Faltam trabalhadores para levantar prédios

Profissionais mais procurados na construção civil são pedreiros, eletricistas, encanadores e mestres de obra

Por Cruzeiro do Sul

Mercado imobiliário de Sorocaba está em expansão e oferece oportunidades


O mercado imobiliário de Sorocaba segue em plena expansão, impulsionado por uma crescente demanda por novos empreendimentos e obras em diferentes regiões da cidade. Entretanto, a falta de profissionais qualificados para atuar na construção civil tem sido um dos desafios do setor. Grandes construtoras enfrentam dificuldade para preencher as vagas.

A Construtora Planeta, uma das maiores em atuação no município, possui 14 canteiros de obras ativos e emprega 1.600 trabalhadores. A empresa tem quase 40 vagas abertas, distribuídas entre funções operacionais, administrativas e técnicas. Recentemente, duas novas obras foram iniciadas na cidade: o Pátio São Paulo, na zona leste, e o Square Saint Lambert, no Portal da Colina.

Segundo Welma Pereira, diretora administrativa financeira da construtora, a empresa está em constante expansão e novas vagas são atualizadas semanalmente. “Em cada novo canteiro de obras surgem oportunidades para integrar profissionais à nossa equipe”, afirma.

Em Sorocaba, a construção está entre os setores que mais abriram vagas em 2024, totalizando um saldo positivo de 613 entre janeiro e agosto, de acordo com números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). No entanto, a oferta de trabalhadores qualificados não tem acompanhado o ritmo das contratações.

Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil de Grandes Estruturas no Estado de São Paulo (SindusCon-SP), o setor foi o quarto que mais abriu vagas de trabalho em agosto no Estado e “se mantém aquecido, porém o ritmo de crescimento do emprego no setor vem desacelerando”. Conforme o SindusCon-SP, “muitas obras estão em estágio avançado e não demandam novas contratações de pessoal, mas a desaceleração também reflete em parte a falta de mão de obra qualificada para o setor”.

A falta de qualificação profissional é um dos principais obstáculos apontados pelas construtoras. As funções mais procuradas incluem pedreiros, eletricistas, encanadores, mestres de obra e técnicos em edificações. De acordo com o sócio e diretor comercial da Construtora Comatt, William Romano, também há uma demanda crescente por operadores de máquinas pesadas, além de mão de obra técnica, como engenheiros civis e arquitetos, que têm sido disputados pelas construtoras. “Esses profissionais são essenciais para manter o ritmo das obras e garantir a qualidade do empreendimento”, diz ele.

No entanto, muitos candidatos ainda não possuem a formação necessária para atuar nessas áreas. “Infelizmente, a falta de qualificação profissional é um grande desafio no setor da construção civil. Muitas vezes, temos de lidar com a escassez de trabalhadores com as competências necessárias para atuar em projetos mais complexos. Isso tem levado as empresas a investir cada vez mais em treinamentos internos para garantir que os profissionais estejam aptos a lidar com as tecnologias e métodos de construção mais modernos”, comenta Romano.

O SindusCon-SP informa que mantém parcerias com a Faculdade de Tecnologia (Fatec) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para qualificação de mão de obra. “Temos um curso de mestre de obras em andamento, uma parceria com o Senai com 37 pessoas inscritas. Para a turma de 2025 já temos cerca de 60 inscritos”, diz o sindicato. Também há uma parceria com a Fatec de Votorantim para o curso de formação de controle de obras, com 27 pessoas.

Capacitação

Diante desse cenário, muitas empresas do setor têm investido em capacitação interna para formar seus próprios profissionais. As construtoras, em parceria com instituições de ensino e sindicatos, oferecem cursos preparatórios para funções específicas, como a de pedreiro e eletricista. “Muitas construtoras, inclusive a nossa, oferecem cursos preparatórios e de reciclagem para garantir que os trabalhadores estejam atualizados com as melhores práticas do setor, tanto em questões técnicas como comportamentais. Além de melhorar a qualificação da mão de obra, esse tipo de iniciativa também fortalece a relação da empresa com os funcionários e melhora a qualidade final dos projetos”, explica Romano.

Com a escassez de profissionais locais, muitas construtoras também buscam trabalhadores em outras cidades e regiões. “Nós temos profissionais de acabamento com gesso vindos do Estado do Piauí, por exemplo. E já tivemos também profissionais até de outro país, no caso, do Haiti”, conta o sócio da Comatt.

Com o déficit de mão de obra qualificada, muitas construtoras estão expandindo sua busca por trabalhadores em cidades vizinhas ou até em outros estados. “Isso é particularmente comum em áreas mais especializadas, como acabamentos, eletricistas e hidráulicos, nas quais a demanda é alta e a oferta local é limitada”, diz Romano.

O salário médio inicial para funções operacionais, como a de pedreiro, costuma variar entre R$ 2 mil e R$ 3.500, dependendo da experiência e da especialização do trabalhador. Funções mais técnicas, como mestre de obras e técnicos em edificações, podem oferecer remunerações que partem de R$ 4.500. O setor oferece ainda oportunidades de crescimento, à medida que o trabalhador adquire mais experiência e qualificação. Para cargos que exigem maior especialização os valores são maiores e podem ultrapassar os R$ 7 mil mensais. (João Frizo - programa de estágio)