Sorocaba
"Preciso recomeçar a vida do zero", diz homem esfaqueado no terminal em novembro
Antonio Carlos Carvajal Bertoni está desempregado e foi despejado de casa enquanto se recuperava das agressões
No dia 27 de novembro de 2021 o vendedor ambulante, Antonio Carlos Carvajal Bertoni, de 46 anos, foi esfaqueado por um homem dentro do terminal Santo Antônio, em Sorocaba, após impedir o suspeito de agredir uma criança, segundo Bertoni. As sequelas, agora, o impedem de conseguir sustento para manter seu ‘quartinho’ alugado. Assim, o homem pede ajuda para “recomeçar a vida do zero”.
Conforme o boletim de ocorrência, os Guardas Civis Municipais (GCMs) avistaram dois indivíduos correndo, estando Antonio munido com um pedaço de madeira, enquanto que, com o suspeito nada foi visualizado. Durante a perseguição, o vendedor conseguiu alcançar o indiciado e o agrediu. Na sequência, os agentes presenciaram o momento em que o suspeito sacou uma faca e desferiu dois golpes em Antonio. Após isso, os guardas deixaram a guarita do terminal e separaram os dois, sendo que, o indiciado tentou fugir, sendo necessário o uso de teaser para contê-lo e algemá-lo ainda no local.
Já o relato dele é mais detalhado. Na data da agressão, o ambulante teria visto o suspeito ameaçando uma criança com duas facas de açougueiro, de 30 a 40 cm, na avenida Comendador Oetterer, no centro de Sorocaba. Neste momento, Antonio Carlos correu com um pedaço de pau atrás do homem, que tentou fugir. Ainda conforme a versão da vítima, a perseguição aconteceu até o terminal de ônibus, onde uma idosa caiu em cima do ambulante. Nesse momento, o suspeito desferiu três facadas contra Bertoni até que a GCM utilizou uma arma de choque para conter o agressor.
Após ser resgatado e encaminhado ao Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), a vítima recebeu 14 pontos na perna direita e seis na coxa esquerda. O vendedor relembrou o drama vivido no hospital. “A minha coxa deu trombose e tive que fazer uma cirurgia para retirada do hematoma. Eu estou aqui há 37 dias, mas fazem só quatro dias que eu estou começando a sair da cama pra dar umas caminhadas para não atrofiar a perna. Eu sinto muita dor”, lamentou na quarta-feira (5), dia em que foi entrevistado pela reportagem.
Antonio está desempregado desde 2010 e, por isso, vende doces nos semáforos da cidade. Por conta do tratamento prolongado, ele ficou sem renda durante todo esse tempo, foi despejado da casa em que morava por não pagar aluguel e não tem um lugar para ficar após receber alta. “Eu vou ter alta em uma semana, mas fiquei sabendo hoje, pelo médico, que tem um processo de 6 meses para a recuperação ainda. Tem fisioterapia para fazer, porque minha perna está travada. Eu não consigo dobrar o joelho”, relatou ele.
“Parado tantos dias, como eu vou fazer para ganhar dinheiro? Pensei em ficar umas três horas no semáforo vendendo doce se eu aguentar”, disse. O ambulante é divorciado e tem um filho de dois anos. A ex mulher trabalha, porém, não tem como ajudá-lo por já manter a criança sozinha. Antonio Carlos contou ao jornal Cruzeiro do Sul que tem uma irmã, que cuida de sua mãe, e que está auxiliando na procura por um imóvel para ele.
Munícipes que desejarem auxilar o vendedor podem entrar em contato com ele para envio de qualquer valor ou doação de produtos, para que o ambulante consiga vender e arrecadar dinheiro, pelo telefone (15) 98814-6838.
Auxílio Municipal
Após tomar conhecimento sobre o caso de Antonio, a Secretaria da Cidadania (Secid) colocou-se à disposição para que a família do vendedor entre em contato com a unidade do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) mais próxima de sua residência, com documentos, para que “possam ser identificadas todas as possibilidades de recebimento de auxílio assistencial às quais tenha direito. Além disso, também será verifica possibilidade da prestação de auxílio emergencial, como o fornecimento de cesta básica, por exemplo”.
Munícipes em situação de vulnerabilidade social também podem receber assistência da prefeitura. Para mais informações, também é possível entrar em contato com a Secid, pelo telefone (15) 3212-6900.