Câmara articula ações para minimizar impactos do tarifaço
Criado com o objetivo de avaliar os impactos locais do chamado “tarifaço” de 50% imposto pelo governo dos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, o grupo de trabalho da Câmara de Sorocaba se reuniu, na manhã de ontem (28), com representantes da prefeitura e do setor empresarial para discutir os próximos passos a serem implementados com o objetivo de mitigar os efeitos da medida.
Os vereadores Roberto Freitas (PL) e Ítalo Moreira (União Brasil), que integram o grupo, discutiram ações emergenciais com representantes do empresariado e do Executivo municipal. Participaram da reunião, entre outros, o representante da Secretaria da Fazenda, Doingles Batista de Moraes; o presidente do Parque Tecnológico de Sorocaba, Nelson Tadeu Cancelara; e o presidente da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Erly Domingues de Syllos.
Diagnóstico em construção
Durante o encontro, os vereadores relataram que estão em busca de dados precisos sobre os impactos das tarifas na economia sorocabana, por meio de articulações com órgãos estaduais, municipais e empresas da região. Já foram identificados casos de empresas locais que tiveram pedidos de exportação aos Estados Unidos cancelados em função da nova tarifa.
Outra preocupação levantada durante a reunião foi a possibilidade de o Brasil adotar uma medida de reciprocidade tarifária, o que poderia afetar ainda mais as empresas brasileiras que também dependem de importações vindas dos EUA, agravando o cenário com um efeito duplo de perdas.
“Não é possível tomar decisões sem termos um diagnóstico da situação”, destaca Roberto Freitas. Ele reforçou a importância de levantar dados detalhados sobre o perfil das empresas exportadoras da cidade, além de avaliar os impactos em áreas como o emprego, a arrecadação do município e a demanda por serviços públicos. “Se o desemprego aumentar, por exemplo, os trabalhadores perdem seus planos de saúde e passam a utilizar a rede pública, o que pressiona ainda mais o orçamento municipal”, complementa.
O vereador do PL também comentou que, com base nesse diagnóstico, será possível articular com os governos estadual e federal a criação de medidas de apoio, como linhas de financiamento e abertura de novos mercados internacionais. Uma das alternativas já em estudo pela prefeitura é a concessão de isenção fiscal para empresas afetadas pela tarifa norte-americana.
Diversificação e estratégia internacional
Ítalo Moreira reforçou que Sorocaba exporta aproximadamente US$ 190 milhões para os Estados Unidos por ano e citou o setor aeroespacial como um dos mais impactados. “Com essa tarifa, muitas indústrias já estão tendo pedidos suspensos, o que gera grande preocupação”, comenta.
Como resposta, o grupo de trabalho também estuda a criação de um Observatório de Exportação, que terá como finalidade promover a participação de empresas locais em feiras internacionais e facilitar a inserção de seus produtos em novos mercados, como os da União Europeia e da Ásia. “O propósito é transformar a crise em oportunidade”, destaca Ítalo, lembrando que outras cidades já adotaram esse caminho com bons resultados.
Ao final da reunião, Roberto Freitas informou que, em até 15 dias, o grupo deverá concluir o diagnóstico inicial com dados detalhados. Ele já acionou o Governo do Estado em busca de informações, enquanto o vereador Izídio de Brito (PT) buscará apoio junto ao Governo Federal.
Além de Roberto Freitas, Ítalo Moreira e Izídio de Brito, integram o grupo os vereadores Rafael Militão (Republicanos) e João Donizeti (União Brasil). (Da Redação, com informações da Câmara de Sorocaba)