Dor que os números revelam: violência contra as mulheres exige ação coletiva
Estados como Rondônia, Roraima e Amapá lideram as taxas por cem mil habitantes
O Brasil registrou, em 2024, os maiores números de feminicídios e estupros dos últimos anos, segundo o Mapa da Segurança Pública de 2025. Foram 1.459 feminicídios — média de quatro mulheres mortas por dia — e 83.114 casos de estupro, com 86% das vítimas sendo do sexo feminino. Estados como Rondônia, Roraima e Amapá lideram as taxas por cem mil habitantes.
Apesar de avanços legais, como a nova Lei 14.994/24, que aumentou a pena máxima para feminicídio para 40 anos, e a atualização da Lei Maria da Penha com uso de tornozeleiras eletrônicas, a violência persiste. Para o sociólogo Rodrigo Ghiringhelli de Azevedo, da PUCRS, “é preciso aprimorar os mecanismos legais e garantir que funcionem com agilidade e sensibilidade”.
Mais do que ações institucionais, o enfrentamento exige envolvimento de toda a sociedade. A violência contra a mulher é um problema cultural e estrutural, mas pode ser enfrentado com informação, apoio e ação coletiva. Cada atitude conta. Escutar, acolher, denunciar e educar são passos fundamentais para salvar vidas e transformar o futuro de milhares de meninas e mulheres brasileiras. (Da Redação)
5 FORMAS PRÁTICAS
A seguir, confira cinco formas práticas de contribuir no combate à violência contra mulheres e meninas:
1. Escute com empatia
Ao ouvir um relato, não julgue. Acredite na vítima e ofereça acolhimento. “O momento do registro da denúncia é delicado. A vítima precisa de acolhimento emocional, não de desconfiança”, afirma Rodrigo.
2. Incentive a denúncia
Ao saber de uma situação de violência, oriente a vítima a registrar boletim de ocorrência e, se possível, a acompanhe.
A denúncia pode ser feita pelo 190 ou pelo 180, que também oferece orientação.
3. Apoie emocionalmente
A violência abala a autoestima da mulher. A Casa da Mulher Brasileira e centros de apoio psicológico oferecem suporte gratuito. Também é importante acolher filhos que testemunharam agressões, pois o trauma pode se repetir em gerações futuras.
4. Denuncie discursos violentos
Redes sociais e grupos on-line têm propagado ideologias machistas e perigosas, especialmente entre jovens. Denuncie conteúdos e comportamentos que incentivem a violência.
5. Informe-se e compartilhe conhecimento
Educar-se sobre o tema é essencial. “Violência não é só física, pode ser emocional, patrimonial, moral. É preciso entender isso para saber como agir”, lembra Irmão Sandro André Bobrzyk, coordenador do Centro Marista de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente.