Polícia
Tornozeleira eletrônica será colocada logo após a audiência de custódia
Medida é válida para reincidentes de furtos e acusados de violência doméstica colocados em liberdade
Os juízes responsáveis pelas audiências de custódia da capital paulista poderão determinar o uso de tornozeleiras eletrônicas aos infratores soltos logo após o procedimento, ainda nas próprias dependências do Fórum. A medida vale, inclusive, para agressores de violência doméstica.
A decisão foi anunciada pelo secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Guilherme Derrite, ontem (28), com exclusividade, durante entrevista à rádio Cruzeiro FM 92,3, no Jornal da Cruzeiro. Assinada em conjunto pelas secretarias de Segurança Pública (SSP) e Administração Penitenciária (SAP), a resolução foi publicada ontem no Diário Oficial.
De acordo com o governo, a iniciativa é um passo importante para reduzir a reiteração criminal de infratores que continuam praticando crimes e fazendo novas vítimas enquanto cumprem pena ou medidas alternativas, nas ruas de São Paulo.
Para colocar a medida em prática, a SSP fará um acompanhamento dos criminosos utilizando a tecnologia. De acordo com o secretário, atualmente mais de 300 mil pessoas condenadas cumprem pena em regime aberto no Estado, sem os adequados mecanismos de monitoramento e acompanhamento.
“Criamos uma ferramenta em que o policial, no tablet da viatura, vai saber onde reside esse criminoso cumprindo pena em regime aberto. Será feita uma fiscalização e quando ele descumprir o que a Lei determina, o policial vai notificar o Poder Judiciário pelo tablet da viatura, pois o sistema já estará integrado”, explicou.
O projeto piloto com o nome de Vigilância, Inteligência, Defesa, Ação (Vida), foi implantado inicialmente em Sertãozinho (SP), cidade localizada a cerca de 320 quilômetros de Sorocaba. Com a iniciativa, a reincidência criminal, que antes era de 68%, média do Estado, foi reduzida para menos de 9%, segundo o secretário.
“Quando tomamos conhecimento disso, decidimos ampliar para todo o Estado. Nos falaram que seria um grande desafio, que iria demorar um ano, e em quatro meses a gente colocou para rodar”, disse.
Balanço positivo
Acompanhado do diretor do Departamento de Polícia Judiciária Interior 7 (Deinter 7), delegado Wilson Negrão, delegado titular da Delegacia Seccional de Sorocaba, José Humberto Urban Filho, e do delegado de Polícia Divisionário da Assistência Policial do Deinter 7 e dirigente da Unidade de Ensino e Pesquisa de Sorocaba (UEP 7), Rodrigo Ayres, Derrite também conversou com o jornal Cruzeiro do Sul e fez um balanço sobre os quatro meses de atuação como secretário. Ele foi recebido por Laelso Rodrigues, diretor da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), mantenedora do jornal.
Na ocasião, Derrite destacou os resultados positivos obtidos pela equipe durante esse início de comando na SSP, principalmente em relação à produtividade operacional. “Quando falamos em produtividade operacional é o aumento no número de prisões, no número de apreensões de drogas (falamos muito em apreensão de droga, porque a droga, não só o tráfico, acaba fomentando uma série de outros delitos). O número de flagrantes de todas as modalidades, apreensões de armas de fogo, flagrantes por roubo, tráfico, aumentou muito e isso vem impactando uma desaceleração do crescimento dos indicadores criminais. O mês de abril, agora, já aponta para um declínio, ou seja, uma redução, tudo isso com menos efetivo”, ressaltou.
Com o número reduzido de policiais nas ruas, Derrite afirma que novos concursos públicos serão abertos no Estado para a contratação de 5,6 mil policiais militares e 3,5 mil policiais civis. Também haverá provas para a Polícia Técnico-Científica. Ao todo, serão mais de 9 mil vagas. As datas ainda não foram divulgadas.
Operações
O secretário apresentou, ainda, o resultado de algumas operações realizadas no Estado. Uma das ações mais recentes foi a segunda fase da operação Box, deflagrada na quarta-feira (26) pela Polícia Civil, em conjunto com o Detran-SP, com o objetivo de combater os desmanches ilegais e os roubos de cargas em São Paulo.
