Faixa Viva em frente da UPH Zona Norte não é respeitada e pedestres reclamam

Criada para garantir mais segurança na travessia de pedestres, a Faixa Viva tem se tornado um desafio para quem precisa atravessar as ruas de Sorocaba. O desrespeito dos motoristas à sinalização e à prioridade dos pedestres gera riscos diários, especialmente em locais de grande circulação. Na região da Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Zona Norte, onde há intenso fluxo de pessoas, a imprudência é evidente.

A reportagem do Cruzeiro do Sul esteve no local e constatou que muitos motoristas ignoram a Faixa Viva, passando em alta velocidade sem reduzir ou demonstrar a intenção de parar. A situação se agrava com a pressa de motociclistas, que trafegam entre os carros e dificultam ainda mais a travessia. Pedestres enfrentam esse problema diariamente.

“É desesperador”

Douglas Fernandes, morador da região, já sofreu na pele as consequências da falta de respeito no trânsito. Atropelado por uma moto enquanto atravessava a rua, ele precisou passar por uma cirurgia e hoje tem dez parafusos na perna.

“O movimento aqui é muito grande, mas os motoristas passam rápido e não respeitam o pedestre. Tem uns que param, mas a maioria não. Eu mesmo fui atropelado aqui por uma moto que fugiu, e nunca consegui encontrar o responsável. O problema é a falta de educação no trânsito. Tem motorista que até buzina e xinga a gente quando tentamos atravessar.”

Ele acredita que a solução passa mais pela conscientização dos condutores do que por novas infraestruturas.

“Já tem um semáforo ali na frente, não dá para colocar outro. O que falta é respeito. Se as pessoas tivessem mais educação no trânsito, não precisaríamos nos arriscar para atravessar.”

Ivanildo Martins, que possui deficiência física, enfrenta ainda mais dificuldades. “Agora mesmo, eu estava vindo do terminal e fui atravessar na faixa com outros senhores de idade. Os motoristas simplesmente não respeitam. Passam rápido, com pressa, e as motos, então, nem se fala! Eles se xingam entre si, brigam, e vêm para cima da gente. Eu sou deficiente, e mesmo assim não respeitam. Acho que um semáforo ajudaria, porque obrigaria os motoristas a parar.”

Uma mulher, que estava acompanhada da filha pequena, contou que sente medo de atravessar.

Ela preferiu não se identificar, mas disse: “Eu sempre espero muito tempo para atravessar. Às vezes, acho que um carro vai parar, mas ele reduz um pouco e logo acelera de novo. Eu tenho uma filha pequena, e é desesperador atravessar com ela, porque não dá para confiar que os motoristas vão parar.”

Um comerciante, que trabalha próximo à UPH, afirmou que já presenciou diversas situações perigosas. “Eu vejo muita gente arriscando a vida aqui. O pedestre precisa ficar tentando adivinhar se o motorista vai parar ou não. Já vi idosos quase sendo atropelados porque confiaram que o carro ia parar e, no último momento, o motorista acelerou. Não tem fiscalização suficiente para garantir que a faixa seja respeitada.”

O que diz a Semob?

A Secretaria de Mobilidade (Semob) informou que Sorocaba conta com 1.520 faixas de pedestres, 250 Faixas Vivas e 240 faixas elevadas, distribuídas estrategicamente em pontos de grande circulação.

Segundo a Semob, a Faixa Viva, que possui pintura vermelha e branca para melhor visibilidade, facilita a travessia e melhora a mobilidade. No entanto, reforça que cabe ao motorista reduzir a velocidade e parar quando houver pedestres na travessia, conforme determina o artigo 70 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

A Semob destacou que tem trabalhado em três frentes para garantir um trânsito mais seguro: Fiscalização (monitoramento do tráfego com mais de 2.500 câmeras e agentes de trânsito); educação para o trânsito (programas de conscientização e ações educativas); e engenharia de tráfego (com a instalação e revitalização de faixas e outros dispositivos de segurança).

A Secretaria também informou que, em 2024, foram realizadas 504 ações educativas, impactando cerca de 155 mil pessoas. Para fevereiro de 2025, estão programadas 41 atividades sobre segurança no trânsito, incluindo a ação Faixa Viva — Mímicos, que orienta pedestres e motoristas sobre o uso correto das faixas.

Apesar das iniciativas, os relatos colhidos pela reportagem mostram que a realidade nas ruas ainda está longe do ideal. Enquanto motoristas não respeitarem a prioridade dos pedestres, a travessia continuará sendo um risco diário em Sorocaba. (João Frizo - programa de estágio)