Tempo seco, umidade baixa e queimadas prejudicam a saúde, alerta pneumologista
Até quem não tem problema respiratório pode desencadeá-lo ao ter contato frequente com a oscilação térmica e de umidade
Desde a semana passada os paulistas convivem com mais uma onda de calor em pleno inverno. A temperatura acima dos 30°, combinada à baixa umidade do ar e incidência frequente de queimadas, são um alerta para aumentar os cuidados com a saúde, principalmente na parte respiratória. É o que explica o pneumologista, Carlos Imamura.
"A Umidade Relativa do Ar (URA) boa é de 60% ou mais. Abaixo de 30% já é considerado desértico e isso aumenta as chances de ressacamento da mucosa do nariz e garganta, além da parte respiratória que acaba sofrendo bastante com isso", esclarece o médico.
Para quem já lida com as doenças respiratórias, como as famosas "itis" -- rinite, sinusite e bronquite -- redobrar os cuidados é essencial para que os sintomas controlados não sejam descompensados. "Esse grupo acaba sofrendo mais e as chances de descompensar a doença base é maior. Então, o que era controlado, pode piorar surgindo uma crise", comentou Imamura.
Mas o tempo seco também pode atingir até quem não tem nenhum problema parecido. Isso porque, segundo o pneumologista, é comum que essas pessoas desencadeiem processos inflamatórios e infecciosos ao ter contato frequente com a oscilação térmica e de umidade.
E essa névoa seca?
Diante do cenário, tem sido comum o céu amanhecer, e ficar durante o dia, embaçado e opaco. A condição, que se parece com fumaça é causada pela névoa seca. O fenômeno meteorológico ocorre quando as temperaturas estão mais altas e os níveis de umidade do ar baixos.
Estar em contato com ela, assim como com queimadas, sua foligem, pó e poeira contribui para o desenvolvimento dos problemas respiratórios. "Qualquer um pode ter tosse, chiado no peito, só pela inalação de tudo isso", observou o especialista do pulmão.
"Tem a questão da umidade, associada a altas temperaturas e, apesar de estarmos no inverno, ele está atípico e está parecido com o outono, ou seja, quando acordamos a temperatura está baixa, sobe ao longo do dia e à noite cai de novo. A variação térmica prejudica o organismo", complementou o dr. Imamura.
Aumento no atendimento
Segundo o médico, tem sido constante os pedidos de encaixe dos pacientes com doenças crônicas porque os sintomas estão agudos. Mas não é só na rede particular que nota-se um aumento no atendimento, na pública também.
A Secretaria Municipal de Saúde (SES) de Sorocaba teve 1.112 atendimentos de síndromes gripais e respiratórias entre julho e agosto de 2024. Em julho foram 7.432 e, em agosto, 8.544. O levantamento abrage unidades de emergência e emergência (UPHs, UPA e PAs).
Como minimizar os efeitos
O pneumologista deu dicas do que fazer em dias quentes e secos. O principal é a hidratação com água ou sucos naturais, ainda mais para o grupo mais vulnerável, que são crianças e idosos. "A quantidade depende do peso corporal, mas uma dica é ver a cor do xixi. Quanto mais claro, significa que mais hidratado está o organismo", orientou.
Outros pontos de atenção e que ajudam é ter uma dieta equilibrada, estar preparado para as variações térmicas e umidificar o ambiente com bacia d'água ou toalha molhada, pois a evaporação do líquido auxilia na umidade do ar.
Além das medidas pessoais, é importate que as pessoas não coloquem fogo em áreas de mata. "Isso só piora ainda mais a nossa situação, então se alguém ver, denunciar é necessário", finaliza o pneumologista.