Aprovados em concurso cobram transparência

Aproximadamente 50 pessoas aprovadas em concurso foram cobrar o governo municipal sobre o baixo número de chamamentos

Por Wilma Antunes

Manifestantes foram recebidos na prefeitura para tirar dúvidas

Um grupo de pessoas aprovadas em um concurso público da Educação, realizado em 2020 pela Prefeitura de Sorocaba, fez uma manifestação, na tarde de ontem (14), em frente ao Paço Municipal. O protesto foi organizado com objetivo de reivindicar “mais transparência no processo de convocações dos candidatos”.

Aproximadamente 50 pessoas aprovadas em concurso foram cobrar o governo municipal sobre o baixo número de chamamentos em relação à demanda necessária. Elas afirmam que o protesto ocorreu porque as redes sociais utilizadas pela prefeitura estaria bloqueando qualquer um que questionasse a administração sobre o assunto.

Era por volta das 15h, quando os manifestantes começaram a se reunir em frente do Paço. As altas temperaturas registradas nos termômetros (especificamente 31°C), não abateram os candidatos que esperam pela convocação. Com cartazes em mãos, o grupo contou ao Cruzeiro do Sul sobre suas insatisfações.

De acordo com os participantes do movimento, a prefeitura teria chamado “pouquíssimas” pessoas entre 2021 e 2022. Eles ainda disseram que cerca de 1.500 estagiários foram contratados para “tapar os buracos” da rede municipal de educação. Irritados com a situação, passaram a cobrar respostas da prefeitura por meio das redes sociais.

No entanto, a estratégia para conseguir uma resposta foi inviabilizada após terem seus perfis bloqueados pela página, segundo os manifestantes. Depois de várias tentativas tentando obter algum retorno por parte do Executivo, os aprovados se juntaram para exigir um posicionamento, desta vez, pessoalmente.

“A rede municipal tem demanda para mais funcionários, mas o prefeito está contratando a conta gotas. Em compensação, ele está contratando um grande número de estagiários, que a gente acredita ser para tapar buracos dos concursados, que está deixando de chamar”, diz Lilian Souza, de 32 anos. Ela, que está desempregada há um ano e meio, foi aprovada para o cargo de auxiliar de educação.

Jaqueline Cristina Moraes, de 31 anos, também passou no cargo de auxiliar de educação. Ela está desempregada há sete anos, desde quando seu filho nasceu. No ano passado, recebeu uma única proposta de emprego, mas recusou na expectativa de ser chamada pela prefeitura.

“Não queria deixar a empresa na mão, porque eu também penso no outro lado. A pessoa tem todo aquele trabalho de me contratar e depois eu pego e saio no outro dia? Não dá”. Na época em que Jaqueline foi aprovada no concurso, seu pai tinha feito uma cirurgia no coração e estava internado. “Meu pai luta contra um câncer. Fui lá na maior garra para fazer a prova e agora não me chamam”, conta chateada.


“Queremos diálogo”

A indignação ganhou um viés cômico entre os manifestantes, isso porque todos que estavam no local disseram que haviam sido bloqueados pelo prefeito Rodrigo Manga (Republicanos). “Tem que rir para não chorar, queremos diálogo!”, disse uma pessoa do grupo. A Isabela Moreira, de 38 anos, disse que nem o filho dela escapou da “podada”. Um grupo de manifestantes foi recebido na prefeitura para esclarecimentos de dúvidas. A prefeitura nega o suposto bloqueio.

A reportagem questionou a prefeitura sobre o concurso realizado em 2020. Em resposta, o Paço informou que, em 2021, foram chamados 331 servidores, sendo quatro supervisores de ensino; 60 diretores; 18 vice-diretores; 37 orientadores pedagógicos; 148 professores (PEB 1) e 64 professores (PEB 2).

Em 2022, foram disponibilizados, inicialmente, 110 cargos, sendo seis vagas para diretor de escola; duas para vice-diretor; quatro para orientador pedagógico; 40 para professor (PEB 1) e sete para PEB 2; seis para secretário de escola; 40 para auxiliar de educação e cinco para inspetor de aluno. Já o número de estagiários contratados foi 628, sendo 298 no ensino fundamental e 227 na educação infantil. (Wilma Antunes)