Uma discussão entre o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), e a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM), Emanuela Barros, marcou os bastidores da primeira sessão ordinária do ano da Câmara de Vereadores. Na sessão, realizada na manhã desta terça-feira (1º), ocorreram as votações para as eleições dos membros das comissões da Casa.

Emanuela foi à Câmara para receber votos de congratulação da vereadora Fernanda Garcia (Psol) por uma audiência pública realizada pelo conselho. Ela disse ter aproveitado o evento para entregar ao prefeito um relatório sobre o trabalho desenvolvido pelo CMDM na gestão de 2018 a 2022. Nesse momento, ambos ficaram frente a frente e se exaltaram.

Emanuela interpelou o prefeito, cobrando providências quanto a uma suposta cápsula de fuzil encontrada dentro de um armário do conselho. O móvel havia sido transferido de outro local. O caso ocorreu no dia 19 de outubro do ano passado, mas veio à tona em 28 de dezembro.

Em referência ao episódio, a presidente do CMDM entregou uma bala de mel ao chefe do Executivo. “Quero saber e o senhor tem que responder, porque (a bala de fuzil) apareceu dentro do armário da Prefeitura de Sorocaba”, disse ela.

Ela ainda afirmou ter tentado falar com Manga sobre o assunto diversas vezes e alegou não ter sido atendida. Segundo Emanuela, o Conselho da Mulher tenta se reunir individualmente com o prefeito desde março de 2020, para tratar de alguns assuntos. Contudo, Manga teria organizado apenas uma reunião coletiva, com os representantes dos 28 conselhos.

O prefeito rebateu a versão de Emanuela. “A senhora esteve comigo no meu gabinete. A senhora esteve no gabinete ou não?", falou, repetidamente. “Eu não fui respondida até agora. Você já atendeu, alguma vez, algum conselho sozinho?”, respondeu ela. Aos gritos, ela disse que "nenhuma mulher merece ser ameaçada". O prefeito, então, falou que "ela é candidata do Psol e está aqui querendo fazer barulho".

Por fim, Manga aceitou se reunir com o CMDM. “Se quiser reunião comigo, tem. Mesmo sendo candidata do Psol, sempre será bem-vinda". “Deus abençoe você e conte sempre comigo. E obrigado pela bala que você me deu”, emendou. “Essa bala não mata ninguém. A que eu recebi mata”, respondeu Emanuela. “Fui eu que te dei a outra bala?”, replicou Manga. Depois disso, a confusão terminou.

Discurso no plenário

Ao discursar no plenário, enquanto recebia a congratulação, assim como em entrevista à imprensa, Emanuela tocou novamente o assunto. Segundo ela, o conselho vem sofrendo “opressões, ameaças e perseguições”. Além do caso da bala no armário, afirmou que o atual governo estaria desenvolvendo supostas ações para prejudicar o trabalho da entidade e do Centro de Referência da Mulher (Crem) Selma Said. Contudo, Emanuela não detalhou quais seriam tais atos, nem quem os estaria praticando.

Depois, mencionou ter sido notificada sobre possível irregularidade nas eleições de recondução do conselho. “Para nós, parece que a atual gestão não entende a importância do Conselho da Mulher. O que o conselho quer é, simplesmente, exercer a sua função constitucional, que é exercer a demarcaria popular, por meio do controle social, e ter segurança”, pontuou. Ainda conforme Emanuela, os conselhos municipais, como o de Proteção e Bem Estar Animal (CMPBEA) e de Participação e o de Desenvolvimento da Comunidade Negra de Sorocaba (CMPDCNS), igualmente estariam “sofrendo com a falta de apoio dessa gestão”.

Veja o vídeo do momento da discussão: