Frio intenso demanda atenção para crianças e idosos

Enquanto os idosos perdem parte da capacidade de manter a temperatura interna estável, as crianças menores de cinco anos ainda estão com o organismo em desenvolvimento

Por Thaís Marcolino

Independente da idade, os médicos afirmam que a primeira coisa é ficar bem agasalhado

As temperaturas na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) despencaram na madrugada de quarta-feira (25). Várias cidades registraram mínimas próximas do 5°C, mas a sensação térmica ficou abaixo de zero para muitas pessoas. O frio fez com geadas fossem vistas nas primeiras horas da manhã pela população, que teve que reforçar o agasalho para enfrentar o dia gelado. Especialistas frisam que idosos e crianças ficam mais vulneráveis nesse período.

Isso acontece porque, no caso dos idosos, eles perdem parte da capacidade de manter a temperatura interna estável. Além disso, há uma alteração no sistema nervoso central. “O frio também provoca a contração dos vasos sanguíneos, o que eleva a pressão arterial e aumenta o risco de infarto ou AVC”, explica o geriatra do Hospital Evangélico de Sorocaba, Dr. Adson da Silva Passos.

Já nas crianças, sobretudo aquelas menores de cinco anos, o organismo ainda está em desenvolvimento. A pediatra do Hospital Amhemed, Fernanda Ferrari, comenta que “por isso, aumenta o risco de hipotermia e agrava doenças respiratórias, como asma, bronquite, que são mais comuns no inverno. Além disso, a tendência de ambientes fechados favorece a transmissão de vírus.”

Para evitar tais problemas, as orientações médicas são as mesmas para os dois públicos: manter-se agasalhado e hidratado, evitar exposição ao frio e mudanças bruscas de temperatura, ambiente aquecido e sem grandes correntes de ar.

Não é indicado

Segundo o dr. Adson, alguns comportamentos comuns no frio podem ser prejudiciais à saúde do idoso. Entre eles, usar fontes de calor de forma inadequada, ignorar os sintomas de alerta (tremores, pele fria ou pálida, confusão mental e sonolência excessiva podem ser sinais de hipotermia e exigem atenção médica imediata), suspender ou ajustar medicações por conta própria e reduzir o consumo de água.

Os papais, por sua vez, precisam ficar atentos a outros detalhes, como "não exagerar nos aquecedores ou abafamento do ambiente, porque o ar seco pode irritar as vias aéreas e piorar esses quadros respiratórios. Evitar o uso de roupas ou cobertores com pelos soltos, que podem desencadear um quadro de alergia. E, por fim, não deixar as crianças dormir com gorros ou cachecóis soltos no beiço ou na cama pois pode gerar sufocamento", detalha a pediatra.

"O frio é um desafio para todos, mas para os idosos ele pode ser perigoso. Com medidas simples — e muita atenção da família, vizinhos e cuidadores — é possível atravessar os dias mais gelados com segurança e saúde", finaliza o geriatra.

Termômetros lá em baixo

Uma moradora do bairro Ipanema das Pedras, em Sorocaba, viu o termômetro que tem em casa marcando 0°C nas primeiras horas da manhã e enviou para a redação do jornal Cruzeiro do Sul. Ainda no bairro, a grama branca, resultado da geada, foi fotografada. A situação foi presenciada em vários locais da cidade e também na região. Outras pessoas registraram também o gelo sobre o carro. Segundo a Defesa Civil do Estado de São Paulo, a situação deve-se à passagem de uma forte massa de ar polar em todo o território paulista.

Entre os municípios que registraram as menores temperaturas na madrugada estão: Itapetininga (-0,73°C), Tietê (0,3°C), São Miguel Arcanjo (0,6°C), Tatuí (0,7°C), Sarapuí (1,7°C), São Roque (1,9°C), Porto Feliz (3°C), Sorocaba (3,6°C) e Itu (4,1°C). Os dados são do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro).

Vai continuar?

Em entrevista ao Cruzeiro do Sul, o chefe de operações do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), tenente Jordão, explicou que a massa de ar polar já está se afastando do Estado e que a previsão para os próximos dias é de elevação gradual das temperaturas. Nesta quarta-feira (26), a mínima fica em torno de 12°C na região de Sorocaba: “A massa de ar polar acontece depois da frente fria (chuva) que vem do continente, por que atrás vem uma alta pressão que traz esse frio mais intenso. Já quando a frente fria vem pelo oceano, as temperaturas tendem a não cair tanto.”

Ainda conforme o tenente, em julho há previsão de outras massas de ar polar, trazendo frio para todo o território paulista. O próximo mês, inclusive, deve ser o mais gelado, como prevê a estação atual. (colaborou Lavínia Carvalho - programa de estágio)