Caso do home care está perto de ser resolvido, diz secretário

Cláudio Pompeo explica que prazo concedido pela Justiça e curto para todo o trâmite burocrático

Por Luis Felipe Pio

Secretário da Saúde esteve ontem no Cruzeiro do Sul para explicar andamento do processo

 

Após ter sua prisão requerida por não cumprir uma determinação judicial, o secretário municipal da Saúde, Cláudio Pompeo, conversou ontem (29) com o Cruzeiro do Sul para esclarecer as questões referentes ao fornecimento do serviço de saúde domiciliar (home care), por parte da Prefeitura de Sorocaba, a uma paciente com Alzheimer em estágio avançado. O secretário visitou a sede da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA) -- mantenedora do jornal -- acompanhado do vice-prefeito, Fernando da Costa.

Pompeo e o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), tiveram a prisão requerida depois que a municipalidade não cumpriu a decisão do Tribunal de Justiça (TJ-SP) de fornecer o serviço de home care à paciente Neusa Carvalho Oliveira, de 78 anos -- que teve o agravamento de seu quadro clínico no ano passado. Atualmente, ela está internada em um hospital de Sorocaba. Embora debilitada, a paciente possui condições de receber alta e ser tratada em casa. Por não ter condições financeiras de bancar um home care, a família de Neusa entrou com um pedido na Justiça -- solicitando à Prefeitura o custeio do tratamento doméstico -- e ganhou a ação.

Quando o prazo estipulado pela Justiça venceu, a defesa de Neusa afirmou que o prefeito e o secretário estariam cometendo crime de desobediência ao não cumprir a ordem do TJ-SP. Ontem (29), Pompeo explicou por que não houve parecer do poder público nos autos do processo, afirmando que os trâmites e manifestações são de responsabilidade da Secretaria Jurídica (SEJ). “Nós temos a SEJ que responde nos autos dos processo, dentro dos trâmites legais, e que tem prazo para que tudo possa ser cumprido. [...] Porém, pela (Secretaria da) Saúde, é ‘startado’ todo processo para o atendimento daquele caso. Então, imediatamente, assim que tomamos ciência, nós começamos todo o procedimento para o atendimento”, disse.

Segundo Pompeo, o prazo determinado pela Justiça é curto e os trâmites para a contratação de uma empresa especializada em home care levam tempo. “O que acontece é que na maior parte do tempo o prazo que é dado é inexequível em relação aos trâmites licitatórios. O caso de um serviço de home care, por exemplo, é diferente de um medicamento. [...] Home care é um serviço que precisa ser montado. Tem que contratar uma empresa, abrir todo o processo licitatório. Por mais que isso esteja sendo feito de modo emergencial, isso não dá para ser feito em 10 dias”, afirmou.

“Temos toda a tramitação contratual ocorrendo. Acredito que deva terminar nos próximos dias (o processo). Difícil passar uma data, mas a gente sempre espera resolver dentro do prazo mais curto. Porém, é importante sempre lembrar que nós lidamos com dinheiro público. E o dinheiro público tem uma série de regras. Não dá para que a gente decida uma coisa num dia e no outro dia já colocar em prática”, acrescentou. O secretário também disse que a paciente já foi avaliada pelos profissionais da Secretaria de Saúde (SES) e que o processo está em fase final. Em nota, a Prefeitura disse que “todos os esforços estão voltados para concluir a contração o mais breve possível” e que se manifestará nos autos oportunamente, por meio da SEJ.

A família

O filho de Neusa, Francisco Henrique de Oliveira, relatou ao jornal “descaso e indiferença” por parte da Prefeitura. “O que nos assusta é que a gestão municipal mostrou uma indiferença não só com a minha mãe. Ela também foi indiferente em relação ao Judiciário. O mesmo descaso que eles tiveram conosco, tiveram com o Judiciário ao não se pronunciar”, desabafou. Sobre as afirmações do secretário da Saúde, Francisco torce para que sejam verdadeiras. “Vamos torcer para que seja dessa forma. Minha mãe precisa sair o quanto antes do hospital, mas esse papo de estar em fase final já vem a quase um mês. Realmente houve uma visita há alguns dias, mas não nos trouxe nada de concreto”, disse.

E tem mais

Além das prisões, a defesa de Neusa protocolou quatro pedidos no tribunal: o sequestro do valor mensal referente ao tratamento de Neusa -- que é de aproximadamente R$ 20 mil; a apuração das responsabilidades criminal, civil, e por improbidade administrativa do secretário da Saúde; e o aumento da multa diária de R$ 1 mil aos cofres públicos, que passou a valer quando o Município não cumpriu a ordem judicial no prazo estipulado pelo TJ-SP. Agora, a família espera a decisão do juiz que avalia o caso. (Luís Pio - programa de estágio)