Mobilidade difícil
Abril é o mês mais letal no trânsito em 10 anos
Quinze acidentes com mortes foram registrados nesse período em Sorocaba, de acordo com a SSP
Abril de 2024 foi o mês mais letal no trânsito sorocabano nos últimos 10 anos. No respectivo mês, de acordo com o levantamento da Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado, foram 15 acidentes fatais na cidade. Já nos primeiros quatro meses do ano, foram 33. O número é relacionado a homicídios culposos, quando o responsável não teve a intenção de praticá-lo.
Um dos que chamou a atenção da população de Sorocaba, sobretudo por uma das vítimas ser uma jovem mulher, foi o que ocorreu na avenida Dom Aguirre, no dia 27 de abril. Na ocasião, o motociclista teria desviado de um morador de rua e bateu com a motocicleta em uma pilastra. A garota ia na garupa da moto. Em seguida, o motorista de um carro, que vinha atrás, não conseguiu parar, atropelando os dois. Ambos morreram na hora.
Os acidentes fatais ocorridos em abril já são considerados o maior número mensal em 10 anos. Em março de 2024, foram seis. Nos últimos 20 anos, o período com mais mortes no trânsito de maneira culposa foi em junho de 2013, com 19 óbitos, conforme a estatística da Secretaria da Segurança Pública (SSP).
De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o homicídio culposo tem pena de detenção de dois a quatro anos, cumulada com a suspensão ou proibição de tirar uma nova habilitação para dirigir veículo automotor. O crime está descrito no artigo 302 do CTB.
O Cruzeiro do Sul entrou em contato com a SSP solicitando uma entrevista com um delegado para comentar os dados, assim como as consequências penais e a responsabilização. Entretanto, a preferência foi posicionar-se por meio de nota.
“A Polícia Militar realiza operações, incluindo blitz para identificação de motoristas dirigindo sob efeito de álcool. As ações visam, sobretudo, prevenir acidentes e garantir um trânsito mais seguro. Entre elas, a PM desenvolve as operações Direção Segura, com o apoio das polícias Civil e Técnico-Científica. De janeiro a abril deste ano, foram 1.754 operações (bloqueios) no Estado, com 109.633 condutores submetidos ao teste do etilômetro, resultando em 37 autuações em flagrante. Além disso, 6.154 motoristas recusaram-se a realizar o teste e foram autuados”, informou o comunicado.
Lesão culposa
Os dados relacionados a homicídios são altos, mas o de lesão culposa no trânsito — quando alguém, sem intenção de causar danos, age de forma irresponsável e acaba por ferir outra pessoa — é mais expressivo. De janeiro a abril deste ano, foram 278 ocorrências registradas no levantamento da SSP. Em 2014, foram 1.883 em todo ano.
Bruno Ferreira de Queiroz foi vítima recente de um acidente de trânsito em Sorocaba. O auxiliar de entrega estava em sua moto, na avenida Itavuvu, quando um carro o atingiu. Ele foi encaminhado ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) com ferimentos, principalmente na perna esquerda. Ao longo dos 10 dias de internação, o profissional de 32 anos teve três paradas cardíacas e, por pouco, não resistiu. “Foi sério, fraturei o osso da perna. Se estou vivo agora, é por Deus!”, refletiu Queiroz. Por trabalhar com entrega, desde que o acidente aconteceu, no dia 1º de maio, está impossibilitado de exercer a atividade. “É ruim né, mas com perna desse jeito não dá. O cara quase foge também, eu que fiz com que ele ficasse lá e assumisse o problema. Abri até boletim de ocorrência”, complementou o auxiliar.
Conforme o CTB, em seu artigo 303, quando não há a morte do acidentado, a pena de lesão corporal culposa é de detenção de seis a dois anos e suspensão ou proibição de se obter a habilitação para dirigir.
Sensação de insegurança
Sendo vítima ou não de um acidente de trânsito, o senso comum é de que está muito perigoso transitar pela cidade, independente do modal escolhido: motocicleta, carro, a pé e de bicicleta.
“O pessoal tem de ter respeito. Falta muito isso em Sorocaba. Ninguém presta atenção no semáforo, nas faixas de pedestre, só pensam em correr. Se tem de parar, é para parar”, opinou Queiroz.
Na cidade, a pasta que gerencia o trânsito é a Secretaria de Mobilidade (Semob), sob responsabilidade de Carlos Eduardo Paschoini. Em maio, durante os primeiros dias da campanha Maio Amarelo, que visa alertar sobre o alto índice de acidentes fatais e com feridos, o secretário disse que muitos deles poderiam ser evitados e que a mudança de comportamento é fundamental. “A gente percebe que o condutor sabe, mas não cumpre, então tem de mudar o comportamento”, afirmou.
“Se conseguirmos que esses motoristas entendam essas mudanças e alterem o comportamento, dirigindo de forma segura e defensiva, eu não tenho dúvida que a gente vai melhorar muito”, observa Paschoini.
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