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Sorocaba

Serviços é o setor com mais contratações em março

Segundo dados do Caged a cidade registrou um aumento de 8,33% de vagas com carteira assinada

08 de Maio de 2022 às 00:01
Virginia Kleinhappel Valio [email protected]
Carteira de Trabalho
Carteira de Trabalho (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO JCS (04/05/2022))

O setor de Serviços foi o que mais contratou em março e fechou o mês com saldo positivo de 1.227 vagas formais. No total, foram 6.592 admissões contra 5.365 desligamentos. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência, a cidade gerou, neste período, 1.689 vagas com carteira assinada, um aumento de 8,33%, se comparado ao mesmo período de 2021, quando foram registradas 1.559 oportunidades.

Há sete anos trabalhando como faxineira sem registro, a dona de casa Simone Pires, de 49 anos, estava no Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) de Sorocaba. Ela aguardava esperançosa a entrevista de emprego agendada para às 10h30. “Sou mãe solteira, meu filho faz ‘bico’ como pintor. Eu trabalhava em duas residências, em dias alternados, das 7h às 17h, sem registro. Mas preciso de um trabalho com carteira assinada e benefícios, assim tudo vai melhorar na minha vida”.

A dona de casa vive com seus dois filhos, de 7 e 24 anos, e conta que precisa se esforçar para fechar as contas e abastecer a geladeira com uma renda mensal de R$ 400, oriunda de benefício social. “Sempre trabalhei na área da limpeza, mas nunca fui registrada. Eu enviava currículo, mas não tinha retorno. Desta vez, pode ser que eu consiga”, conta.

De acordo com a diretora da Associação dos Profissionais de Recursos Humanos, Ana Carolina Jacção, o setor de Serviços foi o que mais sofreu com as medidas de restrições sanitárias. A retomada das atividades, especialmente das que exigem contato físico ou muito próximo dos clientes, contribuiu para o saldo positivo de contratações. “Seguindo a lei da oferta e procura, os consumidores responderam imediatamente a retomada das atividades do setor de serviços, reforçando o investimento das empresas nas contratações para sustentar as projeções do mercado”.

Outro fator que impulsionou a alta foi o empreendedorismo, que condicionado pela pandemia, gerou uma demanda para as empresas que prestam serviços, principalmente no setor de tecnologia digital. “Em específico o setor digital merece um destaque como tendência de crescimento e escassez de mão de obra”, comenta.

Entre as principais funções do setor de serviços que mais precisam de profissionais, a diretora destaca as áreas de tecnologia, saúde, digital e supply chain (cadeia de suprimentos) como as mais buscadas, não somente em Sorocaba, mas em outras cidades e Estados.

Conforme a diretora, não há informações suficientes para compreender o comportamento de alguns setores nos próximos meses, em especial o da indústria automotiva, que ordena em efeito cascata todos os outros setores de suprimentos. “Este setor provavelmente enfrentará mudanças significativas em relação à retenção de mão de obra, por conta da migração de profissionais de áreas técnicas da indústria para o setor tecnológico”, explica.

Pnad Contínua

Além do resultado positivo no número de contratações na cidade, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apontam estabilização da taxa de desemprego no Brasil no primeiro trimestre deste ano, se comparado ao mesmo período de 2021. Entre os meses de janeiro a março, a taxa de desemprego atingiu 11,1%. O resultado é o menor índice para o trimestre encerrado em março, desde 2016.

Conforme o Pnad, o número de empregados com carteira assinada no setor privado alcançou 34,9 milhões de pessoas. Um aumento de 1,1% ou de 380 mil pessoas, em relação ao trimestre concluído em dezembro de 2021.

A pesquisa ressalta que, apesar dos dados recentes retratarem um cenário favorável, o mercado apresenta inúmeros desafios a superar. “Em que pese a melhora da desocupação, em janeiro, o país ainda possuía um contingente de 12,1 milhões de desempregados, dos quais mais de 30% estão nesta situação há mais de dois anos”.

A busca pela carteira assinada

Elaine dos Santos, de 42 anos, está desempregada há dois meses, mesmo com experiências na área de segurança patrimonial, e, em outras áreas, como limpeza, cozinha e supermercados. Mesmo com o leque de opções, ela está com dificuldade para conseguir uma recolocação no mercado de trabalho. “Está difícil, eu entrego currículo, participo de processos seletivos e não sou aprovada. Para mim, que sou mãe, fica complicado. Eu preciso voltar a trabalhar, não dá para ficar parada”, desabafa.

Ela cuida de cinco filhos sozinha e faz ‘bicos’ como faxineira para sustentar a família “Tem que se virar, né? Não abri mão de trabalhar na área da segurança, continuo procurando. Mas independente do que aparecer, você acaba se adequando”, disse.

Quem também procura um emprego com registro é Tiago Rodrigues, de 36 anos. Ele conta que trabalhou como padeiro, confeiteiro e já teve seu próprio negócio de doces, que fechou após quatro meses de funcionamento. A necessidade de melhorar a renda familiar fez com que ele saísse da confeitaria e começasse a trabalhar como auxiliar de vendas em uma loja de automóveis, onde ficou por três anos, sem registro.

Hoje, há três meses em busca de um emprego, Tiago prioriza as oportunidades com carteira assinada. “Com um emprego eu voltaria a ter a minha rotina, quando fiquei desempregado, eu ganhava em torno de 2.500 a 3.000 e hoje em dia não estou ganhando nada. Aqui (no PAT), tem muitas vagas. Preciso ver se encaixa no meu perfil, mas estou tentando e enviando currículo às empresas”, comenta. (Virgínia Kleinhappel Valio)