Construção da barragem do Piraí depende de autorização do Ibama

Consórcio Intermunicipal espera obter a liberação nos próximos meses para acelerar as obras

Por Vinicius Camargo

Liberação para instalação da represa foi assinada em dezembro de 2023, mas serviços ainda estão em fase de cercamento da área onde ficará o reservatório


Passado quase um ano da liberação para a construção da barragem do Piraí, a obra ainda depende de autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para avançar. Com isso, não há previsão de término dos trabalhos.

O Consórcio Intermunicipal do Ribeirão Piraí (Conirpi) — formado por Indaiatuba, Salto, Itu e Cabreúva — assinou a liberação para instalação da represa em dezembro de 2023. No entanto, no comunicado mais recente sobre o andamento do projeto, informou que os serviços estavam em fase de cercamento da área onde ficará o reservatório.

Em boletim divulgado no seu site, em outubro deste ano, o Conirpi alega que o Ibama realizou visita técnica ao terreno. Segundo o informe, uma equipe de especialistas em flora e fauna percorreu toda a área de abrangência do empreendimento “avaliando a conformidade com as exigências ambientais e garantindo que os procedimentos de monitoramento e mitigação dos impactos estejam sendo devidamente seguidos”.

Ainda conforme a nota, a vistoria detalhada faz parte do processo para concessão da Autorização de Supressão da Vegetação (ASV). “A aprovação desta autorização é um dos requisitos fundamentais para o avanço da obra, permitindo que as etapas subsequentes de implementação, incluindo a supressão da vegetação, possam ser realizadas de acordo com os padrões ambientais e legais.”

O Consórcio Intermunicipal espera obter a liberação nos próximos meses e, com isso, acelerar as obras. De acordo com o 5º Boletim Informativo da Obra da Barragem do Piraí, em agosto e setembro, as atividades continuavam em ritmo reduzido, com avanço apenas na construção da cerca de delimitação da barragem. O informe foi publicado em 9 de outubro.

A contenção, informa o Conirpi, tem o objetivo de estabelecer claramente os limites da represa, além de assegurar o cumprimento das normas ambientais e de segurança.

“A continuidade da construção da barragem, sempre com rigorosos controles ambientais, visa não apenas assegurar a eficiência na gestão dos recursos hídricos, mas também respeitar e preservar o meio ambiente local”, diz o consórcio.

Os boletins informativos

Os boletins informativos atualizam o andamento dos trabalhos. O primeiro saiu em 12 de dezembro de 2023, apenas anunciando a assinatura da autorização para o início dos serviços.

O segundo foi publicado em março deste ano, informando o início da instalação do canteiro de obras. Este processo foi concluído um mês depois, segundo o terceiro comunicado, divulgado em 20 de maio. Houve a implementação da guarita, escritório administrativo/fiscalização, refeitório, sanitário/vestiário, almoxarifado e baias de materiais de consumo.

O mesmo material avisa sobre a implementação de postes de energia e início da construção do vertedouro. Depois, o quarto comunicado — veiculado em 9 de agosto — explica que a escavação do vertedouro atingiu as metas planejadas para o período.

Ele também noticia a conclusão da cerca para delimitação do canteiro e o começo da demarcação do perímetro das áreas desapropriadas. Esta etapa prosseguia até setembro, conforme já citado.

Relatório

Segundo o Conirpi, uma das iniciativas para diminuir os impactos ambientais das intervenções, bem como promover a preservação da biodiversidade e de espécies, foi a elaboração do 1º Relatório Monitoramento e Conservação da Fauna e Ictiofauna. A pesquisa ocorreu entre agosto e setembro, durante o período da estação seca/inverno.

O consórcio detalha que, no decorrer de dez dias, uma equipe observou animais em campo e em diferentes horários — manhã, tarde e noite. Houve o registro de várias espécies de fauna e ictofauna (peixes), sobretudo peixes e aves locais, além de mamíferos como o sagui.

O Cruzeiro do Sul perguntou ao Conirpi se, após a visita, o Ibama já emitiu um parecer; quais outras providências o consórcio pretende tomar para reduzir os impactos da obra; e se a construção avançou em relação ao último boletim. Porém, não houve retorno.

A reportagem também questionou o Ibama sobre o objetivo da visita, se alguma irregularidade foi constatada, o que ainda falta para expedição da Autorização de Supressão da Vegetação e se o instituto determinou a adoção de providências para diminuição dos danos da instalação da represa. Contudo, nenhum questionamento foi respondido. (Vinicius Camargo)

 

Barragem armazenará 9,7 bilhões de litros de água

 

Com investimento previsto de R$ 227 milhões, a barragem do Piraí armazenará mais de 9,7 bilhões de litros de água. O reservatório terá 3,5 quilômetros de extensão, com largura média de 450 metros e profundidade de 15 metros.
Ocupará uma área total de 3.441.210 metros quadrados, sendo 1.823.960 m² de espelho d’água e 1.617.250 m² de área de preservação ambiental.
O objetivo do reservatório é garantir o fornecimento de água, mesmo nos períodos de estiagem, para cidades que sofrem com seca. Entre os municípios a serem beneficiados estão Salto e Itu, na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). (V.C.)