Mutirão odontológico de Sorocaba enfrenta alto índice de faltas
Ação oferece tratamento de canal e cirurgias orais; nova etapa ocorre no próximo sábado (23)
Ainda era cedo quando o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), na Policlínica Municipal de Sorocaba, começou a receber os primeiros pacientes na manhã de ontem (9). Equipamentos ligados, equipe em movimento e a expectativa de um dia cheio. A Prefeitura, por meio da Coordenação de Saúde Bucal da Secretaria da Saúde (SES), havia planejado o primeiro de dois mutirões no mês — o próximo será no dia 23 — com foco em tratamentos de canal e cirurgias orais.
O objetivo, segundo a SES, é agilizar atendimentos especializados e reduzir a fila de espera, garantindo um acesso resolutivo e humanizado aos cuidados odontológicos na rede pública. Porém, logo nas primeiras horas, uma realidade preocupante se impôs: cadeiras vazias.
“Hoje, tínhamos 350 pacientes agendados para o mutirão e 214 compareceram. Isso representa um absenteísmo de 39%, um número muito alto considerando todo o planejamento feito”, afirma a dentista e coordenadora da Saúde Bucal, Jéssica Flumignan Diniz. Na radiologia, o cenário foi semelhante: 80 agendados e apenas 50 atendidos, o que equivale a 38% de faltas.
Segundo ela, no início do dia, nas primeiras duas ou três horas, o índice de ausência chegou a 50%. “Normalmente, a taxa de faltas em qualquer tipo de atendimento, seja na UBS, agendado ou em mutirões, gira em torno de 30%. Os horários com menos ausência costumam ser 12h, 13h e 14h. Depois disso, no fim da tarde, volta a aumentar, provavelmente porque as pessoas não querem mais sair de casa. Mas nunca vimos uma quantidade tão alta como hoje.”
No mutirão realizado ontem (9), a Prefeitura abriu 350 vagas para tratamento de canal. Para preenchê-las, foi preciso acionar 722 pacientes da fila de espera. Desses, 372 já haviam desistido. “O mutirão é uma estratégia para agilizar a busca dos pacientes que estão aguardando e verificar se a necessidade atual é a mesma registrada quando a guia de referência foi emitida. Os que comparecem já saem com o raio-X, medicações prévias e encaminhamentos prontos, para que o tratamento seja realizado nas próximas três semanas, dentro da rotina da unidade, sem custo adicional para o município”, explica.
O agendamento dos pacientes é feito pela Central de Regulação de Vagas Eletivas da Saúde Bucal, que organiza uma fila única conforme prioridades. Segundo a administração municipal, gestantes e crianças de até 12 anos têm prioridade e não aguardam em fila para atendimentos especializados.
Quem foi, no entanto, aproveitou a oportunidade. A técnica de enfermagem Rosana Camargo, 43, esperava há cerca de um ano. “Fui chamada na última sexta-feira e já fui atendida: fiz o raio-X enquanto aguardava. Fui bem atendida, tudo tranquilo. Quanto mais mutirões assim, melhor para a população, porque ajuda a diminuir a fila”, diz.
O bartender José Rodrigues dos Santos Júnior, 30, também elogia. “Aguardava desde o final do ano passado. Há duas semanas recebi uma mensagem perguntando se eu ainda tinha interesse, confirmei e logo marcaram. Achei o atendimento rápido e eficiente. Daqui a duas semanas retornarei para o procedimento.”
Segundo a coordenadora, a lógica do mutirão é acelerar etapas: os pacientes saem já com exames de imagem, medicações necessárias e encaminhamento para concluir o tratamento em até três semanas, sem custo adicional para o município.
A próxima etapa do mutirão será no dia 23 de agosto, novamente no CEO, das 7h30 às 17h. Para a equipe, a expectativa é de que a procura seja maior e as cadeiras permaneçam ocupadas do início ao fim. “É um esforço grande de mobilização e organização para garantir acesso e resolutividade. Precisamos que as pessoas compareçam, porque cada vaga perdida é alguém a mais que continua na fila”, reforça Jéssica.
João Frizo - programa de estágio