Estimativa do IBGE aponta novo crescimento populacional de Sorocaba
De acordo com o órgão, a população estimada de 2024 é de 757.459 pessoas — 33.777 habitantes a mais do que divulgado pelo Censo do ano passado
Maicon Suel Silva, de 28 anos, é natural de Ribeirão Preto, cidade localizada a aproximadamente 315 quilômetros da capital. Em junho deste ano, o fonoaudiólogo especialista em gerontologia decidiu morar em Sorocaba. Para ele, aqui há melhores oportunidades de trabalho e também mais qualidade de vida.
“Sorocaba é uma cidade muito boa, uma cidade grande, que tem muitos potenciais. O legal de Sorocaba é que ela é uma cidade metropolitana, uma cidade grande, e ela é apreciada, por quem está fora, principalmente, por conta das oportunidades de trabalho, crescimento profissional e pessoal. Eu vim para Sorocaba por conta disso. A cidade oferece trabalhos com bastante potencial de melhoria na vida e o legal também é que não parece uma grande cidade como São Paulo. Então, ela tem o tamanho de uma cidade grande, mas com cultura e estrutura de interior, isso é bem legal”.
Assim como Maicon Suel, Sorocaba recebeu diversas pessoas nos últimos anos. Segundo o Censo de 2023, até 2022, a cidade tinha 723.682 habitantes. Na última semana, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novos dados. De acordo com o órgão, a população estimada de 2024 é de 757.459 pessoas — 33.777 habitantes a mais. Esse número é maior do que algumas cidades da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). Em Araçoiaba da Serra, por exemplo, a população estimada é de 26.696. Já na última estimativa divulgada, em agosto, pela Fundação Seade, o número era um pouco diferente: 733.601 habitantes em Sorocaba.
Interior x capital
Conforme a arquiteta e urbanista Sandra Lanças, a dinâmica de escolher o interior ao invés da capital para moradia foi fortalecida após a pandemia. Muitas empresas aderiram ao home office e forneceu essa facilidade ao funcionário. “Principalmente depois da pandemia, o pessoal descobriu que dá para trabalhar remoto, com o fortalecimento da indústria digital e tem também questão dos aluguéis na Capital, moradias são caras, então, você une o útil ao agradável. Morando no interior, você tem ritmo mais agradável e não há os problemas tão graves de congestionamento, violência urbana, etc”.
Ainda segundo Lanças, o crescimento traz benefícios, mas também prejuízos à cidade. Entre as vantagens estão as melhorias econômicas. Por outro lado, os recursos naturais serão utilizados em maiores quantidades. “Temos o pessoal que vem trabalhar, estudar, e fica. É uma metrópole. Aumenta a questão dos investimentos na cidade, na região, você tem também uma dinâmica maior na economia. A parte que sofre mais pressão é a parte de recursos naturais, porque todos os seres humanos precisam de água e alimentação”.
Outra questão é sobre os preços dos aluguéis. Atualmente, a cidade conta com aluguéis mais baratos em comparação com São Paulo. Recebendo tantas pessoas, os valores podem aumentar. “Os empreendimentos imobiliários são colocados nas áreas mais bem servidas, onde há infraestrutura, parques, sedes comerciais, escolas, pontos de ônibus. Com isso, vai haver um aumento do custo da moradia e vai ter essa busca pelas áreas onde vão ser lançados os empreendimentos. Isso é criado, ele não é nascido do nada, é criado, aumentado mesmo por marketing. Junta uma série de fatores que vai fazer com que áreas sejam mais desejáveis do que outras para serem compradas”, destacou Sandra.
Para comportar o crescimento populacional, o poder público deve fazer um planejamento urbano. Providências precisam ser tomadas agora para que possíveis soluções possam ser aplicadas nos próximos cinco ou dez anos. “Produção de água, recuperar áreas degradadas, ter uma política para retirar pessoas de áreas de riscos, aproveitar as áreas que já estão estruturadas, com esquema de água potável, recolhimento de esgoto, energia elétrica, cabeamento digital. Tudo isso a gente tem muito nas áreas centrais. Infelizmente, as áreas centrais são as que mais estão, não digo abandonadas, mas elas têm um esvaziamento por conta desse crescimento que houve nas cidades maiores e foi criando sub-cidades”, explicou. “Temos muito pronto, reformas são necessárias. Não precisa gastar com recursos que vai precisar comprar, desde que você recupere aquilo que já tem e viabilize para as novas gerações essa questão de moradia”.