Jovens devem se prevenir contra meningocócica C
Vacina para o público de 15 a 19 anos está disponível até 28 de fevereiro em todas as UBSs de Sorocaba
O número de adolescentes de 15 a 19 anos que se vacinaram contra a meningocócica C em Sorocaba é de 464, até o momento. A vacina protege, principalmente, contra meningites bacterianas, a forma mais grave da doença. Os dados são da Secretaria da Saúde (SES) da cidade. A pasta municipal liberou a imunização para essa faixa etária no dia 18 de janeiro, em consonância com autorização do Ministério da Saúde. O foco é vacinar quem não o fez nas idades recomendadas, ou seja, dos 11 a 14 anos. Em Sorocaba, o prazo para a imunização desse público prossegue até 28 de fevereiro.
Neste ano, considerando todos os grupos contemplados na campanha, foram aplicadas, até agora, 4.460 doses no município, segundo a SES. Deste total, 1.036 munícipes receberam o imunizante ACWY, voltado a crianças e adolescentes de 11 a 14 anos. Outros 3.424 receberam o C (conjugado), destinado a crianças menores de 10 anos, adolescentes de 15 a 19 anos e trabalhadores da saúde.
Na avaliação por públicos, a procura é maior entre as crianças menores de 10 anos, o foco da ação nacional, com 2.494 vacinadas. Em seguida, vêm crianças e adolescentes de 11 a 14 anos (1.036), seguidas por profissionais de saúde (466). Com pouca diferença, adolescentes de 15 a 19 anos aparecem na última posição (464).
Liberação escalonada
A liberação da vacina contra a meningocócica para diferentes grupos ocorreu de forma escalonada. Até então, apenas crianças menores de um ano podiam tomá-la. Conforme o Ministério da Saúde, este é o público com maior risco de adoecimento. Primeiramente, em julho de 2022, a pasta federal ampliou a cobertura para crianças menores de 10 anos e profissionais da saúde com o imunizante conjugado. Segundo o órgão, crianças de até 10 anos não imunizadas devem tomar uma dose. Já os profissionais saúde, mesmo com o esquema vacinal completo, podem receber mais uma dose.
Depois, em setembro do ano passado, o ministério passou a fornecer o tipo ACWY para crianças de 11 a 14 anos não vacinadas nas idades corretas. Posteriormente, em 17 de janeiro deste ano, liberou a vacina conjugada para jovens de 15 a 19 anos. O prazo para todos os novos públicos incluídos na lista de contemplados tomarem as doses termina neste mês de fevereiro.
Cobertura em 2022
Em 2022, houve a aplicação de 43.285 doses da meningocócica C na cidade, entre os tipos C e ACWY. Ao todo, 16.500 crianças menores de 10 anos; 6.622 crianças de 11 a 14 anos; e 6.500 trabalhadores da saúde receberam as doses.
Em relação às crianças menores de um ano, especificamente, 7.750 tomaram o imunizante no ano passado. Conforme a SES, como esse grupo é o foco da campanha, há meta anual de imunização somente para ele, que é de 95%. “A cobertura vacinal para crianças menores de 1 ano atingiu 90% (em Sorocaba, no ano passado), índice acima da média nacional”, informou o órgão municipal em nota. Neste ano, até o momento, 1.564 se vacinaram.
O que é preciso saber sobre a vacina
Confira a seguir as principais informações sobre a imunização contra a meningite:
Diferentes vacinas
Os tipos conjugado e ACMW oferecem proteções diferentes. O primeiro inibe apenas meningites e doenças meningocócicas causadas pela bactéria meningococo C. Já o segundo protege contra patologias ocasionadas por quatro sorogrupos: A, C, W e Y.
Quando tomar
Esta vacina faz parte do Calendário Nacional de Vacinação. São indicadas duas doses aos 3 e aos 5 meses de idade e um reforço, preferencialmente, aos 12 meses.
Alta proteção
Segundo a infectologista Naihma Salum Fontana, meningite é a inflamação das meninges, uma membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal. Até 2020, conforme ela, o sorotipo mais prevalente foi, justamente, o C, respondendo por 80% dos casos. Após esse período, informa ela, há a prevalência do sorogrupo B, seguido pelo W e Y.
De acordo com a médica, os tipos bacterianos, incluindo A, C, W e Y, são os mais transmissíveis e letais, em relação ao virais. Ela destaca que o risco de morte é maior entre pessoas não imunizadas. “A meningite meningocócica possui alta letalidade, de 21%, que pode chegar a 50% em uma população não vacinada. Ou seja, de duas pessoas não vacinadas com a doença, uma pode morrer”, alertou.
Ainda segundo a especialista, em públicos específicos, a doença é silenciosa. Por isso, eles podem transmiti-la sem nem saber da própria contaminação. “Cerca de 10% dos adolescentes e adultos são portadores assintomáticos do meningococo na garganta e podem transmitir a bactéria mesmo sem adoecer, por meio de secreções respiratórias, como gotículas de saliva”, explicou.
Inlcusive, embora crianças menores de 10 sejam mais propensas a adoecer, jovens e adultos são os principais responsáveis pela manutenção da circulação da doença, conforme o Ministério da Saúde. Porém, enfatiza Naihma, a mortalidade em decorrência da patologia é maior entre as crianças.
Todas as meningites são previníveis com a imunização, sendo que a proteção da vacina ultrapassa 97%, conforme a médica. Dessa forma, ela aconselha que todos tomem as doses. A vacinação, explica a infectologista, oferece proteção individual, bem como prevenção da disseminação das bactérias e transmissão da doença no País. “A vacinação em massa protege os grupos mais frágeis que respondem menos à vacinação, pois impede que a bactéria os alcance”, complementa Naihma. (Vinicius Camargo)