A nova etapa do racionamento de água em Sorocaba começa hoje (14), com mais rigidez. A partir de agora, o tempo de interrupção no fornecimento aumenta de sete para 12 horas. A primeira fase do racionamento de água superou as expectativas e gerou economia de 13% no consumo diário em Sorocaba.

A meta era de 10%. O índice representa redução de mais de 260 litros por segundo e seria suficiente para abastecer uma cidade de aproximadamente 100 mil habitantes, por dia. Os dados foram divulgados pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae). As informações compreendem o período entre 17 de janeiro, quando foi implementado o rodízio, e ontem (24), data do término da etapa inicial.

Na fase que se inicia hoje, a meta é alcançar economia de 20%, ou 400 litros por segundo, que daria para abastecer um município de 170 mil habitantes, por dia. Atualmente, o porcentual está seis pontos abaixo do objetivo. O Saae informou que a água acumulada por meio do racionamento ficará retida na represa de Itupararanga. O objetivo é usar a quantidade “estocada” para recuperar o nível necessário para enfrentamento da estiagem.

O revezamento no abastecimento ocorre em todas as regiões da cidade. Os bairros foram divididos em quatro grupos e, desde a semana passada, recebem água de forma distribuída e intercalada. Portanto, os períodos com e sem fornecimento são alternados. Isto é, diariamente, há uma região sem água.

Até ontem (23), o rodízio durava seis horas, das 22h às 5h. Mas, de hoje (24) até o dia 25 de fevereiro, a interrupção passa a ser de 12 horas, das 18h às 6h. Depois, a água será liberada por 84 horas (esquema 12h/84h). A expectativa do Saae é manter a medida apenas até 25 de fevereiro. Posteriormente, avaliará se a estenderá ou suspenderá.

Níveis dos mananciais

Segundo o Saae, as chuvas registradas recentemente ajudaram a aliviar os níveis dos reservatórios que abastecem a cidade. Os sistemas Ferraz/Castelinho e Ipaneminha operam, atualmente, com 100% da capacidade.

O nível de Itupararanga, responsável por abastecer 85% do município, também subiu. “Nos quatro primeiros dias (do rodízio), foi acumulado o volume de 80.400 metros cúbicos em Itupararanga”, detalha. Conforme a autarquia, apesar de os mananciais estarem em situação de recuperação dos seus níveis, a crise hídrica continua. “A quantidade ainda não é suficiente para conferir a segurança hídrica adequada”, informou.

Outras cidades da Região Metropolitana de Sorocaba

As chuvas também ajudaram a aliviar os níveis de reservatórios em cidades da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS). Com isso, alguns municípios conseguiram abrandar ou até suspender o racionamento.
Em Araçoiaba da Serra, o abastecimento periódico, iniciado em 12 de agosto de 2021, foi interrompido no dia 29 dezembro.

A Águas de Araçoiaba, administradora do setor da cidade, porém, não informou quanto foi economizado durante o rodízio. Segundo a concessionária, a suspensão foi possível porque as chuvas elevaram a vazão do rio Pirapora. O manancial é a principal fonte de abastecimento do município.

Nesta segunda-feira (24), pela manhã, o volume dele estava em 75 centímetros, quando o mínimo necessário são 65 centímetros.

No decorrer do racionamento, a autarquia precisou até captar água de uma pedreira particular em Salto de Pirapora para reforçar o nível do rio. Mas, já deixou de usar água desse reservatório. A entrada em operação da Estação de Tratamento de Água (ETA) Vereadora Valquiria Di Tata reforçou o abastecimento local em 15 litros por segundo. Desta forma, também contribuiu para o cancelamento do revezamento.

Em Itu, a Companhia Ituana de Saneamento (CIS) tem reduzido o rodízio gradativamente. No dia 12 de janeiro deste ano, a região do Pirapitingui voltou a receber água normalmente. No dia 14 deste mês, a companhia iniciou a redução gradual do racionamento na região central. Assim, o tempo de abastecimento nos bairros dessa área foi ampliado.

Segundo a CIS, a decisão foi tomada após o restabelecimento dos níveis dos mananciais, sobretudo, dos sistemas Pirajibu e Mombaça, bem como das bacias Varejão e São Miguel. A companhia informou que as bacias operam com 100% da capacidade, mas não detalhou os níveis do Pirajibu e Mombaça.

São duas captações de água perenes, ou seja, não secam durante o período de estiagem. Com elas, não foi necessária a compra de água de outras cidades, como aconteceu em 2014, por exemplo.

Os ituanos encaram o revezamento há mais de seis meses, desde 7 de julho de 2021. Primeiramente, o esquema era de 24/24h (um dia com e outro sem água). No entanto, em agosto, a concessionária ampliou o sistema para 24h/48h (um dia com fornecimento e dois sem).

Este último perdura até hoje. A CIS não informou se há previsão para o fim definitivo da medida, nem quanto já foi possível economizar.

O Cruzeiro do Sul também questionou o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Porto Feliz e a Prefeitura de Salto sobre o andamento do racionamento nas duas cidades. Contudo, até o fechamento desta matéria, não obteve retorno. (Vinicius Camargo)