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Rumo a Mato Grosso do Sul

Família venezuelana passa por Sorocaba

21 de Dezembro de 2021 às 00:01
Wilma Antunes [email protected]
Ana, Luiz e Alejandra sonham em ter uma vida melhor no Brasil.
Ana, Luiz e Alejandra sonham em ter uma vida melhor no Brasil. (Crédito: WILMA ANTUNES )

 

Quem passa pela ponte da rua 15 de Novembro com a rua Leopoldo Machado, no Centro de Sorocaba, se depara com uma jovem família venezuelana. Ana Torre, de 30 anos, saiu de seu país de origem junto de seu marido, Luiz Vrea, 25, e da filha Alejandra Vrea, 9, para ter uma condição de vida melhor no Brasil. Eles querem ir para Mato Grosso do Sul, onde têm parentes, também naturais da Venezuela, para ajudá-los a construir uma nova história. Para isso, a família atravessa o País, de cidade em cidade, até chegar ao seu destino, já que o orçamento apertado não permite a compra de passagens de ônibus ou avião.

Com uma enorme mochila nas costas e um cartaz improvisado em papelão nas mãos, Ana relata, em “portunhol” fácil de ser compreendido, que saiu da Venezuela com esperança de ter uma vida melhor. Ela estudou administração e trabalhou como encarregada de supermercado por nove anos, mas, mesmo assim, não tinha acesso aos mínimos direitos sociais, como alimentação, saúde e educação para a filha.

Há oito meses, Ana e Luiz se cansaram dessa situação, juntaram suas roupas e decidiram ir para Mato Grosso do Sul com a filha. A falta de dinheiro não foi empecilho para a família vir para o Brasil,. Ana conta que eles atravessaram a fronteira que divide a Venezuela e o estado brasileiro de Roraima e, desde então, seguem a caminho de seu destino.

A mulher nem se lembra por quantas cidades brasileiras já passou, mas agradece por nunca ter dormido na rua durante todo esse tempo. “Saí do meu país andando, peguei carona e dormi em rodoviárias por diversas vezes. No meio do caminho, sempre encontramos pessoas para nos ajudar. Hoje [dia 17], uma pessoa pagou diária em uma pousada para a gente. Já fiz faxina e fiquei na casa da pessoa, meu marido pintou algumas casas e também conseguimos garantir um lugar para passar uns dias. A gente vai se virando com o que aparece, até chegarmos em Mato Grosso do Sul”.

Alejandra, a filha do casal, estuda por WhatsApp, ainda no sistema educacional venezuelano. A mãe da menina acredita que, no Brasil, o futuro da criança será melhor que o dela. “A situação está muito difícil na Venezuela. Nós pensamos muito na nossa filha e aqui, ela terá chance de estudar, comer e ir ao médico, se for preciso. Todo o nosso esforço vai valer a pena”. (Wilma Antunes - programa de estágio)