Ao todo, 161 pessoas foram presas e 206 veículos furtados ou roubados foram recuperados. Já na operação Adaga, da Polícia Militar, mais de 2,1 mil pessoas procuradas pela Justiça foram capturadas.
“A operação Adaga, em fevereiro, realizou a prisão de 1.089 procurados e agora, no mês de abril, foram capturados mais de mil indivíduos procurados pela Justiça, com mandado de prisão em aberto. A maior parte é de crimes contra o patrimônio, roubo e furto. Fomos atrás, buscamos e o resultado é impressionante”, enfatizou.
Além disso, Derrite explica as ações que realiza para coibir o tráfico de drogas, principalmente em São Paulo, com o avanço das chamadas “drogas K” (k2, k4 e k9). “Estamos investindo no papel investigativo da Polícia Civil, com isso apreendemos 45 toneladas de drogas no primeiro trimestre, isso representa 11 toneladas a mais, comparado com o mesmo período do ano anterior.
Então, o foco investigativo, trabalho da Inteligência, é o que está trazendo esse grande resultado, evitando que a droga chegue até os pontos de comercialização. Em São Paulo, mais de duas toneladas e meia de drogas que iriam para a cracolândia foram apreendidas”.
Para Sorocaba
Questionado sobre os projetos na área de segurança para Sorocaba, Derrite informou que a cidade deve receber um novo Batalhão da Polícia Militar com novo efetivo. Um estudo para a implantação da iniciativa é realizado pela PM. “Sorocaba comporta uma nova unidade da Polícia Militar. Cidades como Ribeirão Preto e São José dos Campos, que tem mais ou menos o mesmo porte, têm dois batalhões territoriais e um Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep). Jundiaí que é menor tem dois e nós temos um só. Então, vamos criar uma nova unidade aqui com criação de novas vagas, ou seja, aumento real de efetivo, não vou criar um batalhão e tirar efetivo de Votorantim, de Salto de Pirapora”.
O secretário também contou sobre as mudanças na escolta de presos, atualmente realizadas pela Polícia Militar. As viagens passarão a ser feitas por equipes da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). “Esses agentes vão ficar 100% nas escoltas. Isso, para o Interior, será muito importante, porque aquele policial que está fazendo escolta do preso, que leva ele a São Paulo para a audiência criminal, não vai mais fazer isso e focará o trabalho dele no patrulhamento ostensivo. O interior de São Paulo vai ganhar muito com isso, porque é aumento real de efetivo, aumento da segurança da população”, finalizou.
Polícia Civil fez 250 prisões na região de Sorocaba em 2023
Desde o início deste ano, 250 prisões foram realizadas pela Polícia Civil em Sorocaba e municípios da região. Além disso, entre 1º de fevereiro e 26 de abril, 145 operações e ações foram executadas pela equipe. Os dados foram informados ao Cruzeiro do Sul ontem (28), pelo delegado titular da Delegacia Seccional de Sorocaba, José Humberto Urban Filho.
Para o diretor do Departamento de Polícia Judiciária Interior 7 (Deinter 7), o delegado Wilson Negrão, os números representam um resultado positivo e motivado pela proatividade dos policiais. “Todos os policiais estão sendo proativos, trabalhando, tentando antecipar as situações, as condutas, para que possamos trazer um resultado positivo para a sociedade, não só ao sorocabano, mas para a região inteira de Sorocaba, da qual nós cuidamos”.
O diretor do departamento abordou, ainda, iniciativas da polícia voltadas para a área da educação, como a Operação Escola Segura, deflagrada pelo Deinter 7 nos municípios da região. Ele ressaltou, também, a importância do trabalho integrado das forças de segurança.
“A operação teve a participação das polícias Civil e Militar em todas as escolas do Deinter 7. São 79 municípios preocupados com os professores, nossos queridos educadores, com os alunos e com os pais dos alunos”, explicou, acrescentando que “estamos focados nesse trabalho conjunto, trabalho com todas as polícias, Civil e Militar, e as guardas municipais, esse é o nosso foco”. (Vanessa Ferranti)
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