Buscar no Cruzeiro

Buscar

Clima

Inmet emite alerta laranja de perigo em razão do forte calor

Temperatura pode chegar aos 40ºC. Ontem os termômetros marcam 32,6°C

19 de Setembro de 2023 às 23:01
Luis Felipe Pio [email protected]
(Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (19/9/2023))

Quem mora em Sorocaba sabe como é conviver com as grandes oscilações do clima. Mesmo durante a estação que deveria ser a mais fria do ano, a cidade atingiu altas temperaturas, que caíam abruptamente de um dia para o outro. Para esta última semana do inverno, que dará lugar à primavera no sábado (23), o Instituto Nacional de Metereologia (Inmet) emitiu um aviso de onda de calor de nível laranja, que significa perigo em decorrência das altas temperaturas esperadas, válido até às 18h de sexta-feira (22). Nessa condição, as temperaturas podem ficar até 5ºC acima da média histórica.

O interior de São Paulo pode chegar aos 40ºC, com destaque para as cidades próximas de Sorocaba, como Itapetininga. Meteorologistas apontam ainda uma piora na umidade do ar no final de semana, com as temperaturas máximas passando dos 40ºC.

Em Sorocaba, ontem (19), a temperatura máxima chegou a 35,4ºC e a previsão para hoje é máxima de 36ºC, segundo o Inmet. Na praça Coronel Fernando Prestes, já é possível observar um cenário onde pessoas circulam e procuram se esconder do sol, sentadas embaixo das árvores, sob as sombras.

Rosângela Tadeu gosta do calor. Ontem ela caminhava pela área central da cidade vestindo roupas leves e disse que só se refresca tomando água gelada - FÁBIO ROGÉRIO (19/9/2023)
Rosângela Tadeu gosta do calor. Ontem ela caminhava pela área central da cidade vestindo roupas leves e disse que só se refresca tomando água gelada (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (19/9/2023))

A autônoma Rosângela Tadeu, de 52 anos, caminhava vestindo roupas leves. Ela disse que gosta de calor e só se refresca tomando água gelada. “A única coisa é água, tomo muita água porque precisa se hidratar bastante, e, claro, tem que usar roupas mais leves”. Questionada se gosta de aproveitar o dia quente para tomar um sorvete, ela respondeu, dando risada: “Sorvete não, é muito calórico”.

A gari Jaqueline Sousa Alves, de 32 anos, encontrava-se varrendo um trecho sombreado da praça. Ela contou que, pela manhã, quando o calor está mais ameno, ela limpa os trechos que ficam expostos ao sol o dia todo. Depois, ela varre o restante do espaço, sob a sombra, para não sofrer tanto com o calor. “Tomo muita água e também uso protetor solar todos os dias, fator 60. Tenho um específico para o rosto e outro para o corpo. Fora que uso essas mangas de proteção que não largo por nada”, disse. As mangas que Jaqueline usa são térmicas e protegem quase todo o braço, do cotovelo ao punho. Além de calças compridas, ela usa chapéu, com tecido para proteger o pescoço.

Professor do Instituto de Astronomia Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP e integrante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-SP), o metereologista Carlos Raupp explicou que o motivo para tanto calor é o sistema de alta pressão atmosférica que se desenvolveu na região central do Brasil e englobou também o sudeste e um pouco da região norte. “Esse sistema inibe a formação de nuvens e precipitação na região. Por isso, temos durante o dia maior incidência da radiação solar na superfície. Esse sistema também resulta nessa massa de ar seco, ou seja, ele inibe a passagem de frentes frias, que vão se concentrar mais na região sul do País”, disse.

Raupp explicou que as chuvas e eventos climáticos, como o ciclone ocorrido no inicio deste mês no Rio Grande do Sul, já são efeitos do El Niño. “O El Niño é um fenômeno que se caracteriza pelo aquecimento das águas superficiais do pacífico e isso leva a alterações em todo padrão de circulação atmosférica do globo. Esses recordes de temperatura e ciclones mais intensos ocorrendo no sul podem ser também um sinal do aquecimento global. Pode ser uma combinação do El Niño com o aquecimento global”, falou.

Durante o mês de julho, inclusive, grande parte do sul da Europa foi atingida por um período intenso e prolongado de calor extremo, com incêndios florestais e mais de 500 pessoas que morreram de calor. Para o professor, as consequências do aquecimento global devem demorar para chegar ao Brasil, mas é uma condição que deve ser encarada com seriedade. “Uma hora deve chegar. Então, a gente tem que agir agora para que a situação melhore lá na frente, no futuro”, afirmou. (Luís Pio - programa de estágio)

Galeria

Confira a galeria de fotos