Mulher é acusada de dopar vítimas

Há um mandado de prisão, mas autora está foragida

Por Wilma Antunes

A flexibilização das medidas de contenção à pandemia de Covid-19 permitiu que as pessoas pudessem voltar a ter uma rotina mais próxima do que é considerado “normal”. No entanto, ir à um simples churrasco entre amigos, frequentar bares e até mesmo shoppings, se tornou uma atividade perigosa, em Sorocaba. A Polícia Civil identificou ao menos cinco vítimas do famoso “boa, noite cinderela”, golpe que consiste na administração de drogas na bebida da vítima para deixá-la dopada ou inconsciente. O fato é que, em todos esses casos, existe uma pessoa em comum: E.A.R. de P., de 37 anos. A polícia expediu um mandado de prisão temporária contra a mulher, que confessou o crime às autoridades durante a fase de montagem do inquérito, no entanto, ela segue foragida.

Entre as vítimas, está uma dona de casa de 62, que é vizinha de E. e a conhece há mais de 15 anos. De acordo com o depoimento da senhora, em um dia aparentemente tranquilo, ela chamou a suspeita para almoçar em sua casa, no Jardim Montevidéo. A dona de casa disse que E. sempre se mostrou muito prestativa e naquele dia não foi diferente. Ela até ajudou a vizinha a cozinhar e almoçou na casa, junto da vítima e do filho dela, que tem síndrome de down e sofre de disritmia cerebral. Ainda conforme o relato, E. teria insistido muito para que a dona de casa tomasse um suco. Apesar de ter negado em um primeiro momento, a senhora acabou cedendo e ingeriu a bebida. Ela conta que notou que havia uma substância em pó, que se dissolvia ao líquido, no fundo do copo, mas não deu muita importância.

Em pouco tempo ela se sentiu mal e com sonolência e, então, a suspeita a levou para deitar. A vítima contou, ainda em depoimento, que ficou desacordada por aproximadamente 24 horas e só recuperou a consciência em um pronto-socorro onde foi levada por familiares enquanto recebia atendimentos médicos. Um dia depois, a vítima notou que o cartão de benefício do filho e seus cartões de mercado desapareceram. A investigação apontou que a então indiciada sacou duas vezes o valor de R$ 2 mil do benefício do filho da dona de casa. E. foi reconhecida nas imagens da câmera de segurança.

Um aposentado de 73 anos também foi vítima de E. Em meados de março deste ano, ele veio de Itu a Sorocaba para entregar R$ 10 mil arrecadados em doações para a prótese de uma pessoa com deficiência, quando decidiu ir para um churrasco na casa de uma amiga, no Jardim São Camilo. De acordo com seu depoimento, o aposentado almoçou na casa e lá conheceu a mulher que vitimou a dona de casa do Jardim Montevidéo. Ele saiu com a suspeita para comprar um refrigerante. No caminho, os dois conversaram e ele comentou sobre a doação e onde havia guardado a quantia. Ao voltar para casa da amiga, tomou refrigerante durante o almoço.

O homem sentiu uma sonolência fora do comum e acabou dormindo no sofá da casa. A amiga viu a indicada acariciando o rosto e beijando a testa do aposentado. Algumas horas depois, o homem acordou e percebeu que sua carteira e chaves do carro estavam fora do lugar que ele havia deixado. Desconfiado, ele foi conferir as doações e percebeu que R$ 5 mil tinham desaparecido. Logo, E. saiu do churrasco e voltou depois de um tempo. A amiga percebeu que ela tinha furtado o homem e chamou a Polícia Militar. Para fugir, a suspeita se trancou no banheiro, mas acabou deixando sua necessaire do lado de fora, em cima de um armário. Lá, a moradora encontrou uma cartela de clonazepam, que foi usada para dopar o aposentado.

A indiciada chegou a negar as práticas criminosas às autoridades, mas, devido às evidências, acabou confessando. O inquérito já foi concluído e um mandado de prisão temporária foi expedido contra E. no dia 22 de novembro, mas, ela segue foragida. (Wilma Antunes - programa de estágio)