Espera por atendimento na UPH Zona Oeste demora duas horas
Caso o paciente precise de medicação e exames, tempo é ainda maior; pulseiras de diferentes cores definem a prioridade
A Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Zona Oeste pode demorar mais de duas horas para receber uma pessoa com prioridade intermediária no primeiro atendimento médico — se precisar de medicação e exames, o tempo é bem maior.
Na manhã de ontem (15), o Cruzeiro do Sul esteve na unidade verificando o atendimento. A chegada foi por volta de 9h20. A primeira etapa é se dirigir ao balcão de atendimento. A demora pode chegar a vários minutos, em uma fila que pode ter até oito ou dez pessoas. A atendente — havia três delas, sendo uma exclusiva para o público infantil — já disse que o atendimento ia demorar por falta de pessoal. Questionada se era por causa da falta de pagamentos, ela respondeu que sim.
Para passar na primeira triagem, que define o andamento do caso dependendo da prioridade, a atendente não explicou como seria, apenas quando questionada disse que pulseiras de diferentes cores — azul (casos complexos, verde (casos intermediários e sem riscos), amarela (urgência) e vermelho (emergência) — definem a prioridade.
Enquanto isso, cerca de 50 pacientes aguardam a vez de serem chamados. Todas as cadeiras estavam ocupadas. Alguns sentavam até no chão. O fluxo de entrada era constante, enquanto poucos deixam a UPH. Eram homens, mulheres, idosos, adolescentes e crianças de todas as idades — inclusive de colo.
Um aviso em uma das entradas da unidade informa aos pacientes parte da divisão do atendimento da UPH: Triagem 1 e 2; Consultórios clínicos 1, 2, 3 e 4; Consultórios pediátrico 1 e 2; Consultório odontológico; Emergência; Sala de Processamentos; Medicação; Raios X e Coleta de Exames.
Depois de 40 minutos, a triagem chamou para ficar em mais uma fila, desta vez de cinco a seis pessoas. Depois de mais cinco minutos, os funcionários da triagem atendem. Eles tiram a pressão e, finalmente, perguntam o que está acontecendo. Dependendo da resposta, é hora de receber uma das pulseiras coloridas. A situação passada pelo repórter do Cruzeiro se deu com a pulseira verde. Fosse a branca ou a azul, todo o tempo de espera poderia ser bem maior. O que, no caso, demorou 1h30 mesmo com funcionários de postos de saúde chamados para ajudar a compor a equipe da UPH, dito informalmente por um deles.
A espera se deu no mesmo ambiente do primeiro atendimento no balcão, junto com outras pessoas ainda esperando a triagem. Por volta de 11h30, o médico finalmente atendeu. No caso específico do Cruzeiro, o atendimento se encerrou aí, pois o caso não era grave.
Mas o processo burocrático de atendimento continua se fosse algo mais grave. Assim, o médico, nesse primeiro atendimento, pode determinar alguma medicação, o que faz o paciente passar por mais uma etapa, na sala de medicações. Uma vez atendido lá, ele espera o resultado sair e volta com o médico — que pode não ser o mesmo da primeira vez.
Neste segundo atendimento, pode ocorrer de ser pedido exames complementares e mais complexos. O paciente, então, deve enfrentar então outras filas para isso. Depois dessa outra etapa, o paciente retorna uma terceira vez com o médico. Todos esses passos podem levar o atendimento completo a mais duas horas, totalizando cerca de quatro horas.
Falta de pagamento
Um dos médicos disse, informalmente, que estava sem receber o salário, mas que ele poderia cair até as 13h30 de ontem. O pagamento dos 220 colaboradores da área da saúde, que deveria ter sido realizado no dia 7, ainda não foi efetuado. A gestão atual é feita pela Aceni/IASE, que será substituída pelo Banco de Olhos de Sorocaba (BOS) no dia 24.
Uma funcionária, que trabalhou na UPH por três meses, e que prefere não se identificar, disse que não tinha problemas com pagamentos, mas que a falta de medicamentos e materiais era constante, assim como a superlotação, falta de leito e estrutura no geral. “O povo não tem paciência para nada, xinga a equipe de enfermagem como se a culpa fosse nossa. Isso reflete num todo, pois são funcionários cansados e sobrecarregados”, reclama.
Outro funcionário — este ativo na unidade há nove meses —, e que também prefere não dizer o nome, afirma que a empresa sempre pagou corretamente e que o problema de atraso foi recente. No entanto, aponta outras dificuldades, como parte do processo de trabalho ser manual e não digitalizado, o que colabora com o atraso no atendimento. Ele explica que são quatro equipes para atuar nas 24 horas de trabalho, divididas em dois horários — diurno e noturno — e que a demanda de pacientes do SUS é muito alta. Ele acredita que, com a nova gestão, alguns desses problemas serão resolvidos.
Vai pagar
Vice-presidente do Sinsaúde Sorocaba, Pablo Pistila, afirmou ontem que a Justiça concordou que o sindicato realizasse o pagamento. “Acredito que entre hoje [ontem] ou amanhã [hoje] saia a guia para liberação dos valores. Saindo, o banco geralmente leva de três a cinco dias úteis para disponibilizar ao sindicato. Sendo disponibilizado, imediatamente iremos fazer uma força-tarefa para iniciar a transferência aos trabalhadores”, explica. (Da Redação)