Escola Antônio Padilha é marco da educação e patrimônio histórico

Por Cruzeiro do Sul

Centro de Estudos de Línguas funciona em prédio anexo

Em meio aos imóveis comerciais e residenciais da rua Cesário Mota, no centro de Sorocaba, ergue-se uma construção que guarda mais de um século de memórias e fatos marcantes: o prédio histórico da Escola Estadual Antônio Padilha, símbolo do avanço educacional paulista e um marco para a cidade.

O nome que batiza a escola homenageia Antônio Egydio Padilha de Camargo, homem de forte atuação política e comunitária na Sorocaba do século 19. Nascido em 1863, era filho de José Padilha de Camargo e Maria Padilha de Camargo, irmão de João e Manoel Padilha de Camargo, e casado com Dionísia Nogueira Padilha. Comerciante, vereador, subdelegado, intendente municipal e maçom, ele defendia que a educação pública gratuita era fundamental para o desenvolvimento social.

Em uma época em que o ensino se restringia às elites ou à Igreja, Antônio Padilha mobilizou influências políticas para viabilizar a criação do primeiro grupo escolar público de Sorocaba. Conseguiu, com o apoio de seu amigo José Alves de Cerqueira César, presidente interino do Estado, a autorização para a implantação da escola. No entanto, faleceu em 7 de agosto de 1895, antes de ver a inauguração. Originalmente, o grupo escolar se chamaria Cerqueira César, mas a comunidade optou por batizá-lo com o nome de Padilha, reconhecendo seu papel no projeto.

Primeiros passos

O Grupo Escolar Antônio Padilha foi inaugurado em 28 de março de 1896, marcando o início do ensino público gratuito em Sorocaba. Funcionou inicialmente em um prédio alugado na esquina da rua Brigadeiro Tobias com a rua Monsenhor João Soares. Em 1905, mudou-se para um sobrado na rua Monsenhor Soares e, em 1910, ganhou sede própria na rua Cesário Mota, endereço que se tornou referência para a formação de gerações.

Há ainda o registro do historiador Aluísio de Almeida, publicado em uma edição do Cruzeiro do Sul, apontando que o primeiro local de funcionamento teria sido na esquina da rua Braguinha com rua Souza Pereira, indicando que a escola passou por diferentes endereços antes da construção definitiva.

O prédio inaugurado em 1910 foi projetado por Manuel Sabater e integrava um conjunto de quatro escolas estaduais erguidas no período. Sua construção fazia parte da política educacional da Primeira República, que visava ampliar o acesso ao ensino básico e formar professores nas escolas normais.

Entre 1890 e 1930, o governo do Estado de São Paulo construiu 126 escolas com tipologias semelhantes, consolidando uma rede escolar que transformou a educação paulista.

Tombamento

O prédio histórico foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat) em 2010 e pelo Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Paisagístico de Sorocaba (CMDP) em 1996, garantindo sua preservação como patrimônio cultural, histórico e arquitetônico.

Atualmente, o prédio centenário abriga o Centro de Estudos de Línguas (CEL), que oferece cursos gratuitos de idiomas como alemão, espanhol, francês, inglês e japonês. A escola funciona em um prédio construído na década de 1970 ao lado do original, atendendo mais de 1.400 alunos nos ensinos fundamental e médio. Parte das dependências antigas também abriga a Diretoria Regional de Ensino.

Durante visita ao local, a equipe de reportagem do Cruzeiro do Sul constatou a realização de obras na unidade. Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que “a obra citada contempla a reforma da quadra de esportes da unidade e deve ser concluída em outubro deste ano”. 

João Frizo - programa de estágio