo com recursos próprios”, afirma o órgão público em nota. (Lavínia Carvalho - programa de estágio)