Produtos para a ceia de Natal têm variação de preço de 100%

Se comparado com 2022, o custo é 200% superior, mostra pesquisa da Uniso

Por Virginia Kleinhappel Valio

Entre os produtos com maior de diferença de preços está o quilo da uva passa, que apresentou diferença de 109%; o preço da nozes varia entre R$ 18,75 e R$ 37,98

Consumidores que buscam produtos para a ceia de Natal vão encontrar uma variação que pode chegar a mais de 100% de um mercado para outro, e de mais de 200% se comparado ao valor vendido no Natal de 2022, conforme mostra pesquisa realizada pelo Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade de Sorocaba, realizada em 14 de dezembro.

Entre os produtos com maior de diferença de preços entre os supermercados pesquisados destaca-se o quilo da uva passa, que apresentou diferença de R$ 27,06, ou seja, 109%, sendo o maior preço encontrado R$ 51,96 e, o menor, R$ 24,90. Em segundo lugar aparece a nozes, com preços que variam entre R$ 18,75 e R$ 37,98, uma diferença de R$ 19,23 (103%).

Outros dois produtos procurados para a ceia de Natal aparecem em terceiro e quarto lugar, respectivamente, são eles o panetone de um quilo da marca Bauducco, com preços que variam entre R$ 30,79 e R$ 45,49, uma diferença de R$ 14,70 (48%); e o tender de um quilo, com uma diferença de 43% no valor entre os supermercados, sendo o menor valor encontrado R$ 39,08 e o maior, R$ 55,98. Já os produtos com menores variações foram o espumante de 660/750 ml da marca Aurora, com diferença de R$ 2,00 e o chocottone de 500g da marca Panco, com R$ 1,00 de diferença.

De acordo com o economista e coordenador da pesquisa, Marcos Canhada, essa variação no preço de um mercado para outro acontece não só na época de fim de ano, mas também quando o preço da cesta básica comum é analisada. “Sempre percebemos variações muito significativas. Então não é diferente na ceia de Natal. Temos sentido uma variabilidade muito grande de preço, isso acaba lembrando o consumidor que ele precisa estar atento e que ele precisa pesquisar. É importante usar os canais de internet para uma pré-consulta dos valores dos produtos, porque há variabilidade significativa e ela sempre vai existir”, afirma.

A pesquisa traz também um comparativo dos preços aplicados neste ano, em comparação com o mesmo período de 2022. O produto que registrou a maior alta no preço foi a nozes, com uma variação de 207,38%, já que último Natal era encontrada nos mercados por R$ 6,10 (200g) e hoje é vendida por R$ 18,75. Outro produto que apresentou alta no preço foi o chocotone de 1 quilo da marca Bauducco, vendido no Natal de 2022 por R$ 21,99 e, neste ano, por R$ 30,79, resultando em um aumento de 40,02%.

Canhada ressalta que tratam-se de produtos específicos e com muita variabilidade de itens. De acordo com ele, não há uma motivação específica para o aumento de preço da nozes, por exemplo, que é um produto que tem uma característica de produção e demanda em um momento específico como o Natal. “O que percebemos, quando analisamos anualmente, são variações. No caso da nozes, de 207%, mas temos também a redução do preço do panetone, aumento do chocotone, então percebemos que há uma flutuação grande”, explica.

O economista destaca que a preocupação do laboratório da Uniso é mostrar e servir de instrumento para que a sociedade possa perceber que os preços são livres dentro do mercado, por isso a importância de pesquisar os valores dos produtos e, se necessário, substitui-los. “Se a nozes está muito cara ou se o chocotone está fora do padrão, vamos substituir por um panetone ou por uma noz de outro tipo, ou uma uva passa de outra coloração, que as vezes está com preço melhor, e viver o Natal de uma forma que a família seja feliz, mas sem gastar de forma significativa”, conclui.

Consumidores vão às compras

A busca por ingredientes para a ceia está grande nos supermercados da cidade. Embora o preço de alguns produtos tenha registrado alta, muitas pessoas não abrem mão de comprar e assim garantir o prato desejado. A confeiteira Cássia Cruz, de 43 anos, conta que pesquisa os preços dos produtos, principalmente dos que são necessários para o preparo de sobremesas. “Notei um aumento de preço no leite condensado, creme de leite e chocolates. Percebi que o morango também teve uma alta bem grande no preço. Mas são produtos que não posso ficar sem, por isso pesquiso muito e quando vejo que o preço está legal, aproveito”, disse.

A aposentada Diná Cabrera, de 70 anos, já adiantou a compra para a ceia do Natal. A do Ano Novo vai ficar para a próxima semana. No seu carrinho, chocotone não podia faltar. Para ela, o valor pago no produto não está alto. “Estou comprando o chocotone em promoção. Vi em outros mercados e achei que estavam mais caros, agora que decidi comprar, estou pagando mais barato. Já comprei muitas coisas, como frutas secas e castanhas. Estão caras, mas não dá para abrir mão”, comenta.

Quem também estava com chocotone e panetone no carrinho de compras era a professora Roseli Teixeira, de 57 anos. Ela comprou para presentear, já que neste ano irá passar o Natal e Ano Novo no exterior: “Comprei hoje porque vi em outro mercado e estava mais caro. Eu vou viajar para Dubai, então não vou comprar produtos para a ceia. Esse ano quero ficar livre da cozinha. Estou comprando para presentear, todo mundo gosta de chocotone e panetone”.

Na ida ao supermercado ontem (20), a aposentada Marisa de Queiroz, de 61 anos, encontrou o pernil suíno em promoção. “Estou comprando ingredientes para a farofa e sobremesa. Deixei para comprar tudo hoje. Do Ano Novo, vou comprar depois. Tenho uma vizinha que me manda muitas promoções de supermercados. Na terça-feira (19), ela me mandou que o pernil estava em promoção e eu vim comprar. Consegui comprar o pernil suíno por um preço bom, R$ 13 (kg), o preço que ela havia falado para mim”, conta. (Virgínia Kleinhappel Valio)