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Tráfego bloqueado

Protesto contra eleição de Lula para a rodovia Raposo Tavares

Manifestação iniciada por populares às 16h no km 101 ganhou adesão de caminhoneiros e entrou pela noite

01 de Novembro de 2022 às 00:01
Thaís Marcolino [email protected]
Ao anoitecer, manifestantes se acomodaram em colchões e barracas, prometendo permanecer no local por tempo indefinido
Ao anoitecer, manifestantes se acomodaram em colchões e barracas, prometendo permanecer no local por tempo indefinido (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (31/10/2022))

Eleitores favoráveis ao atual presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), fecharam a rodovia Raposo Tavares, no quilômetro 101, em Sorocaba, ontem (31), à tarde, para protestar contra o resultado do segundo turno da eleição, ocorrido no domingo (30), em que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, foi eleito para assumir o cargo mais alto do País a partir do ano que vem. O grupo, formado por cerca de 300 pessoas -- conforme estimativa dos organizadores --, pretendia passar a noite na rodovia e não tinha hora para encerrar a manifestação. Atos semelhantes aconteceram em outras regiões do Brasil.

Apesar de tomar força durante a tarde, pela manhã já era possível ver a movimentação de caminhoneiros no mesmo local. Alguns caminhões foram estacionados no acostamento da rodovia por volta das 11h, porém, cerca de 15 minutos depois a via foi totalmente liberada, segundo a CCR ViaOeste, concessionária que administra a Raposo Tavares. Na ocasião, motoristas aproveitaram para fazer um vídeo chamando a população e caminhoneiros para participarem da paralisação geral programada para as 16h.

“Estamos aqui por resistência civil e não aceitamos a fraude nas urnas que houve nos dois turnos. Resistiremos o quanto precisarmos, não vamos sair daqui tão cedo”, disse o empresário que participava do ato, Ádison Procópio de Camargo.

Um pouco antes do horário de pico, manifestantes a pé foram em direção à rodovia no sentido capital, tanto na pista local quanto na expressa, e bloquearam o tráfego de veículos como anunciado. Durante a primeira meia hora de protesto, com acompanhamento da Polícia Militar Rodoviária (PMR), os manifestantes liberavam de cinco em cinco minutos cada sentido da via. Porém, filas de veículos começaram a se formar. No decorrer do ato, caminhoneiros aderiram e foram estacionando em uma das faixas da pista local, no sentido capital. Quem passava buzinava para os manifestantes.

Às 19h30, congestionamento era de 500 m no sentido Capital e de 3 km para o interior - FÁBIO ROGÉRIO (31/10/2022)
Às 19h30, congestionamento era de 500 m no sentido Capital e de 3 km para o interior (crédito: FÁBIO ROGÉRIO (31/10/2022))

O motorista carreteiro Anderson Gonçalves Martins, que seguia com destino a Dourados (MT), precisou ficar parado por conta do protesto, porém, por ser favorável a Bolsonaro, não viu problemas. “A gente tem que parar mesmo, não podemos aceitar esse resultado. Eles já ficaram 16 anos no poder e a gente viu que não fizeram nada e não será agora que farão. Agora o País está melhor”, analisou. Apesar de transportar oxigênio para hospitais, como o tanque estava vazio, pode participar do ato, caso contrário, teria que seguir viagem por conta da periculosidade do carregamento.

Depois de uma hora, o sentido capital também ficou interditado e mais motoristas tiveram que parar. Por um bom tempo, ninguém passou pela Raposo Tavares em ambos sentidos. Para evitar um transtorno ainda maior, a PMR e a CCR passaram a informar os melhores desvios ao longo do trecho. Para quem ia no sentido da Capital, as rotas de fuga indicadas ficavam próximas aos quilômetros 104 e 102. Já para quem trafegava sentido interior, o último ponto de desvio era na avenida Nogueira Padilha, na zona leste.

Com o passar das horas, mais caminhoneiros aderiram à manifestação e as pistas locais, em ambos sentidos, foram transformadas em estacionamentos para caminhões. Alguns motoristas acabaram parando seus veículos nas outras pistas também.

Segundo a CCR, até às 19h30 de ontem, a pista sentido Capital apresentava 500 metros de congestionamento. Já no sentido interior, os motoristas enfrentaram três quilômetros de lentidão.

Sem hora para terminar

Durante toda a manifestação, a população gritava palavras de ordem como “Lula ladrão”, “Nossa bandeira jamais será vermelha” e cantavam em coro os hinos Nacional, da Bandeira e da Independência, além de falarem do orgulho de serem brasileiros e patriotas. Haviam crianças e famílias vestidas com cores da bandeira brasileira.

Quando a noite se aproximava, colchões, barracas e garrafas de água começavam a chegar para aqueles que desejavam passar a noite na rodovia. Segundo alguns líderes, não havia horário previsto para a manifestação terminar em Sorocaba, da mesma forma como ocorria em outras partes do País: de maneira pacífica e “resistindo em prol de um País melhor”.

A Polícia Rodoviária, tanto por meio do policiamento no chão quanto pelo helicóptero Águia, a Guarda Civil Municipal e a CCR ViaOeste acompanhavam a manifestação.

Apesar do ato ocorrer na rodovia, houve reflexos em toda a cidade. Muitos motoristas enfrentaram congestionamento nas redondezas do trecho com a paralisação, como no Campolim, e tiveram que ter muita paciência.

Região também protesta

Na noite de ontem, protesto pelo mesmo motivo foram registrados em Itu e Votorantim. No berço da República, os manifestantes se reuniram no 2.º Grupo de Artilharia de Campanha Leve (2° GACL). Já na cidade vizinha de Sorocaba, a avenida 31 de Março, em Votorantim, também apresentou lentidão e caminhões estacionados. (Veja como foi manifestação em outros locais do País na página 9). (Thaís Marcolino)

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