Câmara vota projeto do Executivo sobre transparência na fila da saúde
PL anterior sobre o mesmo tema, que alterava lei de 2013, foi vetado pela Prefeitura
Os vereadores de Sorocaba votarão nesta terça-feira (1º) o projeto de lei de autoria do Executivo sobre a transparência na fila da saúde. A matéria foi apresentada em 11 de junho, após o veto do prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) ao projeto do vereador Dylan Dantas (PL) de mesmo tema. Uma lei que obriga o Executivo a divulgar a lista de pacientes que aguardam por consultas, exames e cirurgias no Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de um site, existe desde 2013, mas não é cumprida pela Administração Pública. A sessão extraordinária está marcada para começar às 11h.
Existe no município de Sorocaba uma lei que obriga a Prefeitura a divulgar a lista de pacientes que aguardam por consultas, procedimentos de diagnóstico e cirurgias na rede pública de saúde do município. Criada a partir de um PL do vereador Fernando Dini (PP), a norma destaca que a divulgação deve contemplar a ordem de espera dos pacientes e ocorrer por meio de um site.
Em 29 de abril, a Câmara de Sorocaba aprovou um novo projeto que modifica a legislação vigente para ampliar a transparência sobre a gestão das filas de espera na saúde pública municipal. A proposta do vereador Dylan Dantas (PL) pedia informações detalhadas sobre o tempo médio de espera, a quantidade de atendimentos realizados, a distribuição geográfica dos pacientes e a garantia de sigilo por meio de senhas individuais.
No entanto, em 23 de maio, o prefeito Rodrigo Manga (Republicanos) vetou o PL. Na justificativa, a Prefeitura alega que o veto total se deve a razões jurídicas, pois a proposta desconsidera a natureza federativa e o regime de competências impostos ao SUS. Em 11 de junho, o Executivo apresentou um novo projeto na Câmara sobre o mesmo tema, ressaltando que esse PL não interfere em competências estaduais ou federais, restringindo-se à esfera municipal. O veto total foi aprovado em 24 de junho pela maioria dos vereadores.
Votaram a favor do veto: Cícero João (Agir), Alexandre da Horta (Solidariedade), Caio Oliveira (Republicanos), Fausto Peres (Podemos), Fábio Simoa (Republicanos), Jussara Fernandes (Republicanos), Silvano Jr. (Republicanos), Rafael Militão (Republicanos), Cristiano Passos (Republicanos), Cláudio Sorocaba (PSD), João Donizeti (União), Rogério Marques (Agir), Rodolfo Ganem (Podemos), Toninho Corredor (Agir), Luís Santos (Republicanos) e Henri Arida (MDB).
Votaram contra o veto: Dylan Dantas (PL), Tatiane Costa (PL), Roberto Freitas (PL), Fernando Dini (PP), Ítalo Moreira (União), Fernanda Garcia (PSOL), Raul Marcelo (PSOL), Iara Bernardi (PT) e Izídio de Brito (PT).
Lei é ignorada
O novo projeto de lei sobre a fila da saúde, protocolado pelo Executivo, revoga a lei já existente. Em 6 de junho, o Cruzeiro do Sul mostrou que a Prefeitura não cumpre a lei há 12 anos, pois não existe um site que realiza essa divulgação. Em fevereiro, o vereador Ítalo Moreira (União Brasil) protocolou um requerimento questionando a Prefeitura sobre os motivos pelos quais a lei não é aplicada. Em resposta, enviada em 8 de maio, a Secretaria da Saúde informou que “a publicação ativa da fila de espera ainda não foi implementada em razão da transição tecnológica para o novo Sistema de Gestão Pública de Saúde”.
Naquela ocasião, o Executivo disse também que a previsão era de que a plataforma estaria disponível no site da Secretaria da Saúde até o fim do primeiro semestre de 2025. No entanto, em resposta a reportagem, a Prefeitura ressaltou que a transição estaria em fase final e poderia ser concluída até o fim deste ano.
Após a repercussão do caso, a deputada estadual Erika Hilton (PSOL) protocolou uma representação no Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) solicitando providências. Um ofício, assinado em 12 de junho pela promotora Cristina Palma, foi enviado à SES. Segundo a Promotoria, a secretária da Saúde, Priscila Renata Feliciano, deveria apresentar informações discriminadas por procedimento médico aguardado e pela data de inserção do paciente na fila.
O MP também solicitou esclarecimentos sobre as denúncias de falta de acesso público a essas listas, bem como à posição do paciente na fila. A Prefeitura de Sorocaba tem prazo de 20 dias, a partir do recebimento do documento, para responder aos questionamentos. Em nota, a SES informou que recebeu o ofício e cumprirá o prazo de resposta ao Ministério Público.