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Crise hídrica

Vazão da represa de Itupararanga terá oitava redução desde agosto

Principal manancial que abastece Sorocaba está com 19,72% do volume útil

22 de Dezembro de 2021 às 00:01
Ana Claudia Martins [email protected]
Represa de Itupararanga enfrenta a pior seca dos últimos 96 anos. Nível só esteve mais baixo em 1925.
Represa de Itupararanga enfrenta a pior seca dos últimos 96 anos. Nível só esteve mais baixo em 1925. (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (1/12/2021))

A Votorantim Energia informou que fará uma nova redução da vazão defluente da represa de Itupararanga hoje (22), pela manhã. Conforme a empresa, a redução da vazão será de 2 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 1,75 m³/s. Será a oitava redução desde agosto de 2021. A medida, novamente, foi definida após reunião do Grupo de Trabalho da Crise Hídrica, do Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT). Na segunda-feira (20), à noite, foi realizada uma audiência pública, na Câmara de Sorocaba, para tratar da crise hídrica que atinge Sorocaba e algumas cidades da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS).

Ontem (21), o reservatório de Itupararanga estava com 19,72% de seu volume útil e o nível em 817,26 msnm (altitude acima do nível do mar), o que é praticamente o chamado “volume morto” ou nível mínimo. Segundo a própria Votorantim Energia, a represa de Itupararanga enfrenta sua pior seca dos últimos 96 anos. O nível do reservatório só esteve mais baixo em 1925.

Para o vice-presidente do CBH-SMT e coordenador da Câmara Técnica de Planejamento e Gerenciamento de Recursos Hídricos, André Cordeiro Alves dos Santos, a redução da vazão defluente da represa de Itupararanga já está chegando em seu limite e logo será preciso aplicar outras alternativas para evitar que a água do reservatório continue baixando. “As chuvas têm ocorrido, mas em quantidade insuficientes para reverter a situação da represa de Itupararanga. Logo não teremos mais como aplicar a medida de redução da vazão e serão necessárias novas medidas, como o racionamento de água, por exemplo, ou a redução das outorgas dos municípios que são concedidas pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) no caso do uso e captação da água de Itupararanga”, afirma André.

Na semana passada, a Prefeitura de Sorocaba informou que estuda iniciar o racionamento de água na cidade no ano que vem. Uma reunião está marcada para o próximo dia 12 de janeiro para avaliar a possibilidade. O início do racionamento de água vai depender do volume de água na represa de Itupararanga na data. A esperança é que as chuvas até lá ajudem a melhorar o nível do reservatório.

Audiência pública

A Câmara de Sorocaba realizou na segunda-feira (20), uma audiência pública com o tema “Ações para Conter a Crise Hídrica na Região”‘, promovida pela da Comissão de Meio Ambiente e Proteção dos Animais da Casa e com a participação de especialistas e autoridades.

O debate foi promovido a pedido do Grupo de Trabalho da Crise Hídrica do Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Sorocaba e Médio Tietê, e contou com a participação de vereadores, do diretor geral do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) Sorocaba, Ronald Pereira da Silva, e do promotor Antonio Domingues Farto Neto, representando o Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), por meio do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema).

Também participou da audiência, de forma virtual, a diretora da SOS Itupararanga, Viviane Rodrigues de Oliveira, e ainda representantes de Votorantim, Araçoiaba da Serra e Mairinque.

Logo no início da audiência, foram apresentados estudos de especialistas pelas seguintes autoridades: professor da UFSCar André Cordeiro, Viviane Rodrigues de Oliveira e promotor Farto Neto. “É uma situação extremamente grave, e fico muito preocupado o pouco que os municípios da região discutem isso. Eu acho que deveria ser a principal agenda nesse final de ano, pois, sem água nenhuma atividade econômica é possível”, disse André Cordeiro.

O diretor do Saae afirmou que Sorocaba está preocupada com a questão hídrica e disse que é preciso pensar o futuro do abastecimento de forma regional e não apenas restringir o uso de água pela população por meio do racionamento, o que, porém, não está descartado pelo prefeito Rodrigo Manga. “A solução para esse problema passa por uma questão muito maior. Os municípios tem que se unir através de consórcios e formar planos reais de revegetação do nosso maior manancial, voltar as políticas ambientais de cada município que capta água em Itupararanga, para que seja feito o replantio nos mananciais, e que de fato haja uma mobilização regional dentro da represa”, afirmou. Uma nova reunião do Comitê de Crise será realizada no próximo dia 3 de janeiro para debater o tema.

No próximo dia 28, o promotor Farto Neto e o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos) deverão fazer uma visita técnica à Itupararanga, junto com prefeitos dos municípios da RMS, para avaliar a situação da represa. Eles devem percorrer o local de barco e também realizar um voo para visualizar toda a área. (Ana Cláudia Martins)