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Sorocaba

Grupo de Trabalho discute planejamento ferroviário regional

13 de Maio de 2022 às 00:01
Denise Rocha [email protected]
A ideia é interligar os modais de transporte existentes.
A ideia é interligar os modais de transporte existentes. (Crédito: DIVULGAÇÃO)

O Grupo de Trabalho (GT) Ferrovias do Estado de São Paulo se reuniu ontem (12), em Sorocaba, para discutir o planejamento ferroviário regional e a implantação do “Plano de Ação de Transporte e Logística para a Macrometrópole Paulista (PAM-TL). O encontro ocorreu no auditório Sérgio Gabriel, no Jardim Emília. Estiveram presentes lideranças políticas de cidades da região, como Mairinque, Tatuí e Itapetininga; além de empresários e representantes de vários segmentos da sociedade.

Nesse momento, o GT busca a adesão de setores representativos para o levantamento de informações e dados que ajudem a subsidiar o trabalho. A proposta é ousada e consiste na interligação dos modais de transporte existentes, o que possibilitaria a criação de um Rodoanel Ferroviário. Em paralelo, tramita em regime de urgência na Assembleia Legislativa, um projeto de autoria do Governo do Estado que trata da organização do transporte ferroviário de cargas e de passageiros, do uso da infraestrutura ferroviária e dos tipos de outorga para a exploração indireta de ferrovias no Estado de São Paulo.

“Esse é o caminho: terminais multimodais para transferência de carga e minimizar custos logísticos”, reforçou o assessor especial da Secretaria de Logística e Transporte do Estado, Luiz Alberto Fioravante, coordenador do GT. Ele explica que mais de 50% dos caminhões rodam vazios. Atualmente, as rodovias representam 84% da matriz de transporte do Estado, o que aumenta os custo de logística de diversos setores produtivos, principalmente a indústria.

Para o Governo do Estado, essa é uma proposta tratada como fundamental para ampliação do potencial econômico e social para as próximas décadas, tanto que o projeto contempla tanto o transporte de passageiros quanto o de carga.

O presidente da Associação ProBrasil 50 (APB50), Antônio Carlos Pannunzio, foi um dos responsáveis pela organização do encontro. Ele acredita que é importante o envolvimento da sociedade em projetos como esse. “A ferrovia precisa ser usada para melhorar a questão logística, além de ser modernizada para atender à demanda contemporânea. A mobilidade é o eixo principal do convívio social, por isso é preciso discutir modelos sustentáveis e viáveis economicamente a médio e longo prazo”, explicou.

A ferrovia pode ser uma alternativa para impactar em custos que hoje pesam para a indústria -- como seguro, frete e logística --, já que a demora no transporte e o preço do diesel retiram, muitas vezes, a competitividade do segmento no País. No Estado são 2.500 quilômetros desativados de ferrovia. O Brasil vem perdendo indústrias para Turquia e países da África, por isso o momento é considerado oportuno para sensibilizar diversos setores da iniciativa privada.

Entretanto, não é uma questão apenas de investir no uso dos trens, mas também de torná-los competitivos. Para se ter uma ideia, a velocidade de 10 km/por hora sempre foi algo desanimador quando se fala em transportar a produção de um local distante até o pontos de escoamento. Para São Paulo, o uso da ferrovia não seria uma novidade, tendo em vista que o Estado já teve uma empresa estatal de transporte ferroviário de cargas e de passageiros. Porém, a antiga Fepasa foi passada para a União e, sem investimentos, perdeu a eficiência.

O Brasil escolheu o modelo rodoviário para basear o seu desenvolvimento, mas aproxima-se de uma situação limite que torna a discussão em torno do uso da ferrovia inevitável.

O diretor-titular da regional de Sorocaba do Centro das Indústrias de São Paulo (Ciesp), Erly Domingues de Syllos, afirma que a maioria dos países desenvolvidos têm uma participação importante do setor ferroviário como opção de transporte. “Se pegar o setor industrial de Sorocaba e região, da ‘porteira da fazenda para dentro’ somos altamente competitivos, mas ficamos estrangulados com preço, tempo e outros custos do transporte. É por isso que o convite está aceito. Vamos fazer um levantamento nas indústrias daqui para viabilizar esse projeto; e saber o que poderia ser escoado da nossa produção por meio da ferrovia”, disse. (Denise Rocha)